Para exportadores, dólar ideal deveria estar acima de R$ 2

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O cenário para exportadores brasileiros deve piorar no curto prazo. É o que aponta a pesquisa sobre a desvalorização do dólar frente ao real, realizada pela Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex). De acordo com o estudo, 68% das empresas entrevistadas acham que o dólar vai se desvalorizar ainda mais. E para todas elas, a cotação ideal da moeda americana seria entre R$ 2 e R$ 2,20.

 

Para manter essa faixa cambial, o BC precisa incentivar a exportação de produtos mais caros. "Temos competitividade para isto, mas temos alguns produtos como infraestrutura logística, carros, aviões e eletrodomésticos. No longo prazo outras moedas vão entrar no cesto, mas quando os EUA deixarem de ser o maior comprador", concluiu Calil.

 

Para Roberto Segatto, presidente da instituição, "a pesquisa nos alerta sobre a grande possibilidade de o dólar vir a se desvalorizar ainda mais. Com isso as importações devem crescer , trazendo produtos desnecessários, os quais já produzimos em larga escala. Há perigo da compra de supérfluos também", declara.

 

Das 414 empresas entrevistadas, 94% alegaram que o dólar no patamar de R$ 1,70 será extremamente prejudicial ao comércio exterior, e diante desta alegação, 83% afirmam que as importações devem crescer até o final do ano e no início de 2010 e 98% enfatizaram que a maior prejudicada será a indústria brasileira.

 

"Com a desvalorização dá moeda norte-americana frente a moeda brasileira, nós tínhamos a certeza de que as compras externas iriam aumentar, ainda mais com a proximidade das festas de final de ano, agora que o dólar está na casa dos R$ 1,70; R$ 1,80, tenho certeza que o percentual das importações deve subir mais ainda, e em contrapartida, as exportações tendem a cair no mesmo período", argumentou Mauro Calil, professor do Centro de Estudos Calil & Calil.

 

Todas as empresas, no entanto, frisaram que o governo pode e deve ajudar a conter a desvalorização cambial. Para reverter este quadro Segatto afirma que o governo deve procurar reduzir para o exportador a perda cambial que resulta em menor lucro ou prejuízo, através de medidas compensatórias, como reduzir a carga tributária sobre produção, controlar a entrada de capitais especulativos através de um prazo mínimo de permanência no país e aplicar uma taxação sobre a entrada de moeda estrangeira.

 

"Outra medida muito eficiente seria atrair investimentos em ativos fixos, para as empresas já existentes, como também, induzir empresas estrangeiras a aportarem no Brasil", acrescentou.
Calil insere ainda entre os meios do governo ajudar a indústria, a redução tarifária. "Se a União reduzir os impostos sobre a folha de pagamentos, sobre matérias primas e produtos, faria que a cadeia de exportação ficasse mais competitiva perante ao mercado internacional. Alguns impostos como PIS, Cofins e ICMS não são recolhidos, mas temos que pensar amplamente, como no pão que o operário come na fábrica, ele está carregado de imposto e esses pequenos custos se ficarem mais baratos tornam o polo fabril mais competitivo".

 

Segundo o professor, a queda do dólar se acentuou pelo grande numero de investimentos dentro da bolsa de valores. "Mesmo comprando muito dólar, o Banco Central não consegue segurar o dólar, pois a oferta é muito maior do que a capacidade de compra".

 


Veículo: DCI


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