Exageros no ‘casual day’ podem prejudicar imagem profissional

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Enfim, sexta-feira! Depois de uma longa semana de trabalho, o tão esperado último dia útil é mais do que bem-vindo. E, graças ao chamado "casual day", a sexta-feira pode ser ainda mais comemorada por alguns executivos.

 

Criada nos Estados Unidos e absorvida por algumas companhias brasileiras, a prática visa descontrair o ambiente corporativo, geralmente de grande pressão, especialmente sobre os executivos. Para isso, algumas organizações autorizam o uso de roupas mais informais, antecipam o horário de saída ou ainda facultam aos profissionais trazerem a família para o escritório, geralmente na sexta-feira.
No Brasil, a prática ganhou força especialmente no quesito vestuário. O que fez com que deixar o terno e a gravata no armário acabasse virando a moda das sextas-feiras em muitas empresas.

 

Trabalhar de forma mais descontraída, no entanto, não significa vestir-se com desleixo ou se apresentar de forma inadequada - eis o segredo, ignorado por muitos profissionais. Em alguns casos, a liberdade para vestir roupas mais decoladas degringola para o uso de trajes impróprios para o ambiente corporativo, o que pode arranhar a imagem do executivo.

 

Mas quais os critérios para não errar na medida? A idéia é sempre ficar atento e nunca traduzir "casual" com "liberação geral". É importante ter sempre em mente que a sexta-feira é um dia de trabalho, como qualquer outro. Assim, um cliente pode aparecer de surpresa ou, quem sabe, agendar uma almoço de negócios de última hora.
Esse tipo de situação, invariavelmente, causa constrangimentos. "Perde o profissional e perde a empresa", sentencia a consultora de moda Sabina Donadelli. "Há pessoas que confundem o clima descontraído com desleixo e acabam usando trajes incompatíveis com a credibilidade que seu cargo ou função exige", afirma.

 

Segundo ela, embora no casual day o rigor em relação ao vestuário seja menor do que nos demais dias da semana, um pouco de formalidade e capricho é o mínimo que se espera do executivo de bom senso. "Trata-se de algo mais elaborado que o traje esporte, mas não tão sofisticado quanto o social", esclarece.

 

Os executivos precisam estar atentos ao vestuário todos os dias. Antes de sair de casa, deve-se refletir se a roupa está adequada para o trabalho e dentro do padrão da empresa e da área onde atua. Conforme Sabina, é preciso levar com conta o elemento surpresa. "E se o cliente chegar? O visual está de acordo?", conjetura. "Acreditamos [nestes casos] que a visita chegou na hora errada. Um pensamento totalmente inviável, se imaginarmos que estamos trabalhando e somos responsáveis pela imagem da empresa."

 

Cuidado e moderação

 

Na opinião de Sabina, os homens são "um pouco mais sensatos", mas também deve manter a atenção. "Não estando de terno já é considerado casual", afirma. "Então, cuidado para não esbarrar no esportivo."

 

A consultora orienta os executivos a sempre usarem camisa e, preferencialmente, de mangas longas. Já a calça pode ser de qualquer tecido, desde que de boa qualidade. "Evite o uso de jeans", adverte Sabina. "Tecnicamente, eles fazem parte do guarda roupa esportivo."

 

Outra recomendação importante: moderação nos acessórios, como anéis e correntes. "Evite modelos de calçados com brilho, como os envernizados. O tênis está fora de cogitação", orienta.

 

Mas se os homens - por terem menos opções de vestuário - erram menos, as mulheres têm muitas possibilidades e acabam fazendo misturas impróprias. Por isso, segundo Sabina, as executivas precisam de um pouco mais de atenção. Devem ter a precaução de não saírem de casa "prontas para o happy-hour". Segundo a consultora, acessórios podem ser levados na bolsa junto com a maquiagem. A "superprodução", porém, deve ser feita somente depois do expediente.

 

Para as mulheres, é liberado o uso da pantalona e túnicas, tailleurs de calça ou saia, com blazer. "Bolsas podem ser grandes e vistosas. É possível usar sandália de salto se estiver fazendo calor. Entretanto, convém usar tudo que remeta ao sexy com muita moderação".

 

A consultora também alerta para os excessos. "Não abusar de decotes, transparências, saias curtas, acessórios, etc", adverte. "Mulheres costumam se perder e misturam o que é bonito e sexy com adequado. Na dúvida, escolha apenas um item sexy, de preferencia que fique em um acessório."

 

Conforme Sabina, o "pretinho básico" se aplica em qualquer lugar, mas a saia deve estar, obrigatoriamente, na altura do joelho. "Use cores clássicas, além do preto. Marrom, berinjela, ou cinza são bem aceitos", sugere. "Fique atenta: estampas, exigem bom senso e moderação. O vestuário deve combinar com seu perfil, adequado a sua altura e peso."

 

Prática aproxima as pessoas

 

A coordenadora de recursos humanos da Catho, Fernanda Figueiredo, vê com bons olhos o uso do casual day. "O hábito é mais cultural do que empresarial", comenta. "Copiamos dos americanos. Lá [Estados Unidos], era voltado exclusivamente para o homem - aboliam-se o terno e a gravata. Com a entrada dos jovens e das mulheres no mercado de trabalho, a prática ficou um pouco deturpada", reflete.

 

Na opinião de Fernanda, em áreas financeiras ou comerciais, aderir a informalidade, é um pouco mais complicado. "Ações internas de recursos humanos ajudam a orientar o pessoal. Cursos e-learning com etiqueta empresarial ajudam a trazer para realidade o guarda roupa ideal", indica a executiva. "A facilidade da mulher errar é maior e isso merece um pouco mais de atenção. Mas o saldo ainda é positivo: ter a liberdade de poder vestir uma roupa mais tranqüila e confortável ajuda no relacionamento dentro do grupo."

 

A competitividade do mercado atual faz com que os expedientes sejam cada vez mais exaustivos. Assim, o trabalho consome por completo o tempo do profissional e, por conseqüência, fica difícil resolver pendências pessoais. Por isso, algumas empresas adotam horários reduzidos, liberando os funcionários mais cedo.

 

Para a consultora Claudia Monari, da Career Center, as organizações que adotam o casual day têm como objetivo passar uma imagem de que prezam o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal dos seus colaboradores. "Antigamente, o funcionário era pago somente para trabalhar", lembra Claudia. "As empresas começaram a enxergar isso [a necessidade de equilíbrio] com naturalidade, diminuíram a carga horária, promovem cafés da manhã, almoços, happy hour. A empresa reconhece o trabalho. Em contrapartida, ações assim são valorizadas pelo profissional", avalia.

 

Segundo especialistas, os profissionais sempre devem estar atentos, afinal, estão o tempo todo sendo avaliados. Por isso, preservar a imagem é fundamental. Assim, na próxima sexta-feira, antes de sair de casa, lembre-se: a semana não terminou.

 

Veículo: Gazeta Mercantil 


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