Emprego e massa salarial vão ajudar a sustentar o consumo em 2010

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As perspectivas para o emprego e a renda são bastante animadoras para este ano, o que deve ajudar a sustentar o consumo. Para Fabio Romão, economista da LCA, a recomposição da mão de obra industrial e a aceleração dos setores de construção civil e serviços vão impulsionar o emprego no ano. A estimativa da LCA é que o saldo de criação de postos de trabalho em 2010 seja de 1,9 milhão, pouco inferior aos 2 milhões previstos pelo Ministério do Trabalho. Assim, a expectativa é de um aumento próximo a 3% na ocupação, número semelhante ao aumento da renda.

 

A massa total de rendimentos, segundo cálculos de Romão, deve crescer 6% no ano - a maior elevação desde os 6,2% registrados em 2006. A conta inclui o total de assalariados e também os beneficiários da Previdência. Apenas a massa de benefícios previdenciários deve crescer 6,5% neste ano, também a mais elevada taxa de crescimento desde 2006, quando alcançou 6,8%. Descontado o ganho de renda proporcionado pelo reajuste do mínimo, a massa previdenciária cresceria 4,7%. "Isso demonstra o quão significativo é o efeito do reajuste real do salário mínimo", diz.

 

Segundo Romão, cerca de um quarto dos trabalhadores brasileiros tem seu rendimento laboral, formal ou não, indexado ao salário mínimo. No Nordeste, o impacto é ainda maior, uma vez que 48% dos rendimentos têm o mínimo "como farol de reajuste".

 

A perspectiva de aumento da renda aumenta a base de potenciais tomadores de crédito, além de melhorar o perfil da dívida. Segundo Wellington Gomes, diretor de novos negócios da SysOpen, empresa especializada em soluções para recuperação de crédito, "o simples aumento do mínimo, de R$ 465 para R$ 510, já provoca uma grande diminuição de risco para os bancos, que podem emprestar mais a taxas levemente inferiores", diz. Segundo Gomes, a oferta de crédito deve se expandir em 30% neste ano.

 

"O aumento na concessão de crédito foi maior que a elevação da renda, mas isso não se reverteu em problemas de inadimplência", diz Luiz Rabi, analista da Serasa Experian. Depois de bater em 8,6% na primeira metade do ano passado, a inadimplência recuou a partir do segundo semestre, encerrando novembro em 8,1%, nível mais baixo desde dezembro de 2008, mas ainda acima dos 7% a 7,5% observados de janeiro a agosto daquele ano. Segundo o economista, a inadimplência deve girar em torno de 7,5% neste ano.

 

A inadimplência, no entanto, aumentou no fim do ano, registrando alta de 3% entre novembro e dezembro, segundo dados da Serasa. No ano, os primeiros meses de negócios mais fracos serviram para contrabalançar a trajetória de alta dos últimos meses. A inadimplência do consumidor encerrou 2009 com crescimento de 5,9%, na comparação com 2008, alta menor que os 8% verificados entre 2007 e 2008. Rabi, por sua vez, não vê cenário problemático. "Deve haver uma piora neste primeiro trimestre por fatores sazonais, como pagamento de contas e empréstimos tomados para bancar o consumo de fim de ano, mas melhorará ao longo do ano." (SL e JV)
 

 

Veículo: Valor Econômico


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