Fim da sacolinha plástica divide opiniões

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O projeto de lei aprovado na Câmara Municipal de São Paulo que proíbe a distribuição e venda de sacolinhas plásticas nos estabelecimentos divide a opinião de consumidores no Grande ABC. Na região, nenhuma das sete prefeituras aprovou medida semelhante. São Bernardo, São Caetano e Diadema afirmaram realizar campanhas de conscientização de consumo sustentável e educação ambiental.

 

A medida na Capital deve entrar em vigor no dia 1º de janeiro de 2012, mas aguarda a sanção do prefeito Gilberto Kassab (PSD).

 

Para a fonoaudióloga Gabriela Ruiz, 32 anos, sem leis as pessoas não vão se habituar a substituir as sacolinhas pelas reutilizáveis. "Enquanto não houver obrigatoriedade acho difícil tirar o costume das pessoas. Eu mesma tenho as sacolas retornáveis, mas às vezes esqueço", ressaltou a moradora de São Bernardo.

 

Na mesma cidade, há cerca de um ano a comerciante Gessina Lima Mendes, 33, adotou a retornável. "Acredito que para incentivar a prática seria preciso oferecer diversos tamanhos e com um preço mais acessível. Uso as plásticas para o lixo do banheiro."

 

O professor e pesquisador do Instituto de Geociência da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Mauricio Waldman defendeu que o momento é de conscientização.
"Há estimativa que são usadas cerca de 1 milhão de sacolas por minuto no mundo. Cada uma leva cerca de 100 anos para se decompor. É preciso encontrar alternativas, como as sacolas retornáveis, caixas de papelão ou até mesmo os carrinhos de feira", explicou Waldman,

 

O especialista cita a diminuição das enchentes e da morte de animais aquáticos como benefícios da proibição, além de se evitar que substâncias tóxicas liberadas pela decomposição do plástico sejam liberadas no meio ambiente.

 

A dona de casa Carmem Lucia Cipriano, 41, contou que utiliza sacolinha para tudo. "Seja para colocar no lixo, guardar alimentos. É difícil deixar de usar. Se largar vou precisar usar o saco de lixo preto, o que vai prejudicar o meio ambiente mesmo assim."

 

O pró-reitor de graduação da UFABC (Universidade Federal do Grande ABC), Derval dos Santos Rosa, sustentou que o saco de lixo preto é quase 100% reciclado. "Estamos falando de uma segunda vida", ressaltou o professor.

 

Rosa explicou a diferença entre as sacolas menos prejudiciais ao meio ambiente existentes no mercado. A biodegradável é composta por materiais que se degradam naturalmente, assim como a oxidegradável. Ambas possuem aditivo para acelerar o processo de degradação. Já a fotodegradável tem a vantagem de se decompor com a presença de luz.

 

A Plastivida Instituto Ambiental dos Plásticos afirmou que o impacto ambiental do uso das sacolinhas é acentuado pelo descarte incorreto e pela falta de política aquedada de reciclagem de resíduos pós-consumo.

 

LEI ESTADUAL

 

Representares da região na Assembleia Legislativa defendem a criação de lei estadual que proíba o uso das sacolinhas. O deputado Orlando Morando (PSDB) e vice-presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados) apresentou projeto no ano passado. Seu colega de casa Carlos Grana (PT), que integra a Comissão do Meio Ambiente da Assembleia, defendeu a discussão do tema. Para Alex Manente (PPS), é importante garantir que o consumidor não tenha prejuízos.

 

Supermercados incentivam consumidores

 

A Apas (Associação Paulista de Supermercados) esclarece que vai orientar o setor a cumprir o que for determinado. A entidade afirma que a proibição de sacolas plásticas descartáveis vem ao encontro do protocolo de colaboração assinado com o governo do Estado, semana passada.

 

Enquanto a lei não é sancionada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), as redes de supermercados já fazem trabalho de conscientização e oferecem opções de embalagens.

 

O Carrefour projeta eliminar as sacolinhas plásticas até 2014. A empresa participa das discussões sobre o tema, além de apoiar iniciativas em diversas cidades que buscam conscientizar os consumidores sobre os impactos, que é possível reduzir e até trocar por sacolas retornáveis.

 

A rede Wal-Mart possui programa de desconto para quem não usa sacola plástica. Desde o ano passado, o grupo tem o programa Cliente Consciente Merece Desconto. Será dado R$ 0,03 de desconto (valor que corresponde ao custo unitário) para quem não utilizar. Além disso, a rede tem caixa preferencial para esses clientes.

 

Na rede Pão de Açúcar são oito opções de sacolas retornáveis, além do programa Pão de Açúcar Mais, pelo qual os consumidores que as usarem acumulam pontos, que são trocados por vale-compras. Cada R$ 1 é igual a um ponto.

 

As redes Extra e Compre Bem também oferecem modelos de sacolas retornáveis. Já o Assaí cobra R$ 0,12 por unidade. Há também caixas de papelão gratuitas.

 

REGIÃO

 

Os comerciantes dizem ser a favor da lei. "Acredito que as pessoas precisam se conscientizar. Na farmácia não trabalhamos com sacolinhas, os produtos são colocados em saquinhos de papelão", afirmou a assistente farmacêutica Marta Ottolia, de São Caetano. Já para a funcionária de padaria Leila Aparecida Rodrigues, se for implantada em São Caetano, deve dividir a opinião. "É difícil todos concordarem, mas acho importante o consumo consciente."

 


Veículo: Diário do Grande ABC


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