Brasil acumula retração de 57,7 mil vagas no 1º- trimestre

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O Brasil gerou 34,8 mil novos empregos formais em março. É um resultado positivo, mas abaixo da aposta feita anteriormente pelo ministro do Trabalho e Emprego , Carlos Lupi, de que o mês terminaria com 100 mil novos postos de trabalho com carteira assinada. No acumulado do primeiro trimestre do ano, entretanto, verifica-se uma retração de 57,7 mil postos de trabalho. Isso reflete a força das 101 mil demissões verificadas em janeiro, um impacto negativo que não pôde ser revertido com o tímido saldo positivo de 9 mil postos de trabalho em fevereiro e mais os quase 35 mil de março. Esses dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), monitoramento do emprego formal feito pelo governo. Ontem o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, apresentou os dados do Caged de março e disse que abril será mais generoso na geração de empregos e conseguirá reverter o saldo negativo de empregos acumulado em 2009.

 

Em sete anos, é a primeira vez que o primeiro trimestre registra saldo negativo na geração de empregos. Nos primeiros três meses do ano passado, 554 mil vagas foram abertas entre janeiro e março. O resultado mais fraco havia sido registrado no primeiro trimestre de 2003, com 140 mil novos empregos formais. "Vamos ter resultado positivo em abril. Há encomendas da China e recuperação do mercado de trabalho nos estados que formam o triângulo da geração de empregos, que são Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais", disse Lupi. Como efeito da crise econômica, o setor produtivo cortou postos de trabalho entre novembro de 2008 e janeiro de 2009, com um enxugamento de 797 mil empregos. O pico das demissões ocorreu em dezembro, com 654 mil dispensas.

 

Em março, os principais setores que contribuíram na geração empregos foram os da indústria extrativa mineral, serviços, construção civil, administração pública e a agropecuária. Os segmentos que foram superavitários na área do emprego geraram 80,2 mil postos de trabalho no mês passado. Em contrapartida, os segmentos do comércio e a indústria de transformação seguiram tendência contrária e, juntos, eliminaram 45,4 mil postos de trabalho em março. No mês passado, a indústria metalúrgica cortou 11,8 mil empregos, a indústria mecânica eliminou outros 7,9 mil postos de trabalho e a indústria de material de transporte enxugou outros 5 mil empregos. Já o setor de calçados criou 4,4 mil novas oportunidades de trabalho, o que, segundo Lupi, representa a reativação da competitividade do setor com o novo patamar cambial. A indústria da borracha, fumo e couros aumentou em 2,5 mil a oferta de vagas formais, impulsionada pelas exportações, disse o ministro do Trabalho.

 

A indústria de transformação mantém a tendência de cortar postos de trabalho desde novembro, sem tréguas, e em cinco meses já demitiu 501 mil pessoas. No comércio, o ritmo de dispensas tornou-se constante a partir de dezembro, o que representa um corte acumulado de 85,8 mil postos de trabalho em quatro meses. Apesar dos persistentes maus resultados na indústria de transformação, Lupi mantém o otimismo em relação ao setor. "Os estoques de vários setores começaram a esgotar, empresas já estão fazendo turnos extras, a indústria de transformação começa a se recupera", disse o ministro do Trabalho.

 

Os números do Caged são obtidos a partir do fluxo total de admissões menos o resultado de demissões. No mês passado, houve um total de 1,419 milhão de admissões e 1,384 milhão de dispensas. Na comparação com março do ano passado, houve uma retração de 0,9% no fluxo de contratações, enquanto que nas demissões houve um avanço de 12,9%. Considerando o fluxo em 12 meses encerrado em março (ou seja, cálculo que inclui meses que antecederam a chegada da crise econômica), o estoque de emprego formal cresceu 2,7%, o que representa 840 mil postos de trabalho.

 

O balanço do emprego formal de março mostrou que em 16 estados houve melhora do cenário do mercado de trabalho. São Paulo gerou 34,2 mil empregos, o Rio de Janeiro registrou 6,1 mil novas oportunidades de trabalho e Minas Gerais criou 9,3 mil novos empregos. Em situação oposta, Alagoas cortou 15,5 mil empregos e Pernambuco eliminou outros 22,2 mil postos de trabalho, situação que o ministro Lupi considerou sazonal, por estar vinculada à produção de cana. Por regiões, houve saldo positivo no fluxo entre demissões e admissões no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, com corte de empregos no Norte e no Nordeste.

 

Nas nove principais áreas metropolitanas houve geração de 5,6 mil postos de trabalho no mês passado, refletindo saldos positivos nas regiões das cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Curitiba e Fortaleza e retrações na oferta de trabalho em Recife, São Paulo e Belém. A região metropolitana de São Paulo registrou corte de 3,2 mil empregos no mês passado, enquanto que no Rio de Janeiro a expansão foi de 7,5 mil novos postos e em Belo Horizonte, mais 4,2 mil empregos.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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