Banco médio prevê crescer mais que gigantes

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A depender das projeções dos bancos especializados em crédito a empresas, o crescimento das carteiras de crédito em 2010 deverá ser mais expressivo do que o previsto para o mercado. Os bancos Fibra e Pine , por exemplo, mantêm projeções para o ano acima da expectativa de crescimento do saldo total de crédito, em 20% e 25%.


Além disso, os bancos começam o ano fortalecendo seu índice de Basileia com captações no exterior: o Pine, com uma captação de US$ 125 milhões em dívida subordinada em fevereiro, que ainda aguarda aprovação do Banco Central, e o Fibra, também com estruturação de dívida subordinada, US$ 25 milhões.


O Banco Fibra espera uma expansão de 30% de sua carteira de crédito a empresas, que encerrou 2009 com R$ 4,058 bilhões, expansão de 16% sobre 2008 e responsável por 73% do seu estoque total de crédito, de R$ 5,525 bilhões. A instituição obteve ainda um lucro líquido de R$ 101,7 milhões, praticamente mesmo resultado de 2008, quando chegou a R$ 102,5 milhões.


Apesar do crescimento esperado em seu principal segmento, a grande aposta do Fibra é na reformulação de sua carteira de varejo, iniciada no ano passado, com a criação de uma marca especial para isso em outubro do ano passado, o CrediFibra, e com a aquisição da carteira de veículos da Paulicred. "Como a base é menor, esperamos um crescimento mais expressivo nesse segmento", diz o presidente da instituição, Antônio Francisco de Lima Neto.


As operações nessa área tiveram um crescimento de 120% no ano passado, em relação a 2008, chegando a um total de R$ 1,206 bilhão. Segundo Lima Neto, a instituição está reformulando sua área de varejo, deixando-a mais equilibrada. "Estamos redimensionando essas operações no banco. Até 2008, tínhamos apenas operações com crédito direto ao consumidor (CDC) e consignado. Com a entrada de um componente novo - veículos -, o segmento de varejo fica mais balanceado", avalia.


O crescimento total do crédito na instituição em 2009, sobre 2008 chegou a 28%, ante um crescimento de 15% no estoque total do sistema financeiro nacional. "Tivemos um crescimento expressivo em um ano difícil. Para 2010, não vemos nada no radar que possa atrapalhar uma expansão", afirma o executivo.


Além dos US$ 25 milhões, o Fibra já havia realizado a captação de US$ 110 milhões, em novembro do ano passado. Juntas, as emissões de dívidas permitem um crescimento de R$ 2,5 bilhões na carteira de crédito do banco, que passou de um índice de Basileia de 15,4% em 2008 para 17,7%.


O Banco Pine, por sua vez, apesar de não revelar a meta, diz que deve ter um crescimento acima do do mercado. "Esperamos uma expansão do crédito um pouco acima da média, que deve ficar entre 20% e 25%", antevê o vice-presidente de Finanças da instituição, Clive Botelho.


O lucro líquido da instituição, no ano passado, teve uma queda de 36% em relação ao de 2008, chegando a R$ 132,987 milhões.


Ainda segundo o executivo, a captação no exterior irá reforçar o índice de Basileia, que passaria dos atuais 15,5% para 19,6%, dando conforto ao banco para realizar o crescimento esperado.


Segundo o analista de instituições financeiras da Austin Rating, Luís Miguel Santacreu, o grande desafio neste ano será o modo como as instituições financeiras irão responder ao fim das medidas anticíclicas criadas no ano passado para combater a crise. "Por um lado, as empresas já estão desengavetando projetos, e a dinâmica do mercado interno está bem forte. Além disso, é um ano de eleições e Copa do Mundo, fatores que provocam um aquecimento da economia", diz. "No entanto, haverá um jogo de forças. É preciso ver qual será o efeito do retorno dos depósitos compulsórios nas taxas de juros, junto com uma alta da Selic, além do fim de medidas fiscais, como a volta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)", pondera.


Feita a ressalva, Santacreu se mostra otimista. Segundo ele, foi importante a manutenção de medidas que incentivam a compra de carteiras dos bancos médios pelos grandes, além da criação de condições de captação mais longa para esse setor, com a criação do Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE). "Dessa forma, estão criadas condições para que essas instituições captem e emprestem no mercado."


O primeiro trimestre, diz ele, "deve ser afetado por efeitos sazonais do período", em que há um acúmulo de contas e impostos para pessoa física e jurídica, mas a partir do segundo quarto do ano já haverá uma demanda mais forte, "puxada principalmente pela pessoa jurídica, que já esqueceu a crise e vê uma dinâmica no mercado interno muito forte", acredita o analista. "Além da pessoa jurídica, o consignado tem uma demanda natural, em que a renegociação da dívida puxa novos empréstimos."


Instituições como os bancos Fibra e Pine projetam, em sua carteira de crédito, crescimento superior ao das projeções feitas para este ano, que estão em patamares entre 20% e 25% para o mercado em geral.


Veículo: DCI


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