Cheques sem fundos batem recorde de 18 anos na crise

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O número de cheques sem fundos bateu recorde histórico em maio no país, mas continua no terceiro lugar na lista de inadimplência dos consumidores, depois das dívidas com cartões de crédito e empresas de financiamento e das pendências com os bancos, divulgou na quinta feira a empresa de análise e gerenciamento de crédito Serasa Experian. O indicador de cheques sem fundos da entidade apontou 25,2 devoluções de cheques a cada mil compensações, a maior quantidade registrada desde 1991.

 

No total, foram devolvidos 2,49 milhões de ordens de pagamento e compensadas 98,74 milhões no mês. Para os técnicos da Serasa, o recorde foi reflexo dos resultados da crise, como alta do desemprego e um maior uso do cheque pré-datado para contrabalançar os ajustes na oferta de crédito.

 

Analistas afirmam que a expectativa de retomada da economia no segundo semestre deverá tornar menor a inadimplência nos cheques nos próximos meses. Na variação de maio sobre abril, a ampliação na soma de cheques devolvidos foi de 13,5% (em abril, foram devolvidos 22,2 cheques por mil compensações).

 

O acréscimo no número de cheques retornados também pode ser explicado pelas vendas do Dia das Mães. Além disso, as compras da Páscoa divididas em parcelas e os gastos com esse e com o feriado do Dia de Tiradentes também ajudaram na elevação da estatística em maio.

 

"Houve um estímulo ao consumo provocado tanto pelas vendas do Dia das Mães, como pela quantidade de feriados prolongados no mês anterior, o que gerou uma pressão de gastos. No final, o consumidor, endividado, acaba tendo que fazer a opção sobre o que pagar", avaliou o assessor econômico da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida.

 

Segundo os técnicos da Serasa, por causa dessa sazonalidade, maio costuma registrar maior devolução. Na comparação de maio de 2009 com igual mês de 2008, o volume de cheques devolvidos a cada mil compensados aumentou 18,9%. Em maio de 2008, houve 21,2 devoluções por mil. No total, foram devolvidos em maio do ano passado 2,40 milhões de cheques, e compensados 113,19 milhões.

 

Com a devolução recorde de maio de 2009, o índice de cheques devolvidos por insuficiência de fundos também registrou recorde no acumulado de janeiro até o quinto mês: 23,6 para cada mil compensados, o maior número de devoluções nessa base de comparação desde 1991, quando começou a pesquisa.

 

Ao todo, foram devolvidos 12,11 milhões de cheques nos primeiros cinco meses do ano, e compensados 512,73 milhões. Sobre igual período de 2008, o número de cheques devolvidos cresceu 16,3%. Por Estado, nos cinco primeiros meses de 2009, o ranking de cheques sem fundos foi liderado pelo Acre, com 97,6 devolvidos a cada mil compensados, seguido por Maranhão (97), Roraima (91,2) e Amapá (89,6). São Paulo é o último da lista, com 18,3.

 

No balanço acumulado entre janeiro e abril, as compras em cheque tanto à vista como a prazo teve no primeiro tiveram um salto de 16,5% em relação a igual período de 2008. No mesmo período haviam sido devolvidos no país uma média de 23,3 cheques a cada mil compensados, um total de 9,63 milhões de cheques sem fundos para 413,99 milhões emitidos.

 

No primeiro quadrimestre de 2008, a média foi de 20 devoluções para cada mil compensações. Na ocasião, o crescimento dos cheques sem fundos já refletiam, segundo os técnicos da Serasa, os desdobramentos da crise financeira mundial no país, com o desaquecimento da atividade econômica e a redução no número de empregos formais.

 

Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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