Centro-Oeste sofre menos com recuo nas exportações

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As exportações brasileiras alcançaram no acumulado do ano o equivalente a US$ 152,9 bilhões, o que representa uma queda de 22,71% na comparação como mesmo período de 2008. O resultado separado entre as cinco regiões do País mostra, no entanto, que a região Centro-Oeste apresentou a menor queda (0,97%) - em volume, na comparação e entre janeiro e dezembro - e vendeu ao mercado internacional o montante de US$ 14,025 bilhões.

 

Em contrapartida, a região que teve liderança na comparação de valores foi a Sudeste, com exportação de US$ 82,011 bilhões e uma queda em volume, na análise entre janeiro e dezembro de 2008/2009, de 25,81%.

 

Os destaques estaduais nas vendas externas, em 2009, nas duas classes comparativas (valor e volume) estão: São Paulo com US$ 42,463 bilhões; e em volume, com Mato Grosso (21,088 bilhões de toneladas) e Mato Grosso do Sul (5,545 bilhões de toneladas).

 

Para Mauro Calil, professor do Centro de Estudos Calil e Calil, o motivo para essa representatividade dos estados do Centro-Oeste foi a exportação das commodities agrícolas, com destaque para a soja. "As exportações do sudeste apresentam os produtos e serviços com maior valor agregado, enquanto o centro-oeste exporta em maior quantidade os produtos que tiveram em 2009 os preços reduzidos. Ou seja, vendemos muitas commodities, mas não ganhamos tanto quanto com a venda de produtos manufaturados", explicou.

 

A projeção do economista é que, em 2010, o quadro não seja tão ruim para o centro-oeste, uma vez que a economia está retornando ao seu rumo e o preço das commodities agrícolas apresentam um novo aumento nos seus preços de mercado.

 

Para o professor de economia do Mackenzie, Francisco Américo Cassano, a queda acentuada nas exportações das regiões Sul e Sudeste ocorreu em decorrência da pauta de exportações.

 

"As vendas das regiões Sul e Sudeste caíram, pois os principais produtos exportados são manufaturados, com maior valor agregado. Tivemos ainda uma alta mais forte no segundo semestre em virtude da quebra da safra da Índia, que elevou as exportações brasileiras de açúcar, que é considerado erroneamente um produto manufaturado", frisou.

 

Novos mercados

 

Para os economistas, a busca por novos mercados, iniciada em 2008 foi o grande diferencial para o sucesso da balança comercial brasileira. "O Brasil começou a buscar, em 2008, por meio das lideranças empresariais, novos mercados para vender. Com isso, conquistou espaço e a região Sudeste ganhou mais, pois é o pólo que esta mais preparado para atingir mais mercados", enfatizou Mauro Calil.

 

O nordeste tem a tendência de crescer suas exportações por meio do crescimento em serviços, que já vem acontecendo por conta do dólar, afirmou Cassano.

 

"Podemos ter uma elevação nas exportações de serviços, principalmente de turismo e o início da venda de petroquímicos, que terão maturação somente em 2011. A região poderá subir uma posição em valor exportado", comentou.

 

Calil afirma, ainda, que a região Centro-Oeste possui perspectivas de cenário muito mais favorável no futuro em razão dos projetos das obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e de investimentos estrangeiros, principalmente da China, nas vias de escoamento das mercadorias produzidas no centro do Brasil.

 

"O Centro-Oeste, com os projetos tanto do PAC quanto da China para o escoamento da produção pelo norte, nordeste e sudeste, se transformará na região mais competitiva do País. Uma vez que o espaço para produção é maior e os preços pela logística de transporte serão reduzidos, acarretando numa redução geral no preço para os compradores. Será uma revolução econômica no Brasil", ponderou Calil.

 

Em contrapartida, Calil disse que as regiões Sudeste e Sul devem investir em produtos manufaturados ou com maior valor agregado para não perderem espaço na balança comercial e crescerem economicamente.

 


Veículo: DCI


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