Soluções açucaradas no mercado de sobremesas

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Dos tachos sobre fogões a lenha, como manda a tradição, a goiabada cascão e o doce de leite preparados no interior do estado são garantia de água na boca de consumidores dos quatro cantos do planeta. Mas as iguarias, a despeito do apetitoso mercado de sobremesas, não estão imunes ao vírus da crise econômica, o que obrigou os fabricantes a buscar novas estratégias para aumentar as vendas e reduzir o custo da produção. Este é o tema da terceira reportagem da série “Driblando a crise”, que o Estado de Minas publica às segundas-feiras.
 
Não é uma tarefa fácil baratear a produção e ao mesmo tempo ampliar as vendas, mas, em São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto onde a goiabada cascão é uma tradição com mais de 200 anos, fabricantes conseguiram a façanha. O lugarejo, cortado pelo Rio das Velhas e cercado de montanhas, é referência na produção do doce. Em 2008, por exemplo, as iguarias feitas com a fruta receberam o título de primeiro patrimônio imaterial da cidade colonial.
 
Na prática, o modo de fazer os doces está no Livro de saberes e celebrações, ostentação que corresponde ao tombamento do patrimônio material. Mas não é só por causa desse marketing que alguns produtores de São Bartolomeu apuram bons resultados. Eles conseguiram reduzir o custo por meio de compras conjuntas de insumos.
 
Quem explica é Bia Márcia Chaves, presidente da Associação dos Produtores de Goiabada do povoado: “A economia com o açúcar, por exemplo, é de 20%. A da caixa de vidro (usada como embalagem) é um pouco menos do que este percentual”. A instituição reúne 20 associados. Nas contas da presidente, suas vendas subiram 50%, quando comparadas com a planilha de dois anos atrás, devido a estratégias, aparentemente, simples. Mas, como ela destaca, necessárias. Ela trocou o rótulo e passou a oferecer a mercadoria em pesos diferentes dos negociados tradicionalmente no lugarejo.
 
“O novo rótulo informa a validade e o contato do produtor. Estamos trabalhando ainda a questão do tamanho da mercadoria. Antes, o pessoal daqui ‘picava’ três ou quatro quilos e os embrulhavam em papel-celofane. Agora, há quantidades menores e em embalagens adequadas”, conta Bia, acrescentando que o segredo da goiabada cascão está em colher a fruta madura. “As verdes ficam no pé até o momento certo de serem retiradas.”
 
A pouco mais de 100 quilômetros de lá, em Ponte Nova, na Zona da Mata, a troca do rótulo também rendeu bons frutos aos irmãos Renato, Celeste e Carminha, filhos de dona Zélia, que deu nome a uma das goiabadas mais famosas do Brasil. A marca, vencedora de prêmios como o Excelência Empresarial, é revendida em praticamente todos os estados brasileiros, no Japão e no Reino Unido.
 
“A crise econômica não prejudicou nossas vendas. Em dois anos, calculo, elas triplicaram”, comemora Renato Mol, um dos donos da Goiabada Zélia. As mudanças no rótulo e nas embalagens, que ocorreram por sugestão de consultores especializados em marketing, podem até parecer insignificantes para boa parte dos consumidores, mas atraíram nova clientela. “A alteração da embalagem foi fundamental. O rótulo, por exemplo, foi substituído por um mais rústico, que tem mais a cara de goiabada. A ideia é valorizar o conceito artesanal do alimento. Também mudamos a parte interna da embalagem, o que garantiu uma apresentação melhor do produto”, esclarece Renato.
 
Ele e a irmãs ainda fizeram parcerias com vendedores de doce de leite em Viçosa, cidade da Zona da Mata referência nesse tipo de mercadoria, para que o produto feito em Ponte Nova seja vendido na companhia de outra iguaria tradicional da culinária mineira.
 
Fonte: Jornal Estado de Minas


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