Países do Bric escaparão do lamaçal financeiro

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Conforme estimulado pelo Goldman Sachs Group em 2001, essa abordagem se focaliza no Brasil, Rússia, Índia e China. Embora os mercados acionários desses países tenham ficado abalados como os da América do Norte e Europa em 2008, a maioria poderá se recuperar mais depressa e oferecer um crescimento sustentável.Apenas a economia da Rússia provoca algumas questões.

 

Afetada por problemas com empréstimos, desemprego e preços baixos do petróleo, a economia russa irá se contrair este ano e é a mais fraca da família Bric. A população russa diminuiu em 2008 pelo 14 ano consecutivo.
China, Índia e Brasil são outra história. É impossível ignorar o crescimento populacional e o capital humano nesses países em desenvolvimento, que não possuem uma fração sequer das debilidades que o sistema bancário ocidental possui.

 

Outra razão para a fé renovada na estratégia Bric - ou melhor dizendo, Bic (excluindo a Rússia) - é a eventual separação econômica da China em relação aos Estados Unidos. Em algum momento, a China irá se livrar de sua dependência na receita com exportações e se concentrar na demanda doméstica. Essa é uma boa notícia para os investidores internacionais, diante da população de mais de 1,3 bilhão de chineses.
China, Índia e Brasil não estão sendo tão afetados pelos problemas de débil alavancagem dos EUA e Europa. Os três países são candidatos improváveis aos empréstimos no estilo norte-americano para consertar o mercado bancário e o de imóveis residenciais.

 

E também é pouco provável que os três se vejam atrelados à inflação e às dívidas quando a recessão global terminar.
Com a reunião cúpula do G20 tendo início em 2 de abril, o diretor do Banco Popular da China, Zhou Xiaochuan, sugeriu na semana passada que o dólar não deveria ser mais a moeda reserva do mundo.

 

A China tem um motivo forte para adquirir sua independência econômica. Embora o crescimento econômico tenha desacelerado frente a 13% em 2007, está sendo sustentado pelo plano de incentivo do governo de US$ 585 bilhões.
Como acontece com o pacote de ajuda dos EUA, os líderes chineses se focalizaram nos projetos de infraestrutura até o final de 2010 e poderão lançar outra rodada.

 

Os projetos de moradias populares, ferrovias, estradas, aeroportos e de reconstrução na província de Sichuan (devastada por um terremoto no ano passado) estão sendo realizados. A economia da China, terceira maior do mundo, possivelmente avançará quase 8% em 2009. Em contrapartida, as do Japão, Coréia do Sul e Taiwan poderão regredir este ano.
Entretanto, o mercado acionário da China não reflete a relativa força financeira do país.

 

Ao contrário dos EUA, que tomam emprestadas grandes quantias da China e de outros países para financiar seu programa de incentivos e outros gastos governamentais, a China alavanca sua economia por meio de um gigantesco pool de dinheiro vivo.
Apenas suas reservas em moedas estrangeiras chegam a quase US$ 2 trilhões. E os consumidores chineses são também poupadores prodigiosos.

 

O futuro da China não é só um mar de rosas. Lidando com um colapso no comércio mundial, o país ainda enfrenta fechamentos maciços de fábricas, inquietação social, e estimados 20 milhões de desempregados.

 

O prognóstico para o Brasil e Índia também é de crescimento.

 

O Brasil cresceu 5% no ano passado e o País, rico em recursos naturais, irá se beneficiar com o comércio com a China que também cresce. A Índia, que está recebendo um impulso com o incentivo do governo de US$ 31 bilhões, também verá uma melhoria na demanda doméstica.

 

Algumas das mais significativas recuperações nos mercados acionários mundiais aconteceram nas bolsas do Bric este ano. Até o final da semana passada, a Bovespa do Brasil avançou mais de 11%, o Micex da Rússia, 31%, BSE Sensex 30 da Índia, cerca de 4%, e o Índice Composto de Xangai da China captara mais de 30% em 2009.

 

Entretanto, não encare a China ou qualquer outro país em desenvolvimento como um salvador instantâneo para seu portfólio. Os mercados emergentes individualmente ainda são muito voláteis.

 

Invista no longo prazo em um índice internacional amplamente diversificado ou em um fundo negociado em bolsa como o Vanguard Total World Stock Fund, ou o iShares S&P Global 100 Index Fund.

 

No meio tempo, pense além do atual lamaçal financeiro que afeta as importantes economias industriais. Se você pode se dar ao luxo de permanecer no mercado de ações, seu melhor investimento pode ser o que for mais distante e menos visado.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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