Setor mira em medicamento isento de prescrição para ampliar faturamento

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                                Desaceleração da economia já afeta demanda por medicamentos, mas farmacêuticas continuam apostando no potencial de crescimento deste negócio no mercado brasileiro nos próximos anos



As farmacêuticas estão ampliando os investimentos em linhas de medicamentos isentos de prescrição (MIP) para alavancar as vendas. Com crescimento constante nos últimos anos, o segmento vem ganhando relevância na estratégia das empresas do setor."O mercado de MIP cresce um pouco mais quando comparado ao restante do setor farmacêutico, padrão que deve se manter nos próximos anos", avalia o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), Jonas Marques.

Para ele, a quantidade de inovações em produtos e o preço baixo em relação aos medicamentos que exigem prescrição ajudam a explicar esse avanço em ritmo mais acelerado. "Considerando o fato de que esse mercado ainda não está consolidado no País, então temos muito espaço para crescer", afirma.

A diminuição da renda dos consumidores, entretanto, tem impactado a demanda por esses medicamentos e, em 2015, o avanço deve ser mais fraco quando comparado a anos anteriores."As empresas sofrem com os mesmos problemas de todo o setor farmacêutico, como o impacto da desvalorização do real sobre os custos com a importação de matéria-prima. Mas mesmo com uma desaceleração do consumo, a categoria ainda cresce dois dígitos", diz o dirigente.

A Aspen Pharma, fabricante das marcas Leite de Magnésia e Kwell, avançou no ano passado cerca de 15% em volume de vendas de MIP. Em 2015, a empresa projeta alta de 8%."Nos últimos anos, passamos a investir mais na divisão de MIP, que vem crescendo com a aquisição da marca leite de magnésia", conta o gerente de marketing da empresa, Jackson Figueiredo.

Atualmente, os medicamentos isentos de prescrição representam cerca de 40% dos negócios da fabricante no Brasil.Segundo o executivo, a Aspen aposta na categoria de MIP para ampliar ganhos em volume. "Temos intenção de cada vez mais aumentar a fatia de MIP no faturamento", cita.

Na avaliação de Figueiredo, o segmento de MIP pode ser uma alternativa para as farmacêuticas explorarem novos mercados, sem a concorrência acirrada que enfrentam na disputa pelo segmento de medicamentos de prescrição.De olho na possibilidade de expansão das vendas de MIP, a fabricante de genéricos Prati Donaduzzi vem ampliando o portfólio e atualmente produz cerca de 60 medicamentos isentos de prescrição."A empresa vem acompanhando o crescimento desse mercado nos últimos anos e, baseado nisso, decidiu reforçar seu portfólio e lançar uma linha de multivitamínicos diferenciada", informou a empresa em nota enviada ao DCI.

Na Aché, a divisão de MIP, que hoje representa cerca de 11% da receita, também vem ganhando maior participação nos últimos anos."A perspectiva é que os negócios de MIP ganhem cada vez mais importância. Esse ano, entretanto, as vendas estão crescendo em menor ritmo", conta o diretor da unidade MIP Aché, César Bentim.

Ele explica que a estratégia da empresa para continuar crescendo deve ocorrer por meio do lançamento de produtos próprios ou pela aquisição de marcas no mercado.Dona dos selos Decongex e Flogoral, a Aché espera lançar sete novos produtos na divisão de MIP no primeiro semestre do ano que vem."Vamos continuar investindo na divisão no próximo ano e podemos lançar ainda mais produtos. Mas neste caso dependemos principalmente da liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para entregar os produtos ao mercado", revela Bentim.

Desafios

O executivo lembra que um dos principais desafios do setor é o tempo de espera para aprovação de um MIP. "Hoje, o período para liberação é similar ao de um medicamento de prescrição", cita ele.Jonas Marques, da Abimip, lembra que uma das principais demandas do setor é a melhora da regulamentação. "Já existe uma regulamentação, mas que não é muito clara. Então as fabricantes de MIP precisam sempre submeter um medicamento por vez para aprovação na Anvisa", conta ele.

Com a melhora dos parâmetros para regular o setor, o dirigente espera que as empresas consigam manter a expansão na casa dos dois dígitos."Se as fabricantes mantiverem investimentos em inovação e oferecerem promoções, sem dúvida continuarão crescendo", diz Marques.



Veículo: Jornal DCI



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