A despeito de previsões feitas por analistas, a rede de frigoríficos Minerva negou qualquer possibilidade de ser vendida em 2009 para a JBS e afirmou ao DCI que pretende se firmar, assim como sua concorrente, como uma consolidadora do setor. "Aproveitaremos o momento para aumentar nosso market share dentro do Brasil", informou o superintendente de Relações com Investidores da companhia, Ronald Aitken.
A participação da companhia no mercado externo de vendas de carne bovina in natura teve leve crescimento no acumulado dos nove primeiros meses de 2008, passando de 16% em 2007 para 17%. Por outro lado, com o aperto da crise, a idéia não é de avançar nesse número. "Vendemos para 80 países em desenvolvimento, como do Oriente Médio. Não temos exposição na Europa e nos Estados Unidos", explicou Aitken. Hoje, 65% das receitas da empresa são oriundas de exportações - proporção 15 pontos percentuais inferior aos 80% de dois anos atrás. "A nossa estratégia é focar no pequeno e médio varejo brasileiro e no atendimento de food service, em que há um repasse maior de preço do que no grande varejo, que tem maior poder de barganha", continuou. No mercado interno, a participação da rede de frigoríficos no abate bovino é de 5,2%, contra 3,7% registrados há um ano.
"Não estamos em posição delicada que faça com que a empresa precise se fundir ou ser comprada. Não cogitamos isso", contou o superintendente de RI, afirmando que o caixa da rede está em R$ 566 milhões, o que representa três vezes o valor de sua dívida de curto prazo, com vencimentos inferiores a 12 meses. A maior parte da dívida, especificamente 83%, está no longo prazo, com pagamentos marcados até 2017. "Não há qualquer risco de refinanciamento", garantiu.
Assim como pretende sua concorrente JBS, a Minerva estuda o plano de consolidação do mercado no ano que vem, mas sem que haja comprometimento de caixa. "Temos uma política muito conservadora e não queremos comprometer nosso capital de giro", explicou Aitken. Dessa forma, a companhia justifica que em vez de comprar participação em empresas, tem planos de trabalhar com arrendamento - ou aluguel. Atualmente, a compra de uma planta, segundo fontes, custa entre R$ 50 milhões e R$ 80 milhões. O aluguel fica em menos de 1% da receita - dependendo da localização e do porte do locador, entre outros. "Como o cenário está incerto, não podemos ser agressivos, então pretendemos cortar custos", continuou.
Até o terceiro trimestre, a otimização de maquinário fez com que a companhia reduzisse em 12% sua folha de pagamentos. Mesmo assim, o desaquecimento do mercado fez com que a empresa revisasse a meta de crescimento da receita da empresa para 2009, que era de cerca de 40%. O frigorífico obteve prejuízo líquido de R$ 55,2 milhões no terceiro trimestre deste ano, quase 380% maior do que o déficit de R$ 11,5 milhões verificado no mesmo período de 2007.
Seção: DCI