Brasil será menos afetado por segunda onda da crise

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O governo admite que a crise financeira está afetando os países em desenvolvimento, mas assegura que o Brasil está preparado para enfrentá-la, com medidas anticíclicas, mantendo ou até aumentando gastos públicos e ampliando incentivos à economia. Conforme o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o mundo vive a segunda etapa da crise financeira e agora os alvos principais da turbulência econômica são os países emergentes. Ele destacou que os Estados Unidos ainda não dissiparam a crise, lembrando que faltam sinais de estabilização quanto ao crédito residencial, que tinha taxa de inadimplência de 6,9% ao final de dezembro. Como os países ricos não conseguem se recuperar, agora é esperado um contágio do cenário de deterioração econômica. "A segunda etapa da crise será nos países em desenvolvimento", afirmou o presidente do BC.

 

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou que a crise financeira está piorando ao redor do mundo. "Infelizmente assistimos ao agravamento da crise, uma crise financeira que continua sem solução", disse o ministro, alertando para uma segunda fase da turbulência internacional, a qual atinge com força os países emergentes. "Mas o Brasil é mais estável que os outros emergentes", disse.

 

Mantega sugeriu que o governo vai ampliar a adoção medidas anticíclicas, mas sem citar se o governo está mesmo decidido a mudar a meta de superávit primário, que é de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB). "Fomos um dos últimos a desacelerar e certamente seremos um dos primeiros países a sair dessa crise pelas condições que foram estabelecidas", garantiu Mantega, destacando que o Brasil tem pontos fortes como mercado interno, solidez fiscal, inflação sob controle e ritmo de investimentos, garantido pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Otimista, Mantega disse que o mercado de trabalho no País vai se recuperar e que ao final de 2009 haverá um saldo de geração de postos de trabalho 20% superior ao de demissões. O ministro da Fazenda admitiu que as melhorias ainda são incipientes, mas que "podemos ver a luz no final do túnel", referindo-se a fatores como a recuperação do saldo comercial e do índice de confiança do consumidor.

 

América Latina

 

Mantega esclareceu que há problemas a serem equacionados. Citou a falta de crédito e o custo financeiro elevado, a retração do comércio internacional e dificuldades na manutenção do nível de emprego. Quanto ao comércio exterior, defendeu o aprimoramento de mecanismos de fortalecimento das trocas com países da América Latina. "Temos que criar mecanismos de financiamento para que eles continuem comprando produtos brasileiros", disse, em referência ao projeto há meses esboçado pelo governo para emprestar dinheiro do Banco Central do Brasil aos países vizinhos. Seriam uma solução semelhante à linha de US$ 30 bilhões oferecida pelo banco central dos Estados Unidos ao Brasil para reforço das reservas internacionais - e que ainda não foi utilizada. Em relação ao problema do emprego, Mantega disse que o novo pacote habitacional certamente vai auxiliar na geração de postos de trabalho por todo o País.

 


Veículo: Gazeta Mercantil


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