FGV muda índice e passa a coletar preços na fábrica e no campo

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A partir de abril, IPA será calculado sem incidência de IPI e de frete, mas nome será mantido

 

A partir de abril, a Fundação Getulio Vargas (FGV) vai mudar o cálculo do Índice de Preços por Atacado (IPA), que passará a medir a variação de preços ao produtor e não mais a variação de preços de distribuidores, atacadistas ou intermediários. Com peso de 60% nos Índices Gerais de Preços (IGPs), o IPA, que será conhecido oficialmente como Índice de Preços ao Produtor Amplo, mantendo a velha sigla, vai coletar preços diretamente nas fábricas e no campo. "A maior novidade é que, a partir de abril, vamos tirar dos produtos do novo IPA a incidência do IPI e do frete, pois queremos uniformizar o cálculo dentro do conceito de preço FOB, ou porta de fábrica", disse Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV.

 

A ideia da reforma que a FGV está fazendo no IPA foi movida pela necessidade de modernizar o indicador, criado em 1947, já que atacado é uma expressão que foi se perdendo no tempo. Muitas transações hoje não têm mais intermediação como tinham antigamente, diz Quadros. Segundo ele, outros países já fizeram essa transição há mais tempo. "Começamos a trabalhar com uma equipe especial nas mudanças há três anos, quando contratamos a consultoria do economista Irwin Gerduk, que durante 28 anos coordenou o Índice de Preço ao Produtor (PPI) dos EUA. "

 

As modificações feitas a partir de 2006 incluíram reforma do cadastro de informantes e mudança do perfil da cesta de produtos e pesos do IPA e já foram implementadas entre 2007 e 2008. A nova lista de produtos encolheu, passando de 462 para 356, sendo atualizada com base na nova Pesquisa Industrial Mensal-Pessoa Física, do IBGE. "Diminuímos o número de produtos na lista, mas isso não quer dizer que tenha uma cobertura menor. Anexamos produtos novos, como o celular, e trabalhamos com produtos mais agregados. Também eliminamos muitos produtos agrícolas in natura sem peso expressivo no indicador, como alface e chuchu e mantivemos apenas dez: abacaxi, banana, batata inglesa, coco, feijão, maçã, mamão, tomate e uva, com 3,14% da ponderação de 100% do IPA."

 

Na reforma do índice foi fundamental a atualização do cadastro de informantes, com a eliminação dos distribuidores. "A atualização do cadastro foi conceitual. Vamos avançar com o que se faz no mundo, trabalhar com o produtor", disse Quadros. Ao todo, o novo cadastro do IPA comporta hoje 2 mil informantes, com uma concentração em grandes e médias empresas. No campo, a maioria da coleta é feita via pesquisa indireta em cooperativas de produtores, associações e órgãos públicos estaduais.

 

Indagado sobre o impacto da medida na inflação calculada pelos IGPs, Quadros disse que "a médio prazo não vai mudar nada", nem há influência na série histórica do indicador. "O que pode acontecer no momento em que o frete subir é que não vou ter essa alta captada no índice. O IPA vai subir menos do que subiria se incluísse a alta do frete ou vice-versa. O que o frete representa é uma porção pequena do preço final do produto. Não integra o preço do produto na porta da fábrica, que é o que queremos medir."

 

Segundo ele, no futuro, quando houver qualquer alteração na alíquota do IPI, o IPA não vai mais registrar nenhum impacto. "Esse não é um resultado que muda tendência. Como em 2009 teve isenção do IPI em automóveis e bens duráveis, se já tivéssemos feito essa reforma há mais tempo, a deflação do IGP-DI no ano teria sido um pouquinho menor, mas a mudança no IPA não tiraria a característica de deflação geral do índice."
 

 

Veículo: Valor Econômico


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