Poupança tem maior captação para meses de fevereiro desde 95

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Aplicações somaram R$ 80,61 bi, as retiradas, R$ 78,27 bi e o saldo foi de R$ 2,33 bilhões


Os depósitos em caderneta de poupança superaram os saques em R$ 2,33 bilhões em fevereiro, de acordo com dados divulgados ontem pelo Banco Central. Apesar de ter ficado abaixo dos R$ 2,62 bilhões verificados em janeiro, a captação líquida da poupança no mês passado foi a maior para meses de fevereiro desde o início da série do BC em 1995.


As aplicações na caderneta em fevereiro somaram R$ 80,61 bilhões e as retiradas, R$ 78,27 bilhões. Com a captação líquida no mês passado e os rendimentos creditados no período, que somaram R$ 1,42 bilhão, o estoque depositado na aplicação financeira mais popular do País atingiu R$ 326,96 bilhões. Em janeiro, o saldo era de R$ 323,21 bilhões.


A despeito do forte desempenho da poupança em fevereiro e também nos últimos meses, os dados mostram que a tão temida migração em massa de recursos dos fundos de investimento para essa modalidade não ocorreu.


Em fevereiro, o conjunto dos fundos de investimento, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Ambima), captou liquidamente R$ 8,8 bilhões. Quase metade foi para fundos de Renda Fixa ou referenciados no Depósito Interfinanceiro (DI), juro que baliza os empréstimos entre os bancos e que é próximo da taxa Selic. Ou seja, a caderneta engordou, mas foi acompanhada do crescimento das aplicações alternativas do mercado financeiro, refletindo principalmente o crescimento da renda do brasileiro.


Nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, a poupança teve ingressos líquidos de R$ 35,09 bilhões. Enquanto isso, o conjunto dos fundos captou R$ 100,9 bilhões. Os fundos de Renda Fixa captaram R$ 21,34 bilhões, os DI tiveram resgate líquido de R$ 5,12 bilhões e os multimercados (que operam em renda fixa e variável), ingressos de R$ 36,9 bilhões nos últimos 12 meses.


Quando começou a baixar agressivamente a taxa básica de juros (Selic) no ano passado, o próprio BC alertou para o risco de desequilíbrios no sistema financeira diante de patamares inéditos da Selic. O medo era que os investidores sacassem recursos dos fundos e fossem para a caderneta - que não é tributada e tem taxa fixa de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR) - o que colocaria em risco não só a indústria de fundos, mas também a rolagem da dívida pública.


O governo chegou até a preparar medidas para reduzir a rentabilidade líquida da poupança, mas diante da reação antecipada dos partidos da oposição, o cálculo político prevaleceu e o governo engavetou a proposta.


Segundo o diretor de Tesouraria e Gestão de Risco do banco BES Investimento, Paulo Saba, a perspectiva de elevação dos juros neste ano ajuda a mitigar esse risco de migração. Além disso, ele avaliou que fatores como "tradicionalismo" dos clientes e o temor de que o governo adotasse medidas para reduzir o rendimento líquido da caderneta também contribuíram para evitar que tal movimento ocorresse.


O analista explicou que o crescimento da caderneta simultaneamente ao dos fundos de investimento é um reflexo da melhora na situação da economia, que eleva a renda e o emprego das pessoas físicas e o lucro das empresas. "Esse desempenho reflete uma economia mais pujante. Se a recessão prevalecesse, não haveria dinheiro indo para aplicações financeiras", argumentou. Segundo ele, a maior taxa de poupança também reflete o "excesso de liquidez" no sistema financeiro.


Veículo: O Estado de S. Paulo


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