Frio impulsiona vendas de chuveiros

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Clima. As temperaturas mais baixas este ano estão ajudando a elevar encomendas de chuveiro e aquecedor nas indústrias, mas movimento ainda é pontual e não reverte retração da demanda

 
São Paulo - O frio mais rigoroso este ano tem ajudado a elevar as vendas das fabricantes de chuveiros e aquecedores de água no Brasil. Mas o incremento da demanda ainda é pontual e não deve ser suficiente para reverter a desaceleração da atividade industrial no segmento.
 
"Quando, num ano como este, as menores temperaturas ficam abaixo das médias históricas, o consumidor se vê diante da necessidade de procurar equipamentos com maior capacidade. Isso, efetivamente, com perdão do trocadilho, aquece o mercado", afirmou o assessor técnico da área de material elétrico da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Roberto Barbieri.
 
Segundo ele, as vendas de chuveiro este ano já mostram recuperação no confronto com o desempenho registrado em 2015. A associação não divulga os números do segmento. A Atualmente, a Abinee representa 11 fabricantes no País, entre elas Hydra Corona, Lorenzetti, Tramontina Elektric e Fame.
 
A alta na demanda, junto com as vendas de resistências para o segmento de reposição, tem ajudado a Duratex, dona das marcas Hydra e Corona, a compensar o enfraquecimento das vendas. "Nosso mercado principal é reposição de chuveiros e peças e não propriamente a demanda de construções novas", citou o diretor geral da Hydra Corona, Roberto Zanola. A expansão nas vendas apareceu no resultado financeiro da Duratex no segundo trimestre deste ano. As vendas da divisão Deca somaram R$ 6,6 milhões de abril a junho, alta de 8,5% sobre um ano antes.
 
O acréscimo no volume vendido pela companhia foi atribuído também a compra da marca Corona, ao lançamento de produtos e ampliação da base de clientes.
 
"Temos vários produtos novos, como uma linha digital que possibilita acompanhar o desempenho do produto, como vazão de água e temperatura e um chuveiro híbrido que usa eletricidade para aquecer a água até que outro sistema de aquecimento, como gás, entre em funcionamento. Essas linhas foram pensadas a partir das demandas com a crise de água", explicou Zanola.
 
As exportações de chuveiros também contribuem para atenuar o menor ritmo de vendas no Brasil. Com linhas de produção em Tubarão (SC) e Aracaju (SE), a Duratex exporta chuveiros para o Paraguai, Bolívia, Colômbia e Peru, mas o produto tem pouca participação nesses países.
 
Os embarques para outros países também estão no radar da Tramontina Eletrik, que comercializa duchas para países da América Latina. "Focamos os investimentos na ampliação do portfólio, com o lançamento de linhas de produtos em segmentos nos quais até então não atuávamos, como duchas, disjuntores e quadros de distribuição. Esse aumento de portfólio possibilita a entrada em novos mercados e, de certa forma, facilita as negociações com os revendedores", comentou o diretor da Tramontina Eletrik, Roberto Aimi.
 
Já a Docol estaria operando com jornada e salários reduzidos em todas as linhas de produto, na fábrica de Joinville (SC), disseram pessoas próximas à operação. Procurada, a empresa não se posicionou até o fechamento.
 
Aquecedores
 

As baixas temperaturas, combinadas ao aumento no preço da energia desde 2015, também está impulsionando as vendas de aquecedores de água a gás e solar. Na Komeco, as encomendas já superam as metas para o ano.
 
"Além da concentração sazonal na demanda por esse tipo de produto, o aumento no preço da energia ajudou as linhas de aquecimento solar", destacou o executivo de marketing da Komeco, Vinicius Amaral. A empresa produz aquecedores solares de água em São José (SC) e importa equipamento a gás.
 
"Já avaliamos, mas a produção local de aquecedor a gás ainda não é interessante para a Komeco, porque exige conhecimento técnico e maquinário que não temos hoje", disse ele. O volume de vendas total da Komeco está cerca de 20% abaixo do nível registrado em 2014. A empresa não divulga o volume e faturamento com vendas.
 
Segundo Amaral, a proporção dos aquecedores de água no faturamento da Komeco, embora venha registrando crescimento nos últimos anos, ainda responde por apenas 20% dos ganhos totais, com a linha de ar-condicionado representando a maior parte das vendas.
 
A alemã Bosch, cujo portfólio no Brasil inclui aquecedores a gás, também registrou maior procura pelo equipamento. Para o gestor de produtos da Bosch Termotecnologia, Luciano Santos, o frio mais rigoroso levou clientes a adiantarem a compra de aquecedores. "Muitos clientes que estavam segurando o investimento, acabaram decidindo comprar agora para atender a alta da demanda [na ponta da cadeia]", disse ele.
 
O volume de pedidos feitos por grandes varejistas de material de construção, feitos a cada dois meses, estão maiores, afirmou o executivo da Bosch. O movimento levou a empresa a revisar suas projeções para o ano, saindo de queda para estabilidade nas vendas.
 
"O alto preço da energia elétrica, mesmo com a bandeira verde e o impacto dos aumentos seguidos na conta de luz no ano passado tem feito muitas pessoas migrarem para o aquecimento de água a gás como forma de economizar. Mas se o real continuar se valorizando frente ao dólar, podemos ter um impacto negativo nas vendas", ponderou Santos. A Bosch deixou de produzir aquecedores no Brasil e hoje importa de Portugal. A migração foi atribuída à carga tributária brasileira.
 
Fonte: DCI


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