A chuva preocupa os produtores de trigo do Paraná. O excesso de umidade aumenta a possibilidade de pragas e de doenças e dificulta a entrada do produtor no campo para o manejo da cultura."Chuva demais nunca é bom para o trigo", diz Hugo Godinho, do Deral (Departamento de Economia Rural do Paraná).Essas chuvas estavam previstas, mas vieram antecipadas. O problema é se não for apenas uma antecipação, mas se houver uma continuidade delas, acrescenta.
A Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná mantém uma estimativa de 1,32 milhão de hectares para o cereal, devido principalmente ao incremento de área no norte do Estado.Essa área, sem grandes mudanças em relação à anterior, deverá render próximo de 4 milhões de toneladas.
Godinho diz que, devido às dificuldades atuais provocadas pelo clima, o Deral aguarda uma melhora nas condições no campo para fazer nova avaliação. Só depois será possível a entrada dos técnicos nas lavouras, diz ele.Apesar dessa espera, Godinho já avalia as condições atuais da lavoura em condições piores. Classificadas antes como 96% em boas, a avaliação atual já aponta para 90%. Outros 9% estão em condições médias, e 1%, em condições ruins.
O setor, que está em alerta com possíveis quebras de produção devido às chuvas, sentiu alívio com a ausência de geadas. O excesso de umidade dificulta a formação desse fenômeno climático.
Parte dos produtores que se arriscam a entrar na lavoura para combater as doenças está tendo uma elevação dos custos e pouco resultado.Esse aumento de custos acontece em um momento em que o produtor recebe, em média, R$ 33,50 por saca, abaixo dos valores dos meses anteriores.Diante das estimativas atuais de safra no Brasil e na Argentina, é provável que o produtor brasileiro tenha de conviver novamente com a concorrência do trigo importado de regiões fora do Mercosul.
Avaliação da Bolsa de Cereais de Buenos Aires indica que a área de trigo da safra 2015/16 será de 3,75 milhões de hectares.Na safra anterior, os argentinos plantaram 4,4 milhões de hectares e colheram 10,1 milhões de toneladas.Tradicionais fornecedores de trigo ao Brasil, os argentinos têm perdido espaço no mercado brasileiro devido à quebra de produção nos últimos anos.
Na safra 2012/13, a produção deles recuou para apenas 8 milhões de toneladas, bem abaixo da média dos últimos anos. Em 2007/08, a produção do país, por exemplo, foi de 16,4 milhões de toneladas, segundo o Ministério da Agricultura.O cenário mundial não é muito favorável aos produtores nesta safra. A produção deverá ser de 722 milhões de toneladas, estável em relação à anterior, mas os estoques finais sobem para 220 milhões.Se confirmado, esse volume corresponderá a 31% do consumo mundial, um recorde, segundo estimativas do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Veículo: Jornal Folha de S.Paulo
Excesso de chuva prejudica lavoura de trigo no Paraná
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