Avalanche de produtos testa o consumidor

Leia em 4min

Inovação: Ritmo acelerado de lançamentos de TVs, celulares e PCs mexe com o comportamento dos usuários

 


O consumidor que comprar hoje um computador equipado com o processador mais veloz da Intel talvez não saiba que daqui a um mês seu PC já não terá o chip mais moderno que existe. A troca de um celular usado pelo mais moderno smartphone também não é garantia de atualização tecnológica duradoura. É provável que em duas semanas esse aparelho também tenha sido ultrapassado, porque o fabricante anunciou um modelo mais sofisticado.

 

Não tem segredo. A lógica da indústria da computação sempre foi a da inovação constante. No entanto, os próprios fabricantes admitem que o mercado tem acelerado ainda mais o prazo de lançamentos. "Nós também ficamos espantados com a velocidade das coisas", diz Cássio Tietê, diretor de marketing da Intel. "Mas sempre fomos paranoicos por desempenho, o nosso negócio é esse."

 

A Intel lança cerca de 20 processadores por ano, o equivalente a um novo chip a cada 18 dias, em média. No mundo dos celulares, a corrida é ainda mais forte. A LG chega a colocar na prateleira do varejo dois novos modelos de celulares por mês. Se forem consideradas características como sistema operacional e a cor dos aparelhos, o volume atinge centenas de modelos. "Cinco anos atrás, a quantidade lançada era muito inferior, mas naquela época o celular era um produto usado só para fazer chamadas", comenta Rodrigo Ayres, gerente de produto e inteligência de mercado da LG . "Hoje, o celular é usado para acessar agenda, e-mail, TV, rádio e internet, e tudo isso embalado com muito estilo."

 

Não é diferente no mundo dos PCs. Em 2005, a Hewlett-Packard (HP) vendia apenas uma linha de notebooks no Brasil, com diferentes configurações. Hoje, são quatro linhas de portáteis, que se subdividem em uma infinidade de aparelhos. No próximo semestre, mais uma família será lançada, diz Marisa Lumi Park, gerente de notebooks da HP. A cada quatro meses, a fabricante apresenta nova série de micros.

 

O consumidor tem correspondido. Usuários que costumavam ficar cerca de três anos com um laptop, passaram a fazer a troca a cada dois anos. A inovação é responsável pela redução do prazo? Para Cássio Tietê, da Intel, parte dessa resposta passa pelo cenário econômico. O Brasil perdeu o freio do consumo a partir da entrada de milhares de pessoas na classe C. E os produtos eletrônicos estão no centro mais visível dessa escalada. "O ritmo com que a pessoas estão se comunicando nunca foi tão forte e isso faz parte de um processo de transformação do país", opina Tietê.

 

Há outros fatores, no entanto, que têm estimulado o setor. Hoje, dizem os fabricantes, o computador deixou de ser uma caixa blindada, entendida só por tecnólogos. "Não vendemos mais a configuração fria de um laptop", diz Marisa, da HP. "Agora mostramos tudo que o usuário consegue fazer com o produto. A preocupação é vender o benefício, não uma máquina."

 

As TVs passam por situação parecida, na medida em que agregam uma infinidade de recursos. Em 2009, só a Samsung lançou 12 linhas de televisores no país, entre equipamentos de LCD, plasma e LED, somando 34 modelos diferentes. Neste ano, o volume saltou para 18 linhas e 42 modelos.

 

Nessa corrida para surpreender o usuário e se destacar sobre a concorrência, alguns fabricantes têm apostado na adaptação de produtos. Não se trata mais só de lançar um equipamento no Brasil simultaneamente a outros países. "Temos trabalhado agora no lançamento de produtos exclusivos para o consumidor brasileiro", afirma Ayres, da LG.

 

Para não errar no alvo e não perder o prazo, empresas como a LG contam com departamentos de inteligência de mercado. A LG, por exemplo, já está preparando a agenda do ano que vem.

 

Para o consumidor, cabe o exercício de lidar com a avalanche diária de produtos despejados no mercado. Para muita gente, não há problema. Desde a semana passada, a Apple tem levado milhares de pessoas a acampar na calçada e a tomar chuva em filas imensas só para terem o "gosto" de serem os primeiros a comprar um iPhone 4, o novo celular de Steve Jobs. Mas para usuários como o empresário Jarbas Eduardo Leite, um ex-fanático por tecnologia (ver texto abaixo), um antídoto tem funcionado muito bem: "Compre o você quer, depois passe um bom tempo sem olhar para os lados."
 

 

Veículo: Valor Econômico


Veja também

Comércio eletrônico ainda mostra confiança

Pela primeira vez desde que começou a ser apurado em 2009, o Índice de Confiança do e-consumidor re...

Veja mais
Hipercard adota plataforma inteligente para atender 2/3 de clientes

A Hipercard, do Grupo Itaú Unibanco, implantou um novo sistema de atendimento automático na sua central re...

Veja mais
Mercado de cartões vive 'nova era' de competição

A partir do dia 1º de julho, lojistas vão precisar de uma só máquina para cartões de cr...

Veja mais
Número de tarifas de cartões de crédito deve cair pela metade

Expectativa é que a regulamentação do setor fixe 20 cobranças   O número de ta...

Veja mais
Copa do Mundo eleva vendas do e-commerce

O comércio eletrônico no País tem muit5o o que comemorar graças à Copa do Mundo. O tor...

Veja mais
Lojistas querem intervenção do governo no setor de cartões

O presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Júnior, afirm...

Veja mais
Consumidor inteligente

Hoje, antes de de adquirir qualquer bem as pessoas utilizam meios eletrônicos para levantamento de dados e, poster...

Veja mais
Empresas vigiam suas marcas nas redes sociais

Queixa feita no Twitter tem resposta rápida   No aeroporto, prestes a embarcar, um cliente do banco Ita&ua...

Veja mais
Um pré-pago de vantagem

Para conquistar a classe C, empresas como Walmart e Bradesco oferecem créditos para celulares como bônus &...

Veja mais