Presidente do BNDES confirma plano para criação do Eximbank brasileiro

Leia em 3min 10s

O BNDES estuda maneiras de atuar integralmente como um Eximbank tradicional, somando ao financiamento de exportações as atividades de seguro de crédito, operações de garantias e financiamentos, em casos especiais, a importações, confirmou ontem o presidente do banco, Luciano Coutinho. A mudança, que concentraria no BNDES atividades de apoio a exportadores hoje distribuídas por outros órgãos de governo, como a Secretaria do Tesouro, não tem ainda data para ser concretizada, e dependerá de aprovação do Congresso para essa mudança de atribuições, por projeto de lei ou medida provisória, disse Coutinho.

 

"Foi uma iniciativa do Ministério da Indústria e Comércio, que nos solicitou formatar esse projeto de constituição completa de um Eximbank, uma agência de crédito à exportação, como todos os países têm", comentou Coutinho. "Quando combinado com outros instrumentos, o financiamento à exportação é mais poderoso", defendeu o presidente. O projeto pode resultar em uma subsidiária do BNDES, a depender da "modelagem" da proposta, informou Coutinho.

 

Em audiência da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o presidente do BNDES informou, ainda, que quer apoiar o financiamento de serviços de educação e saúde prestados por empresas privadas. O BNDES já entrou como cotista de um fundo dedicado a esse tipo de investimento e, se o mercado mostrar-se favorável à criação de novos fundos para esses dois setores, terá colaboração do banco.

 

A ideia de criação do Eximbank é mais uma das iniciativas do governo para facilitar a vida dos exportadores, que devem sofrer ainda por um bom tempo com a crise internacional e a redução dos mercados, disse Coutinho. No governo, não se cogita o fim das operações do Banco do Brasil no apoio a exportação, com adiantamentos de contrato de câmbio (ACC) e Antecipação de Cambiais Entregues (ACE), linhas de financiamento para produção e para compra de produtos de exportação. O BNDES também reduziu recentemente o custo de suas linhas de pré-embarque (produção para exportação) como maneira de compensar a crise para os exportadores, lembrou Coutinho.

 

O presidente do BNDES previu que o dinamismo do mercado interno e "decisões autônomas de investimento", poderão garantir um crescimento de "no mínimo" 4% para a economia brasileira em 2010, recuperando-se da queda em 2009, quando o crescimento ficará em 1% ou pouco abaixo disso. "Claro que (o país) pode crescer 6% ou 7%, precisa investir para isso", comentou. As atividades que dependem do setor externo sofrerão dificuldades por mais algum tempo, especialmente as que exigem pesados investimento em capital como siderurgia, indústria automobilística e produção de máquinas e equipamentos para a indústria, previu.

 

Coutinho repetiu para os senadores o diagnóstico positivo para a economia brasileira que vem defendendo nos últimos dias. O risco Brasil vem caindo consistentemente desde dezembro abaixo da média dos países emergentes, e ficou em 306 em abril, bem abaixo dos 471 da média de outros países com nível similar de desenvolvimento; as principais commodities exportadas pelo país, como soja e minério de ferro, tiveram suas cotações estabilizadas no mercado internacional, e a massa salarial, medida da capacidade de consumo dos assalariados, continuou crescendo, mesmo com a queda de emprego, compensada pelo aumento do salário mínimo e dos salários em alguns setores.

 

Após listar as medidas do governo e dos bancos oficiais para minimizar os efeitos da contração do crédito, Coutinho mostrou dados para sustentar a tese de que, além do consumo das famílias, que mantém o dinamismo do mercado interno, o país será beneficiado por um ciclo de investimentos de setores que não dependem da conjuntura, como o de petróleo e gás, o setor elétrico, o de telecomunicações e o de logística, todos beneficiados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
 


Veículo: Valor Econômico


Veja também

BC manterá regime para fortalecer reservas

No dia em que a cotação do dólar caiu abaixo de R$ 2,00, o presidente do Banco Central, Henrique Me...

Veja mais
Brasil e mais 28 países vão à OMC

O Brasil e uma coalizão de 28 países acusam americanos e europeus de terem transformado a declaraç&...

Veja mais
Inadimplência de empresas cresce para 2,9%

Apesar de apresentar ligeira queda em abril, o saldo de crédito para pessoa jurídica se recupera no trimes...

Veja mais
Acordo deverá elevar vendas do Brasil à UE

O Brasil poderá ter ganho adicional de € 200 milhões em exportações de açú...

Veja mais
Sergipe reduz ICMS têxtil em troca de emprego

O governo de Sergipe oficializou ontem acordo com o Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem do...

Veja mais
Queda da taxa básica no Brasil é estrutural, diz presidente do BC

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ontem que a redução nas taxas de juros locais n...

Veja mais
Confiança do consumidor avança pelo terceiro mês consecutivo

A perspectiva de melhora da economia cresceu pelo terceiro mês consecutivo dando continuidade à tendê...

Veja mais
Crise permite substituição de importações

Os insumos nacionais ganharam espaço dos importados nas compras da indústria brasileira depois que o pa&ia...

Veja mais
Índice que mede a confiança dos consumidores avança em maio

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) avançou para 100,5 pontos em maio, acima dos 99,2 registr...

Veja mais