Presidente da Suzano acredita na recuperação do preço da celulose

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A recuperação da demanda chinesa por celulose de fibra curta é hoje a principal fonte do otimismo que volta a ganhar força entre os fabricantes brasileiros do insumo. Graças ao aumento das vendas no país asiático, a trajetória de queda dos preços da celulose naquela região, iniciada em setembro passado, foi interrompida, após acumular desvalorização superior a 50% em sete meses.

 

Para o diretor-presidente da Suzano Papel e Celulose, Antonio Maciel Neto, este é um momento ainda marcado por incertezas, como a indefinição sobre quando os preços de celulose voltarão a se recuperar, mas também por uma constatação: os preços do insumo já atingiram seus níveis mais baixos, o que cria a esperança de que o pior da crise já passou.

 

Outros indicadores positivos, segundo o executivo, são a retração da produção de fabricantes menos competitivos, principalmente instalados no hemisfério Norte, e a leve retomada da oferta de seguros de crédito à exportação, que são garantias aos fornecedores caso a exportação de mercadorias não seja concluída por alguma razão comercial, operacional ou política.

 

Esses sinais de recuperação facilitaram a tarefa da Suzano de decidir pela manutenção dos investimentos nas fábricas a serem construídas no Maranhão e no Piauí, com início de operação previsto para 2013 e 1014 respectivamente - a terceira unidade fabril do novo ciclo de expansão da companhia e a expansão de Mucuri (BA), no entanto, foram postergados.

 

As concorrentes Aracruz e Votorantim Celulose e Papel (VCP), por sua vez, reviram todos seus projetos e agora trabalham sem previsão de cronograma para novas unidades. Por isso, e pela presença significativa da companhia no segmento de papéis, Maciel acredita que a Suzano está em uma posição privilegiada em relação às demais empresas brasileiras.

 

Conversa rapida: Antonio Maciel Neto

 

Nesta entrevista, Maciel reiterou seu otimismo com a China, ressaltou a solidez financeira da Suzano diante da crise e ainda revelou que a companhia está atenta a oportunidades no segmento de papel.

 

- Os fabricantes brasileiros de celulose destacaram nas últimas semanas a recuperação das vendas para a China. O momento é realmente positivo naquele mercado?
Antonio Maciel Neto: A China de fato retomou fortemente as compras.

 

- O que explica esse movimento?
Em 008, os chineses operaram com estoques muito altos porque os preços subiam. Depois de setembro, no entanto, passaram a operar com estoques baixos, com a perspectiva de que os preços poderiam ser menores. Agora, voltaram a comprar. Isso é explicado porque os estoques estão baixos, mas também há a possibilidade de que estejam comprando por causa da perspectiva de que os preços podem voltar a subir.

 

- Mas o desempenho do mercado chinês não é acompanhado por outras regiões, como a Europa. A China pode compensar o fraco desempenho europeu?
Acho que a China não compensa sozinha a Europa, mas é importante destacar que o desempenho da celulose de eucalipto é positivo. O eucalipto, produzido no Brasil, está crescendo sobre outras celuloses de fibra curta e também sobre a celulose de fibra longa. Uma prova disso é que os embarques de celulose de eucalipto cresceram 12,3% em fevereiro, sobre fevereiro do ano passado. Já as vendas de celulose de fibra curta caíram 7,4%, enquanto que as vendas de fibra longa tiveram queda de 13,9%.

 

- O desempenho recente da celulose de fibra curta, principalmente na China, pode refletir em alta de preços, após meses de queda?
Acho que a recuperação de preços deve começar por lá. Não tenho como dizer se a recuperação será imediata ou daqui a alguns meses, mas o natural é que a retomada aconteça na China. O que acreditamos em relação à China é que o preço mais baixo já ocorreu.

 

- Esse preço mais baixo ficou próximo dos US$ 400 por tonelada?
Ficou na faixa de US$ 390 a US$ 400. Agora os preços operam com certa estabilidade.

 

- E a situação dos seguros de crédito à exportação? Houve algum avanço?
Em março já houve uma recuperação razoável, de 10% a 15% em relação à oferta que vimos em meses anteriores. Nos primeiros dias de abril também já vemos negociação de algumas seguradoras de créditos.

 

Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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