Setor industrial cobra mudanças na proposta original de ajuste fiscal

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Desoneração da folha compromete segmentos industriais

 



Um dos empresários mais próximos da presidente Dilma Rousseff, José Antonio Fernandes Martins, vice-presidente de relações institucionais da Marcopolo, sustentou que a proposta original do governo de ajuste fiscal, principalmente em relação à desoneração da folha de pagamento, compromete a indústria, com destaque para os setores com grande número de funcionários. Exemplifica com a atividade de transportes de cargas e passageiros, uma das vocações de Caxias do Sul. "Quase tudo é feito de forma artesanal, poucas tarefas são automatizadas."

De acordo com Martins, a proposta do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de elevar de 1% para 2,5% a alíquota sobre o faturamento das empresas para efeitos previdenciários é prejudicial e ameaça a viabilidade de setores industriais. Também diretor institucional da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, Martins relata que, em recente encontro de empresários com o ministro, na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), foram expostas sugestões para mudar a proposta original. Uma delas é aplicar o índice de forma escalonada ao longo de três anos. "No primeiro, teríamos 1,5%; no segundo, 2%; e no terceiro, o teto de 2,5%." Outra sugestão é excluir da proposta os setores mais afetados pela medida, algo como 15 a 16 atividades. "Para os demais, que empregam menos, seria aplicada a proposta original."

Acompanhados das centrais sindicais de trabalhadores, os empresários também expuseram a preocupação ao presidente Eduardo Cunha, da Câmara dos Deputados, onde o tema será definido. De acordo com Martins, as sugestões serão formalizadas na forma de emendas ao projeto. "A desoneração aumentou o déficit fiscal do governo. Mas não dá para, agora, jogar todo o ajuste nas costas da indústria."

A CIC, de acordo com seu presidente, Carlos Heinen, também se manifestará em documento formalizando apoio às sugestões. "Precisamos pressionar os órgãos do governo para resolver a questão da maneira mais suave possível. Não dá para ser no atropelo, porque pode quebrar a indústria", acrescentou Martins. Ele lembrou, por exemplo, que o setor de transporte urbano tem folha de pagamento que equivale a 40% do faturamento. "Com a desoneração da folha, veio a redução da tarifa. Agora, mais que dobra a incidência. Isto acaba com o transporte."

A próxima ação do empresariado será conversar com o presidente Luciano Coutinho, do Bndes, com a meta de alterar a proposta do PSI 4, que elevou a taxa de juros e reduziu o prazo de pagamento e o valor financiado do bem. O governo quer cobrar 9,5% de juros e financiar 70% do bem para pequenas empresas; e 10% de juros e financiar 50% para grandes empresas. O prazo de pagamento será limitado em 72 meses.

A proposta dos empresários é fixar juros de 9%, financiamento de 90% e amortização em 120 meses, sem distinção entre as empresas. "Algo terá de ser feito, porque a indústria de bens de capital não suportará a proposta do governo", definiu José Antonio Martins. Como exemplos da situação complicada, cita a queda de 50% na produção nacional de implementos rodoviários pesados no primeiro trimestre na comparação com igual período do ano passado e de 30%, no primeiro bimestre, no segmento de carrocerias de ônibus.

De acordo com Martins, "o ministro não será insensível a ponto de quebrar as empresas. Não é justo penalizar um setor que é responsável por valor tão expressivo de impostos."



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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