Acordo de comércio com EUA é prioridade, diz Amorim

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O acordo de comércio e investimentos entre Brasil e Estados Unidos tem de estar na agenda prioritária dos dois países neste ano, disse o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, a Thomas Shannon, novo embaixador dos EUA no Brasil. Shannon, que veio ao país para entregar, no Itamaraty, o pedido de apresentação das credenciais ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi surpreendido pela informação de que seria recebido pelo próprio Amorim. Ele comunicou ao ministro que a secretária de Estado, Hillary Clinton, pretende vir ao país "o mais breve possível".

 

Shannon chegou sexta-feira, no fim da manhã, a Brasília, e voltou a Washington no sábado. Falando em português, socorrendo-se eventualmente do espanhol, que fala muito bem, o diplomata americano informou a Amorim que Hillary disse "apreciar" o diálogo que tem mantido com o brasileiro, sobre os temas regionais e globais. O diplomata pretende voltar em fevereiro, quando, esperam os dois governos, ele será recebido pelo presidente Lula e começará a atuar oficialmente como embaixador dos EUA.

 

Criticado pela oposição por suas opiniões em favor do fim das barreiras nos EUA ao etanol brasileiro e pela atuação na redução de tensões com Cuba e em Honduras, Shannon teve de esperar quase nove meses para que parlamentares retirassem as objeções à sua nomeação e aprovassem a indicação. Até o ano passado, ele atuava como secretário-adjunto de Estado para o Hemisfério Ocidental, encarregado da diplomacia americana para as Américas.

 

A proposta de acordo de investimentos e comércio foi levantada no ano passado pelo representante comercial dos Estados Unidos, Ron Kirk, em visita ao Brasil. O acordo facilitaria a discussão de redução de barreiras não tarifárias e burocráticas no comércio bilateral, projetos conjuntos de investimentos e um eventual acordo sobre bitributação. A conversa de Shannon e Amorim, realizada em tom ameno, durante a qual o americano mais ouviu do que falou, tocou também em temas polêmicos.

 

Amorim comentou com o americano que o Brasil se preocupa em não deixar que a situação política em Honduras encoraje tentativas de golpe de Estado na região. Repetindo uma frase que tem usado nas conversas sobre o assunto, o ministro afirmou que o Brasil não pretende "brigar com os fatos". Mas "há uma diferença entre isso e legitimar o que aconteceu", acrescentou, ao informar que o Brasil tem interesse em trabalhar com os Estados Unidos na transição em Honduras para a normalidade democrática.

 

O ministro também comentou as divergências entre os dois países motivadas pelo envio de militares americanos para operação em bases instaladas na Colômbia. Amorim enfatizou a necessidade de contato permanente e troca de informações entre o governo americano e os governos da região, argumentando que esse "contato fluido" é fundamental para evitar crises provocadas por falta de informação, ou impedir que manifestações dos segundos escalões comprometam os objetivos dos governos.

 

Amorim citou como exemplo de perturbação as notícias, vindas dos Estados Unidos, de que autoridades americanas teriam identificado ligações entre a Al Qaeda e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, com implicações para o território venezuelano. O ministro comentou com Shannon que a troca constante de informações evitará que eventuais divergências sejam interpretadas como conflitos entre Washington e Brasília.

 


Veículo: Valor Econômico


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