Indústria vê demanda aquecida, mas com um pé atrás

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A resistente pressão sobre os custos de produção e o ambiente econômico desfavorável a repasses de preço ainda são um ponto de preocupação

 

O ganho de tração do varejo e dos serviços deixa os estoques mais ajustados e reforça a perspectiva otimista da indústria de bens de consumo para o segundo semestre. Mas a resistente pressão sobre os custos de produção e o ambiente econômico desfavorável a repasses de preço ainda são um ponto de preocupação.

 

Os setores de vestuário e calçados, dois dos mais afetados durante a segunda onda da covid-19 neste ano, retomaram com intensidade na reabertura das lojas. Soma-se a isso uma temporada de temperaturas mais amenas que ajudou a escoar as coleções de inverno.

No setor de bebidas, muitas fabricantes estão com “cerveja no chão”, sem escoar a produção, diz Petroni

 

“Estamos vendo estoques bem ajustados a níveis antes da pandemia. Não estamos tendo desabastecimento e tampouco excesso de estoque”, conta o diretor comercial da Grendene, Paulo Barth. Segundo ele, canais de autosserviço continuam com performance positiva. Já o varejo de sapatos, que teve um primeiro trimestre “um pouco oscilante” por causa dos fechamentos, a partir de abril mostrou recuperação significativa, com avanço de 50% nas vendas ante março.

 

Os números da empresa no segundo trimestre devem refletir essa dinâmica, acrescenta Alceu Albuquerque, diretor de relações com investidores da Grendene. Como a empresa trabalha com base nas carteiras de pedidos vendidas, os meses de abril e maio refletiram o fechamento em março e o comportamento mais temeroso dos varejistas. Os diretores da fabricante contam que ainda é possível perceber algum grau conservadorismo em relação aos pedidos, mas já com melhores perspectivas. “O auxílio emergencial, por exemplo, já ajuda. Estamos otimistas de que o ano vai ser melhor que 2020 e até 2019”, diz Albuquerque.

 

Demanda aquecida, mas com pé atrás, também é uma percepção da Abihpec, associação que representa o setor de beleza e higiene pessoal. Segundo ela, receoso de novos fechamentos, o varejo tem trabalho com reservas menores. “Os estoques de produtos são, praticamente, os que estão nas prateleiras dos pontos de vendas. Dessa forma, os volumes de pedidos são menores e ocorrem de forma mais frequente”, diz a Abihpec.

 

Mas quando vai para a mesa do brasileiro, as categorias de bens de consumo vivem momentos distintos. Enquanto o setor de alimentos se mostra resiliente, o de bebidas, em especial no segmento de cerveja, está em ritmo um pouco mais lento. Sob clima mais frio do que no mesmo período de 2020, o desempenho no segundo trimestre deste ano pode ter impacto nos volumes, embora se beneficie dos bares e restaurantes mais ativos do que um ano antes.

 

Paulo Petroni, presidente da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), que reúne cervejarias de pequeno e médio porte além do Grupo Petrópolis, diz que muitas fabricantes estão com “cerveja no chão”, ou seja, não conseguiram escoar toda produção.

 

Uma das líderes de mercado, a Heineken Brasil diz que tem trabalhado de perto com fornecedores para garantir a produção. No primeiro trimestre o volume de cerveja total do grupo caiu 1%. “Ainda é possível sentir alguma retração no fornecimento de itens específicos decorrente da pandemia. Nos últimos meses, nos dedicamos a garantir a normalização de nossos estoques, para atender de maneira satisfatória a alta temporada em 2021”, diz Mauricio Giamellaro, presidente da Heineken, acrescentando acreditar na recuperação do mercado, conforme a vacinação aumente e os estabelecimentos, em especial bares e restaurantes, voltem a operar normalmente.

 

Todos os setores seguem, porém, monitorando a inflação da indústria. O entendimento geral é de que uma nova escalada de preços não encontraria espaço para reajustes. “Existe um descolamento entre poder de compra e o custo dos produtos. Como a demanda está aquecida e o Todos os setores seguem, porém, monitorando a inflação da indústria. O entendimento geral é de que uma nova escalada de preços não encontraria espaço para reajustes. “Existe um descolamento entre poder de compra e o custo dos produtos. Como a demanda está aquecida e os estoques do varejo estão baixos a negociação acontece, mas não há espaço para mais reajuste”, conta Marco Dutra, diretor geral da fabricante de equipamentos de limpeza Kärcher no Brasil. Ele projeta um Dia dos Pais, em agosto, de vendas fortes e um crescimento de 25% a 30% no faturamento anual, acima da perspectiva do grupo no mundo, de 11%.


Redação SuperHiper 


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