Carga tributária de 37,3% do PIB é novo recorde semestral, diz estudo

Leia em 3min 30s

Para um PIB de R$ 1,383 tri, contribuintes pagaram R$ 515,36 bi em tributos

 

Mais uma vez, a carga tributária voltou a registrar recorde no Brasil. No primeiro semestre deste ano, os contribuintes pagaram R$ 515,36 bilhões em tributos aos três níveis de governo, valor 15,9% superior aos R$ 444,66 bilhões arrecadados de janeiro a junho de 2007.

 

A carga tributária é a soma dos tributos federais, estaduais e municipais pagos por todos os contribuintes no país. Como o PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro semestre foi de R$ 1,383 trilhão, a carga tributária no período foi de 37,27%, ou 1,24 ponto percentual superior aos 36,03% do mesmo período do ano passado.

 

O cálculo é do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), entidade que reúne profissionais do setor que se dedicam a estudos tributários de natureza institucional, setorial e empresarial.

 

A Receita Federal não divulga a carga tributária por semestre, mas apenas uma vez por ano. Para o fisco, "na literatura técnica especializada, bem como nas divulgações de órgãos oficiais ou não, predomina o uso da periodicidade anual para o cálculo da carga tributária em todo o mundo. Isso porque o ciclo econômico, que afeta a mensuração do PIB e a base imponível dos impostos, dá-se ao longo de um ano".

 

Segundo o advogado Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT, analisando-se os últimos 12 meses (julho de 2007 a junho deste ano), constata-se que a carga tributária deste ano será superior a 37% -um novo recorde. No ano passado, a carga foi de 36,08% do PIB, segundo o IBPT. A Receita ainda não divulgou o dado de 2007 -o último dado disponível é o de 2006, de 34,23% do PIB.

 

Somente em âmbito federal, a carga do primeiro semestre avançou R$ 49,89 bilhões em relação a 2007, passando de R$ 305,54 bilhões para R$ 355,43 bilhões, segundo o IBPT. Esse valor supera em muito os R$ 38 bilhões que seriam obtidos se a CPMF tivesse sido prorrogada (o tributo do cheque foi extinto em 1º de janeiro deste ano).

 

Note-se que o aumento foi obtido em apenas seis meses, provando que a prorrogação da CPMF não era necessária, como previam os que eram contrários a sua manutenção.

 

Mantida essa tendência até o final do ano, o governo federal terá cerca de R$ 100 bilhões a mais em seu cofre -algo como 2,6 vezes a CPMF.

 

Formalidade ajuda

 

Amaral diz que um dos principais motivos da maior arrecadação foi o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que passou de R$ 3,66 bilhões no ano passado para R$ 9,67 bilhões em 2008 -no caso, mais 164,2%.

 

Os principais fatores que contribuíram para o aumento da carga tributária neste ano foram o maior número de trabalhadores com registro em carteira (elevando as receitas da contribuição ao INSS e ao FGTS) e os ganhos salariais (que elevam a receita com o Imposto de Renda). Com o crescimento econômico, as empresas faturam mais e pagam mais IR e CSLL (contribuição sobre o lucro). O aumento das importações também ajudou a elevar a receita do Imposto de Importação.

 

Os Estados elevaram sua arrecadação em R$ 18,47 bilhões -de R$ 115,80 bilhões no primeiro semestre de 2007 para R$ 134,27 bilhões neste ano. Os municípios arrecadaram mais R$ 2,33 bilhões, uma vez que a arrecadação passou de R$ 23,32 bilhões em 2007 para R$ 25,65 bilhões no período de janeiro a junho deste ano.

 

Os contribuintes pagaram R$ 2,83 bilhões em tributos em cada um dos 182 dias do primeiro semestre. Foram R$ 117,98 milhões por hora, R$ 1,97 milhão por minuto e R$ 32,77 mil por segundo. Neste ano, pela primeira vez na história, os contribuintes pagarão R$ 1 trilhão em tributos no mesmo ano -esse número deverá ser alcançado na última semana deste ano, segundo previsão do IBPT.

 

Veículo: Folha de S.Paulo


Veja também

Nervosismo faz Bovespa cair 7,59%; risco País avança 16%

Bolsa tem maior queda desde atentados de 11 de setembro e volta ao nível de agosto de 2007   O pâni...

Veja mais
Cartão-benefício mira baixa renda e exterior

Para driblar a concorrência com Ticket e Sodexo, líderes do segmento de cartões múltiplos con...

Veja mais
Indústrias de fertilizantes e de têxteis temem escassez de gás

Se o fornecimento de gás natural da Bolívia tiver redução de 30%, já seria o suficien...

Veja mais
O mito da tributação elevada no Brasil

As especificidades do Brasil dificultam comparações. Cabem duas observações que desconstroem...

Veja mais
Governo pode adotar corte de gás em térmicas

Segundo Lobão, medida faz parte de plano de contingência que está pronto   O governo brasile...

Veja mais
Dólar supera R$ 1,80, e BC não compra mais moeda

Divisa americana sobe mais 1,68% e acumula valorização de 11,2% no mês.Autoridade monetária i...

Veja mais
Produtos básicos põem ES no topo do PIB

Produção capixaba cresce 15,8% sustentada pelas exportações   Enquanto a média...

Veja mais
Falência de empresas cai 34,38% em um ano

Dados da Associação Comercial de São Paulo mostram diminuição no número de fal...

Veja mais
Falta de consenso sinaliza redução na velocidade de alta em outubro

O Comitê de Política Monetária do Banco Central promoveu, ontem, mais uma elevação na ...

Veja mais