Alta de preços industriais no atacado eleva inflação medida pelo IGP-DI

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O início da retomada da economia mundial já se reflete nos preços de commodities industriais, que puxaram para cima a inflação medida pelo (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI). Em setembro, o índice teve variação positiva de 0,25%, maior alta desde outubro do ano passado, quando havia subido 1,09%.

 

Para o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, produtos ligados à indústria, que sofrem variações devido ao mercado externo, contribuíram de forma decisiva para o resultado. Foi o caso da celulose, que subiu 5,56% no atacado, depois de ter registrado deflação de 1,87% em agosto, e da amônia, que ficou 17,80% mais cara, após elevação de 7,97% em agosto.
"O reaquecimento da economia mundial provoca alta nas taxas para a indústria, especialmente entre os materiais para manufatura. Isso tem a ver com o cenário mundial", afirmou Quadros.

 

O Índice de Preços por Atacado (IPA) subiu 0,29% em setembro, influenciado pelos produtos industriais, que ficaram 0,63% mais caros, o que resultou numa contribuição de 0,40 ponto percentual dentro do índice. Por outro lado, impactados pelos alimentos in natura, os itens agrícolas tiveram deflação de 0,76%. Isso significou contribuição negativa de 0,19 ponto percentual, compensando, em parte, a alta dos produtos industriais.

 

Ainda no atacado, o preço do açúcar cristal subiu 19,04%, após alta de 5,62% em agosto. O impacto do açúcar, segundo Quadros, foi compensado pela queda do tomate. Mesmo assim, a quebra na safra na Índia, segundo maior produtor mundial, vem fazendo com que seja exportado maior quantidade do produto.

 

Na esteira da alta da cana-de-açúcar (de 1,45% para 3,33% em setembro), o álcool hidratado subiu 7,71%, depois de elevação de 3,55% em agosto. "Há repercussão no preço do álcool. Como se produz mais açúcar diante da forte demanda, acaba faltando álcool", observou Quadros.

 

A alta de 0,18% do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) ficou em linha com a variação de 0,20% verificada em agosto. Os preços dos bens duráveis tiveram deflação de 3,39%, mas segundo Quadros, deverão começar a subir daqui para frente, à medida que começarem a terminar as desonerações fiscais concedidas pelo governo.

 

No Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), a variação foi de 0,15%, ante deflação no mês anterior (0,05%). O grupo materiais e equipamentos subiu 0,15%, após deflação de 0,38% em agosto.

 

No acumulado dos últimos 12 meses, o IGP-DI tem deflação de 0,65%. A perspectiva é que essa taxa caia ainda mais em outubro, mas nos dois meses finais de 2009, deve se aproximar de zero. Mesmo assim, Quadros aposta em deflação no final de 2009, que seria a primeira da história, no acumulado fechado em um ano.
 


Veículo: Valor Econômico


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