Novo indicador do Ipea alerta que avanços sociais, econômicos e ambientais dos últimos anos correm risco

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IQD (Índice de Qualidade do Desenvolvimento) foi apresentado hoje no Senado e aponta instabilidade

 

O IQD (Índice de Qualidade do Desenvolvimento), mais novo indicador   do grupo que o Ipea vem criando, aponta que a qualidade do desenvolvimento brasileiro é instável, ou seja, que o crescimento econômico, a distribuição de renda e a inserção externa do país não evoluem na mesma direção e que vem caindo desde o final do ano passado.

 

Mantendo-se a atual trajetória, já em maio, o país corre o risco de começar a perder os avanços econômicos, ambientais e sociais conquistados neste século.

 

O IQD agrega dados de três subíndices:

 

- Índice de Qualidade do Crescimento (cujas variáveis são produção setorial, massa salarial, confiança dos empresários e meio ambiente); 

- Índice de Qualidade da Inserção Externa (composição das exportações, investimento estrangeiro, termos de troca, renda líquida enviada ao exterior e reservas internacionais);

- Índice de Qualidade do Bem-Estar (taxa de pobreza, mobilidade social, desigualdade de renda, desemprego e ocupação formal).

 

Cada um dos índices varia entre zero (péssimo para o desenvolvimento) e 500 (ótimo para o desenvolvimento), e a média dessazonalizada dos três resulta no Índice de Qualidade do Desenvolvimento.

 

O novo indicador foi lançado hoje (26/3) em sessão extraordinária da Comissão de Assuntos Sociais do Senado. O presidente do Ipea, Marcio Pochmann, apresentou o IQD na comissão, que é presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS).

 

Participaram da mesa de debates o secretário nacional de Economia Solidária, Paul Singer, e o professor titular do departamento de pós-graduação em economia da PUC-SP Ladislau Dowbor, e o representante do TCU (Tribunal de Contas da União) Carlos Eduardo Sampaio de Freitas.

 

“Acho importantíssima essa contribuição do Ipea, com os novos indicadores que vem criando, porque precisamos priorizar a qualidade de vida das pessoas”, disse o professor Ladislau Dowbor.

 

Em janeiro, o Ipea lançou o Sensor Econômico, que afere as expectativas do setor produtivo – patrões e empregados, que representam de 80% do PIB brasileiro. Os próximos indicadores vão apontar satisfação do cidadão com as políticas públicas e a expectativa das famílias.

 

“No Movimento Nossa São Paulo, na Capital paulista, levantamos mais de 130 indicadores desagregados para cada uma das subprefeituras, um conjunto inédito de dados. Ações como a do Movimento e a do Ipea tem de ser multiplicadas”, destacou Dowbor.

 

Para o secretário Paul Singer, o país e o mundo precisam se libertar da “ditadura dos números” e ter mais indicadores de satisfação e qualidade.

 

“Também precisamos melhorar os sistemas de medição dos impactos ambientais”, disse Singer. “Vejo que o IQD acompanha emissões de carbono e pontos de devastação; já é um começo, e é louvável a iniciativa. Mas precisamos de mais. Precisamos sofisticar nosso monitoramento”, apontou o secretário.

 

Participaram da sessão os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Marcelo Crivella (PRB-RJ), Efraim Moraes (DEM-PB), Fernando Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Mão Santa (PMDB-PI), Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC), José Nery (Psol-PA), Roberto Cavalcanti (PRB-PB) e Valdir Raupp (PMDB-RO).

 

Para ver o IQD completo e o Sensor Econômico, que já está em seu segundo número, basta acessar o portal eletrônico do Ipea, www.ipea.gov.br.

 

Veículo: IPEA -  Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada


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