Pão de Açúcar deve comprar US$ 500 mil de salmão do Chile

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O alerta de que "em toda crise existe uma oportunidade" já se tornou lugar comum desde setembro, quando estourou a crise financeira mundial. O Pão de Açúcar, no entanto, acaba de provar que o aviso tem sua razão de ser. O grupo brasileiro deve fechar, no início de dezembro com produtores chilenos de salmão, uma compra 20% superior ao do mesmo período do ano passado, que irá abastecer todas as lojas até a Semana Santa de 2009.  Divulgação

 

Baruzzi, do Pão de Açúcar: vírus, que não prejudica a saúde humana, derruba preço do peixe e importação cresce 20%

 

Em plena disparada do dólar perante o real, a varejista vai aumentar o volume de compra a partir da queda dos preços dessa categoria no Chile, onde o salmão enfrenta problemas de controle sanitário depois que um vírus atingiu os criadouros. "Os peixes que têm o vírus não conseguem crescer e ficam pequenos, levando os produtores a tirá-los mais cedo dos criadouros e vendê-los", diz Luiz Roberto Baruzzi, gerente comercial de peixaria do Grupo Pão de Açúcar. Ele participou esta semana da Segunda Macro Rodada de Negócios em Puerto Veras, realizada pela agência de promoção das exportações chilenas, a ProChile. Ao todo, Baruzzi pretende comprar cerca de US$ 500 mil de salmão, de três produtores: Mainstream, Aqua Chile e Vemti Squeros. 

 

Quanto à doença enfrentada pelo salmão chileno, Baruzzi ressalta que não se trata de uma zoonose. Ou seja, não é transmissível ao ser humano, portanto, não há nenhuma restrição à venda e ao consumo do peixe. "Os próprios técnicos do Ministério da Agricultura do Brasil já estiveram aqui e liberaram a exportação para o país", afirma o executivo. O prolongamento da crise, no entanto, não é tão interessante para a varejista. "Os produtores podem diminuir a oferta do produto, o que iria encarecer o preço, além de comprometer o abastecimento", diz. Segundo Baruzzi, o consumo do peixe se popularizou muito nos últimos anos, o que barateou o seu preço. 

 

"Hoje, um quilo de salmão está entre R$ 12 e R$ 14", diz ele. A área de pescados responde por 2% das vendas do Pão de Açúcar e é uma das que mais crescem, segundo Baruzzi. "Nosso índice tem sido de 15% ao ano nos últimos quatro anos", afirma. 

 

Essa disposição da clientela tem feito a varejista estudar o aumento do mix de produtos à base de peixe. "Visitamos um fornecedor chileno que começou a oferecer uma linha chamada de Cuisine Solutions, de pratos congelados, que pode ser uma opção para o consumidor no futuro", diz Lily Hewett, coordenadora de importação de perecíveis do Pão de Açúcar. 

 

Quem também está buscando diversificação é a Tuiuti, importadora e distribuidora de alimentos com sede em São Paulo, que atende os mercados turístico e de alimentação fora do lar. "Apenas 10% do meu mix é de importados e, no Chile, eu estava concentrado na compra de tomates pelados", diz Roberto Salomão, diretor da Tuiuti, que conheceu o fornecedor há quatro anos, por meio do ProChile. "Eu busquei a agência chilena na época para me ajudar a encontrar bons fornecedores, vim ao Chile e visitei quatro deles para escolher a Centauro", lembra. Agora, só em três dias de Macro Rodada, conversou com 36 potenciais exportadores. "Vou começar a importar também frutas e pescados", afirma Salomão. 

 

A Castelo Alimentos, líder na fabricação de vinagre no Brasil, veio ao Chile em busca de fornecedores para retomar a oferta de azeite de oliva, categoria com a qual já trabalhou no passado. "Mas aqui eles nos ofereceram principalmente o vinagre de abacate, que é muito mais caro que o de oliva e não é o foco da companhia neste momento", afirma Juliana Baialuna, responsável pela área de planejamento e controle de produção e materiais. Juliana encontrou produtores locais de azeite de oliva, mas seus preços estão superiores aos dos fornecedores portugueses e espanhóis com quem vem conversando. "A produção chilena dessa categoria é recente e eles ainda não têm volume suficiente para um preço menor", diz a executiva, que ainda vai tentar chegar a um acordo com o chilenos. 

 

Veículo: Valor Econômico


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