Embora o momento seja de cautela para a avicultura nacional, por conta da crise financeira, pelos menos duas cooperativas do Paraná - maior estado produtor de carne de frangos - não desistiram de investir em projetos de expansão.
Apostando no consumo firme de aves, principalmente por ser uma carne mais barata do que a bovina, a Cooperativa Agroindustrial União de Ubiratã (Coagru) e a Cooperativa Agropecuária e Industrial (Cocari), no centro-oeste e norte do Paraná, respectivamente, não deixaram de lado seus planos de aplicar R$ 140 milhões a curto e médio prazos na construção de abatedouros e aviários. Na opinião similar de dirigentes das cooperativas, a crise preocupa mas não a ponto de abandonar os projetos. "A preocupação existe, mas esse segmento é promissor. E temos a intenção de também exportar, para pelo menos 40 países, portanto o leque de mercados será amplo", diz Claudemir Pereira de Carvalho, diretor vice-presidente da BFC Alimentos S.A. - empresa pertencente a Coagru e ao abatedouro Big Frango. "É claro que estamos de olho na crise, porém os planos não mudaram em nada porque o projeto é de longo prazo.Além disso, o ciclo da produção de aves é curto e mais fácil de ajustar à demanda", opina Marcos Antônio Trintinalha, diretor executivo da Cocari. Ambas reúnem produtores de grãos com a intenção de agregar valor à produção com a aposta em aves.
O Paraná é o maior estado produtor de frangos e o número aumentou significativamente em 2008. Até setembro, o alojamento de pintos de corte foi de 941 milhões de cabeças, 9% mais do que em igual período de 2007. O segundo colocado é Santa Catarina, com alojamento de 682 milhões de cabeças até setembro deste ano, segundo a Safras & Mercados. Recentemente, a recomendação dada pelas entidades de classe do setor foi reduzir em 15% o alojamento por conta da crise.
A todo o vapor
A BFC S.A. foi formada no final de 2007 e conta com igual participação de seus dois sócios, Coagru e Big Frango. Na mesma época, iniciou-se a construção de uma planta para abate de aves cuja expectativa de conclusão é outubro de 2009. O projeto mantém suas metas e datas por enquanto. Segundo Carvalho, executivo da BFC, a nova planta localizada na paranaense Ubiratã deverá abater 160 mil aves por dia quando concluída. O projeto considera ampliar o abate para 500 mil cabeças por dia até 2012.
O investimento nessa indústria soma R$ 45 milhões e outros R$ 5 milhões foram investidos em uma fábrica de ração, que já está pronta. Do total de recursos injetados, 50% são de capital próprio e o restante do banco Itaú, informou o executivo. "O que pode mudar no orçamento é o custo de alguns maquinários importados, que podem encarecer por conta da variação do câmbio", acrescentou, ainda, Carvalho.
Os cerca de 90 produtores integrados da BFC detém hoje 64 aviários e a intenção é de acrescentar 1 milhão de aves alojadas até março do ano que vem, sobre o número atual de 1,5 milhão de cabeças. A produção deverá ter fatia de 70% destinada ao mercado interno. A Coagru pretende direcionar o restante ao mercado externo, principalmente para a União Européia.
Os planos da Cocari são mais ambiciosos quanto a atingir outros países, pois a cooperativa quer destinar 80% da carne produzida para exportação. Os 20% restantes deverão atender principalmente ao Paraná. A Cocari dividiu o trabalho em duas etapas e no momento está fomentando seus cooperados para a construção de aviários. "Vamos construir uma fábrica de ração e um abatedouro, mas ainda estamos selecionando a área", diz Trintinalha, diretor da cooperativa.
Os produtores pretendem investir R$ 75 milhões no abatedouro e, para os aviários, são destinados outros R$ 15 milhões. Pelo menos até o final de 2009, a intenção é produzir 30 mil aves para o abate por dia. No projeto, 80% dos recursos vêm de bancos e 20% é capital próprio. O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) é um deles. "Como o limite já foi aprovado antes da crise, não espero encarecimento dos recursos", finaliza.
Veículo: DCI