Crise ainda não afetou comércio

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A crise internacional ainda não afetou o comércio, afirmou o ex-diretor do Banco Central e chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes. Segundo ele, que participou nesta quinta-feira de almoço na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), promovido pelo Sindicato das Sociedades de Crédito Financiamento e Investimento dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Secif), a indústria sofreu bastante com os reflexos da crise, mas o comércio já projeta crescimento para este ano.

 

"O comércio está resistente. A desaceleração tem sido lenta. Se pegarmos os dados do primeiro trimestre deste ano e compararmos com igual período do ano passado, vamos ver que a queda é muito pequena. A massa real de salário tem desacelerado mais lentamente. O crédito da pessoa física tem voltado. Tudo vai depender da evolução do emprego. Se estiver em processo de desaceleração lenta, o comércio vai se manter e fechar o ano com 3% ou 4% de crescimento", disse o ex-diretor do BC.

 

Carlos Thadeu defendeu que em momentos mais conturbados, como no fim do ano passado, não se pode ficar esperando a próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) para decidir sobre os rumos da taxa básica de juros da economia brasileira (Selic). "Em momentos não convencionais, é preciso que o Banco Central seja menos litúrgico. No ano passado, em dezembro, já era óbvio que a taxa de juros deveria ser mais baixa, mas a decisão foi demorada, pois ficou-se esperando a data da próxima reunião."

 

Juros. O economista disse, porém, que a economia já se recuperou e não há mais necessidade de reuniões de emergência. Thadeu aposta que os juros devem encerrar 2009 em cerca de 8,5% ao ano, mas não sabe com que intensidade serão feitos os próximos cortes.

 

"Agora, com a situação voltando a alguma normalidade, o Banco Central pode seguir com a taxa de juros em queda nas próximas reuniões. A taxa poderia encerrar o ano em 8,5% ou 9%, mas a questão é saber se vai ser mais rápido ou menos rápido. O BC pode optar por cortes mais lentos, pois ainda não se sabe se a atividade está voltando em ritmo rápido ou não. Hoje, a indústria está fraca. Há uma capacidade ociosa da economia enorme, então há espaço para redução da Selic", afirmou.

 

O ex-diretor do BC elogiou as decisões de alguns bancos, como o Banco do Brasil e o Bradesco, que esta semana reduziram suas taxas de juros. O Bradesco ainda estendeu o prazo para o financiamento de habitação e veículos. Segundo ele, os bancos estão com muita liquidez, pois reduziram os empréstimos desde o início da crise.

 

Também participaram do evento o presidente do Secif, José Arthur Lemos de Assunção, o presidente da Câmara de Comércio Internacional (CCI), Theophilo de Arezedo Santos, e o presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros, Henrique Claudio Maués.

 

Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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