País fará economia de R$ 43 bi em 2009 com Selic a 7% ao ano

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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) prega a redução da taxa de juros como solução para a crise. A proposta é que a Selic caia para 7% ao ano. Essa redução do juro básico da economia faria com o governo gastasse menos dinheiro para pagar a dívida pública, gerando uma economia de R$ 43 bilhões ainda em 2009.

 

Em um cenário menos radical de corte da Selic, o diretor do Ipea, João Sicsú, traça reduções gradativas nas próximas seis reuniões do Comitê de Política Monetária ( Copom) do Banco Central, até atingir o patamar de 7% anual a partir de outubro. Nesse segundo cenário, o qual Sicsú classificou como "o mais plausível", a economia fiscal seria de R$ 30 bilhões.

 

Segundo o diretor do Ipea, a economia a ser obtida a partir da redução da Selic é necessária porque no atual momento de crise os investimentos públicos são a forma mais eficaz de promover a reativação da economia. "Esse instrumento de reação à crise é a única alternativa", disse Sicsú. Ele ressaltou que o gasto público não tem potencial para substituir o consumo privado, mas mudaria a expectativa do mercado.

 

O estudo "A gravidade da crise e a despesa de juro do governo" que foi apresentado ontem pelo Ipea, aponta que "o governo tem condições orçamentárias para enfrentar a crise. A situação fiscal brasileira encontra-se muito bem equacionada. Em 2008, o déficit nominal do orçamento federal foi de apenas 1,5% do PIB [Produto Interno Bruto]. A relação dívida líquida/PIB descreve uma trajetória muito favorável, tendo atingido, em janeiro, 36,6%".

 

Sicsú, no entanto, destaca que a arrecadação federal de tributos e encargos poderá ter uma queda de até R$ 25 bilhões em 2009, em reflexo da crise econômica. Mas enfatiza que "é possível manter ou ampliar os gastos públicos em rubricas que geram renda e novos empregos e, ao mesmo tempo, manter o déficit nominal e relação dívida líquida/PIB em patamares aceitáveis". Sicsú diz que deve ser mantida a meta de superávit primário de 3,8% do PIB, mas defende que há espaço para que o déficit nominal cresça para até 3% do PIB. O diretor do Ipea afirmou que o corte do juro básico não coloca em risco o controle da inflação, pois mesmo que a Selic caia para 7% ao ano, ainda seria mantido o clima de restrição para novos empreendimentos privados e consumo em geral.

 

Sicsú comparou a situação dos juros com a norte-americana. Disse que o juro básico nos Estados Unidos é de 0,25% ao ano e que nem assim o país está conseguindo driblar a crise e fazer a economia voltar a crescer. "O ponto que está em pauta não é inflação, é desemprego", declarou.

 

Mas não é qualquer investimento público que é defendido por Sicsú. "A sugestão é reorganizar o gasto público", disse. Ou seja, sugere que sejam intensificados gastos que geram efeito de alta velocidade na recuperação da economia e na geração de postos de trabalho, indicando que os gastos sociais são os melhores para gerar esses efeitos. O pior tipo de gasto, destaca o estudo, é com pagamento de juros, com despesas rápidas e com efeito multiplicador baixo ou quase nulo como estimulador da economia.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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