Indústria pára sem laranja de qualidade

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Além de uma safra, pelo menos, 10% menor, os problemas climáticos da florada de laranja do ano passado provocaram paralisação da produção de suco da fruta na maior unidade da Citrosuco no Brasil, empresa do Grupo Fischer, localizada em Matão (SP). Até o final da tarde de ontem, a empresa não tinha confirmado oficialmente a paralisação. Mas fontes da Citrosuco afirmaram que as atividades foram suspensas na semana passada e que, nesta quinta-feira, uma nova reunião iria definir a data de retorno da moagem.

Maurício Mendes, presidente da Agra-FNP, explica que, além da falta de matéria-prima no mercado, a indústria pode ter reduzido o ritmo de moagem por conta de altos estoques (nos EUA estão 60% mais elevados), resultado de um consumo mundial menor. "Os estoques estão altos e, por isso, a necessidade de moer a fruta e embarcar é menor. Se tivesse muito contrato a cumprir, a indústria daria um jeito de colher", avalia Mendes.


Ontem, havia rumores de que outras indústrias de suco, como a Citrovita, Cutrale e Louis Dreyfus Commodities (LD Commmodities), também haviam decretado férias coletivas pelo mesmo motivo. Mas, a assessoria de comunicação das três empresas retornaram garantindo que a moagem prossegue. "Fizemos planejamento para manter oferta estável durante o funcionamento das fábricas", diz Henrique de Freitas, diretor de Citros da LD Commodities.

Não se tem estimativas do prejuízo que a paralisação da fábrica da Citrosuco causou à empresa. Mas, a suspensão da colheita está sendo motivo de revolta entre os citricultores. "Como a previsão é de suspensão por 20 dias, até a matéria-prima atingir maturação, não podemos dispensar os colhedores. Assim, continuamos a pagar o salário base de R$ 500 por colhedor, apesar de eles não estarem trabalhando", lamenta José Oswaldo Junqueira, presidente do Sindicato Rural de Bebedouro (SP).

A tendência, segundo ele, é que esse intervalo maior de colheita entre as variedades precoces e tardias se mantenha daqui em diante com a tendência de redução da área da variedade pêra rio, que faz a ligação entre as duas colheitas (precoce e tardia). Nesta safra, esse intervalo que costuma ser de 40 dias, foi ampliado em 75 dias, por causa de problemas na florada.


Freitas, da LD Commodities, explica que a redução do consumo de suco de laranja nos Estados Unidos e na Europa, aliado a produção grande na Flórida interfere nos preços internacionais - que ontem recuaram 3,7% na CME Futures, com a ínfima possibilidade de furacão atingir pomares da Flórida. "Nossa incógnita a partir de agora é saber se a demanda vai recuperar com preços mais baixos", diz Freitas.

 

 

Veículo: Gazeta Mercantil 


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