Pioneira, Havaianas deve exportar 25% mais em 2008

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O consumidor brasileiro que estiver viajando pela Europa e topar com um par de Havaianas não deve deixar para comprá-lo no Brasil. Pode ser que o modelo não esteja à venda no país. Criar modelos - cores ou estampas - exclusivos para o mercado externo é uma das estratégias de Havaianas para tentar brecar operações não-regulares envolvendo a exportação das sandálias. "Era muito comum, no passado, alguém comprar várias sandálias no Brasil e ir vender em algum país da Europa", diz Rui Porto, consultor de comunicação e mídia de Havaianas. O resultado disso eram distribuidores locais descontentes com a concorrência do comércio informal e a falta de controle das vendas internacionais, por parte da Alpargatas - dona da grife Havaianas. 

 

A marca de sandálias de borracha tem 70 modelos à venda no mercado nacional e cerca de 20 exclusivos do mercado externo - fora projetos especiais, como os de co-branding com a grife francesa Celine e com os hotéis Bristol e Maurice, de Paris). 

 

Em 2007, a Alpargatas exportou 21 milhões de pares de Havaianas. Para 2008, a estimativa é manter o crescimento dos últimos anos, que tem sido de 25%. As sandálias Havaianas são vendidas em mais de 60 países. Há um ano e meio, a Alpargatas abriu um escritório nos Estados Unidos para controlar a distribuição para o país, para o Canadá e o Caribe. Desde fevereiro, a empresa mantém um outro escritório em Madri, para concentrar a operação na Europa. "Para a França, a Inglaterra e a Espanha nós já distribuímos diretamente", afirma Carla Schmitzberger, diretora de sandálias da Alpargatas. 

 

O preço médio de um par da sandália é de US$ 18 no mercado americano e de ? 18 no europeu. Mas os valores variam bastante. Um modelo adornado com cristais Swarovski alcançou US$ 190 nos EUA. No Brasil, onde um par começa custando R$ 9, o preço pode chegar aos R$ 300, no caso de modelos com edição especial e limitada. 

 

"As Havaianas se enquadram muito bem no conceito do luxo acessível", define Porto. Essa vocação para calçar os pés tanto de trabalhadores braçais quanto dos chamados "fashionistas" foi descoberta em 1994, quando as sandálias ganharam sua primeira variação de modelagem e cor. Na época, a Alpargatas lançou a Havaianas Top, e pela primeira vez as sandálias saíram monocromáticas, com solado um pouco mais alto do que o tradicional e com variedade de cores. 

 

De lá pra cá, a empresa já mexeu na altura e na forma do solado, nas cores, nas estampas da palmilha, na largura das tiras e até no tipo de borracha usada - que é sintética, originária do petróleo. "Hoje, a tecnologia permite fazer um sanduíche com vários tipos de borracha e acompanhar as tendências da moda", diz Carla. No ano passado, a empresa lançou seu primeiro modelo de borracha injetada, que permitiu a criação de uma palmilha anatômica. 

 

Alguns ajustes também são feitos em função da região do país. O modelo Color, por exemplo, só é vendido no Nordeste, por R$ 9. Ele é uma versão das Havaianas Top - que custam em média R$ 12 - porém com solado mais fino, para baratear o custo. Junto com o modelo tradicional (aquele com palmilha branca e o solado colorido) o Color é responsável por 60% das vendas de Havaianas no Brasil. 

 

A Alpargatas também investe em edições especiais, para manter a marca sempre na moda. Entre as grifes para quem a empresa desenvolve ou já desenvolveu modelos estão Daslu, Track & Field e Cia Marítima. Entre os lançamentos mais recentes estão modelos com estampa de aquarela de bichos brasileiros feita pela artista plástica americana Shirley Felts. "Recebemos vários pedidos de lincenciamentos, mas ainda nos esforçamos para manter a marca pura", diz Rui Porto. Desde 2003, um par de Havaianas é enviado a cada um dos concorrentes ao Oscar. 

 

Algumas curiosidade cercam as sandálias de borracha. As Havaianas são feitas para durar, em média, cinco meses, se usadas diariamente. Por ser feita de borracha, é esperado que a sandália encolha de tamanho com o tempo. "O material também tende a ficar mais rígido", diz Porto. As tiras - responsáveis pelo eterno slogan "não têm cheiro e não soltam as tiras" - na verdade, são feitas para soltar, dependendo da força. "Se elas não soltassem, numa queda a pessoa poderia realmente se machucar", avisa Carla. 

 

A linha de montagem de Havaianas, em Campina Grande, na Paraíba, produz 530 mil pares por dia. Mesmo que crie modelos em esquema de co-branding, a companhia faz questão da marca impressa em alto relevo nas tiras das sandálias, o que já custou um negócio com uma grande varejista de moda espanhola. Além disso, as sandálias Havaianas têm sempre a palmilha com estampa de "arroz" em alto relevo e as tiras marcadas com uma espécie de espinha de peixe, ou "grega", como a empresa chama o detalhe. "Se outra empresa copia alguma dessas características, é notificada", afirma Carla. 

 

No primeiro trimestre deste ano, a Alpargatas alcançou um lucro líquido de R$ 22,5 milhões - um crescimento de 19% em comparação com o mesmo período do ano passado. Entre os fatores que contribuíram para o resultado estão a compra da empresa nordestina Dupé e o aumento dos pontos-de-venda das sandálias Havaianas nos Estados Unidos e da marca Mizuno no Chile. O número de pares vendidos subiu de 39,8 milhões para 51,3 milhões, incluindo as marcas Havaianas, Dupé, Topper, Rainha, Mizuno e Timberland (as duas últimas grifes são produzidas sob licença). O volume de vestuário e acessórios vendidos cresceu 141%, para um total de 1,6 milhão de peças.(VB) 

 

 

Veículo: Valor Econômico


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