A Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec) confirmou ontem, em encontro de jornalistas, que as exportações do segmento somaram US$ 6,037 bilhões entre janeiro e novembro deste ano, alta de 12,9% ante o mesmo intervalo de 2012. A expectativa da entidade é que as vendas continuem em alta no próximo ano, alcançando o recorde US$ 8 bilhões.
Em volume, as vendas externas de carne bovina alcançaram 1,362 milhão de toneladas de janeiro a novembro deste ano, um aumento de 18,9% sobre as 1,145 milhão de toneladas registradas em igual período do ano passado. Do total exportado, 78% ou 1,071 milhão de toneladas se referem às exportações de carne bovina in natura.
De acordo com a Abiec, Hong Kong foi o principal destino das exportações de carne bovina entre janeiro e novembro. A cidade-Estado chinesa importou 330,2 mil toneladas, 66,4% mais que no mesmo intervalo de 2012. Em receita, foram US$ 1,3 bilhão, alta de 79,63%. Apesar de oficialmente as exportações terem como destino Hong Kong, sabe-se que a maior parte é direcionada à China.
Depois de Hong Kong, a Rússia foi o segundo maior comprador da carne bovina brasileira entre janeiro e novembro deste ano. O país importou 284,2 mil toneladas em carne bovina, o equivalente a US$ 1,124 milhão. Em terceiro lugar na lista dos importadores, vem a Venezuela, que até novembro comprou 133,9 mil toneladas de carne bovina do Brasil, gastando US$ 720,7 milhões.
O presidente da Abiec, Antonio Camardelli, afirmou, no encontro, que o câmbio é um dos fatores que vai impulsionar as exportações brasileiras de carne bovina em 2014. Segundo ele, o câmbio deve ficar "no mínimo, no atual patamar". "Um dólar alto ajuda a nossa competitividade", acrescentou Camardelli. Para 2014, a Abiec estima que as exportações de carne bovina atingirão o recorde de US$ 8 bilhões. Além do câmbio, a abertura de mercados como os Myanmar, Tailândia e Camboja também deve ajudar as vendas do Brasil em 2014, segundo a Abiec.
Apesar das perspectivas otimistas, a resistência de alguns mercados à entrada da carne bovina brasileira preocupa a Abiec. Camardelli disse que em 2014 os exportadores brasileiros vão discutir que postura será adotada nas negociações com Japão, Coreia do Sul e Taiwan. Esses países não compram a carne bovina nacional sob a alegação de que o Brasil não tem o status de livre de aftosa sem vacinação. Os principais Estados brasileiros produtores de bovinos têm o status de livre da doença com vacinação - apenas Santa Catarina é livre sem vacinação.
De acordo com Camardelli, a alegação desses países contraria a norma da Organização Mundial de Comércio (OMC). "O Japão está identificado como um país que faz bloqueio com justificativa que não tem conformidade técnica. Esse é um dos temas que vamos submeter na primeira reunião do conselho da Abiec para ter um indicativo se vamos sugerir ao governo elevar o tom", disse Camardelli.
A Indonésia é outro país que também não compra a carne brasileira pelas mesmas razões. Semana passada, porém, a descoberta de que o governo da Austrália espionou o presidente indonésio fez com que o país asiático cogitasse acelerar uma mudança legislativa para autorizar as importações de carne do Brasil e da Índia, mesmo se esses países tiverem casos de febre aftosa em alguma parte do território.
Veículo: Valor Econômico