Para 2014, as principais expectativas do varejo estão em torno do segmento de vestuário e eletroeletrônicos, em virtude do calendário mundial. No próximo ano, as redes supermercadistas investirão em um mix de produtos que incluirá artigos da Copa, como vestuário, bebidas e diversos artigos relacionados ao evento. A rede Coop (Cooperativa de Consumo), que espera encerrar 2013 com um crescimento de 9,5% - só na seção alimentar -, planeja um espaço dedicado exclusivamente à Copa do Mundo.
Marcel Solimeo, economista chefe da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) reforça o destaque dos supermercados no crescimento da economia brasileira, que fechará 2013 com um crescimento de 3% sobre 2012. O setor de supermercados, como de costume, saiu na frente e encerrará este ano com uma evolução de 4,5%. A aposta nesse setor é alta, e alinhado a isso está o Grupo Pão de Açucar (GPA), que segundo dados de mercado pretende realizar nos próximos três anos uma expansão orgânica. A empresa, procurada pelo DCI, não confirmou, porém, os dados.
Imagina na Copa
Depois do crescimento do varejo inferior às expectativas para 2013, a ACSP segue com projeções pessimistas para o ano que vem, mesmo diante de eventos como Copa do Mundo e eleições. Com convicções diferentes, porém, alguns varejistas apostam no calendário mundial. Ondamar Ferreira, gerente-geral da rede Armarinhos Fernando, em entrevista ao DCI afirmou ter crescido um total de 6% em 2013, considerando faturamento e clientela. O diferencial para esse crescimento, aponta Ferreira, é o modelo de negociação com o fornecedor. Esse modelo é sustentado pelos pilares da quantidade e frequência de compra. A redução de custo conseguida é repassada ao cliente, que então tem acesso a produtos com preços menores. Ferreira diz ter crescido 5,5% no faturamento, em relação ao mesmo período (outubro a dezembro) do ano passado. O gerente-geral conta que as negociações para os artigos da Copa do Mundo no Brasil já estão em vigor. "Nossa grande aposta para o ano que vem é a Copa. Vamos focar no que o público que vem à região quer: variedade, coisa simples a preço de pechincha", garantiu. O carro-chefe será o mascote da Copa, a um ticket médio de R$ 120,00.
Já Luiz Gustavo Ramos, gerente de vendas da Coop disse que suas ofertas são consequência de uma compra centralizada, sendo todos os produtos transportados a uma única central de distribuição. "Além disso, nós temos a percepção de quais são os produtos mais ou menos sensíveis a uma redução de preço. As commodities (arroz, feijão, açúcar, café), são vendidos em volumes significativamente maiores se têm um preço com alguns centavos a menos. O consumidor mudou de hábito, e prefere embalagens maiores e econômicas. Sabemos investir nisso", ressalta. Este ano, a Coop deve crescer cerca de 11% e a estimativa para o próximo ano é ter um faturamento entre 10% e 12% maior do que o de 2013.
Balanço
Depois do aquecimento acelerado da economia, que vinha sendo observado nos últimos anos, em decorrência do aumento real da renda, concessão de créditos, baixa taxa de juros e facilidades de financiamento, a opinião de analistas diante das pesquisas é obrigatoriamente menos otimista. A projeção de crescimento do varejo para 2014 não foge dos 3% observados em 2013 sobre 2012. "Tem de se preparar para o pior e esperar o melhor", diz Solimeo. "A Copa não deve ser positiva no geral, exceto nas principais áreas de turismo e nos centros comerciais próximos de onde serão os jogos".
As pesquisas da Associação Comercial de São Paulo mostram que a economia de São Paulo teve um crescimento de menos de 2%, bem abaixo da média do País, que ficou em torno de 3,5%. Solimeo aponta que esse diferencial é consequência das oportunidades de expansão das regiões do Centro-Oeste, produtor e exportador de agropecuária, e do Nordeste, que tem sido destaque na economia brasileira devido a renda que para ali é transmitida e acaba financiando o negócio do morador nordestino. Enquanto isso, a economia paulistana já não tem para onde expandir em pleno vigor.
Vai junto ao ônibus
Além do desaquecimento da economia de São Paulo, vários comerciantes dizem que têm perdido mercado por causa das faixas exclusivas de ônibus. Marcel Solimeo conta que o impacto dessa medida da prefeitura de São Paulo interfere nas "vendas por impulso", já que desde a demarcação das faixas ônibus, os consumidores em potencial já não têm acesso às vitrines, principalmente das pequenas lojas, que não se sustentariam em centros comerciais. O segmento de vestuário representa em média 25% do faturamento das "vendas por impulso". Para os economistas da ACSP, a questão das faixas de ônibus ainda é assunto que será muito discutido entre os comerciantes.
Veículo: DCI