Objetivo da mudança é dificultar a ação de falsificadores; até 2014, todo dinheiro em circulação será da nova família
Para dificultar o trabalho de falsificadores, foi lançada ontem uma nova família de cédulas do real. Com tamanho variável ? quanto maior o valor, maior a nota ? o dinheiro novo terá vários elementos de segurança. A estreia será entre abril e maio, quando começam a circular as notas de R$ 50 e R$ 100, que concentram 95% das falsificações. Até 2014, todo o dinheiro em circulação deverá ser da nova família. Para o governo, a novidade facilitará a aceitação internacional do real.
Em estudo desde 2004, o lançamento das cédulas teve de esperar pela modernização da Casa da Moeda, que imprime o dinheiro no Brasil. Com investimento de R$ 400 milhões, mais da metade apenas para comprar máquinas de impressão, os novos equipamentos estão em fase de testes.
A principal novidade é o tamanho. As cédulas atuais têm 14 centímetros de comprimento e 6,5 de largura. O tamanho é intermediário entre a nova nota de R$ 10 (13,5 cm x 6,5 cm) e a de R$ 20 (14,2 cm x 6,5 cm). A menor cédula será a de R$ 2, com 1,9 centímetro a menos no comprimento que as atuais, e a maior é a de R$ 100, com 1,6 centímetro a mais no comprimento e 0,5 maior na largura.
A dimensão variável segue o modelo usado no euro. O tamanho diferente reduz o risco de falsificação nos casos em que cédulas de menor valor são "lavadas" em processos químicos e reimpressas com valor maior.
A substituição das notas será feita gradualmente pelos bancos, caixas eletrônicos e comércio e, segundo o BC, não há necessidade de as pessoas correrem para trocar cédulas porque o dinheiro atual poderá ser usado normalmente.
O diretor de administração do BC, Anthero Meirelles, disse que a nova família do real tem objetivo de reduzir "drasticamente" os índices de falsificação, que no Brasil são três vezes maiores do que na Europa. Em 2009, foram apreendidas 143 notas falsas a cada milhão de cédulas em circulação. Na Europa, o índice é de 53 falsificações no mesmo universo.
Ao apresentar as novas cédulas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que ter uma moeda mais segura é fundamental para a circulação no exterior. Também lembrou que, agora, a Casa da Moeda poderá voltar a produzir e exportar dinheiro, fato que não ocorria desde meados dos anos 80. Ao lado do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, Mantega lembrou que, atualmente, a moeda brasileira está valorizada, resultado das boas condições macroeconômicas do País.
Meirelles preferiu salientar a internacionalização do real e, disse que, com a consolidação da estabilidade econômica nos últimos anos, o dinheiro em circulação passa a ser tratado também como reserva de valor. "É natural que a população pense em manter moeda física em casa", disse Meirelles.
Veículo: O Estado de S.Paulo