Inflação deve se acelerar em 2010, mas sem passar da meta

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Nesta última semana de novembro, enquanto as projeções para inflação em 2009 tiveram queda, as previsões para o próximo ano são de aceleração dos índices de preço. De acordo com o relatório Focus, divulgado ontem pelo Banco Central (BC), as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2009 passaram de 4,26% para 4,25%, enquanto que a inflação para o próximo ano cresceu de 4,43% para 4,45% no mesmo período, alcançando o mesmo índice de duas semanas atrás.

 

"Para 2010, o aumento da inflação será uma tendência. Não há um consenso entre os especialistas. Mas com uma economia mais aquecida e com eleições acirradas do próximo ano, o índice poderá crescer, ficando dentro do centro da meta prevista [4,5%], sem ultrapassá-la", analisa professor de derivativos e riscos do Insper, Alexandre Chaia.

 

Diferentemente da opinião da maioria dos economistas, o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, não acredita que a inflação deva crescer no próximo ano. "Por conta da questão cambial, com o preço do dólar menor para o atacado, não forçará um aumento do IPCA", justifica Oliveira. "A inflação deve ficar entre as taxas de 4% a 4,5%, de acordo com a meta."

 

As expectativas quanto ao Produto Interno Bruto (PIB) também apresentaram novidades nesta segunda-feira. Para este ano, o mercado espera uma queda do PIB, passando de 0,21% para 0,20%. Com relação a 2010, o valor se mantém o mesmo há duas semanas (5%). "No ano que vem, ninguém sabe ao certo o que vai acontecer. A curto prazo que veremos mudanças mais significativas do PIB", entende Chaia. "A demanda está aquecida, mas não como a China, que cresce 10% ao ano. O PIB brasileiro deve crescer entre 4,5% a 5% nano que vem", prevê Oliveira.

 

Outro dado discutido entre os economistas é a taxa de câmbio. Este ano, segundo o relatório Focus, a previsão mantém estável há seis semanas, ao valor de R$ 1,70. Para 2010, as projeções também permanecem as mesmas no mesmo período (R$ 1,75). O vice-presidente da Anefac comenta que o que pode mudar o cenário de 2010, são as alterações na legislação cambial do BC, que, para ele, servirá, apenas "para que a taxa não caia ainda mais". Já o professor tem outra reflexão. "Essa transformação está mais na ordem estrutural."

 

O que para Chaia chama mais atenção é a relação dívida pública/PIB que continua alta. As expectativas dos economistas para a dívida do setor público cresceram em uma semana, passando de 44% para 44,05% com relação ao PIB. Em 2010, também houve um aumento de 42,35%, ante 42,10% do último relatório.

 

Diferenças

 

As demais inflações avaliadas pelo mercado tiveram algumas diferenças. O IPC-Fipe, de 2009, cresceu em uma semana, passando de 3,91% para 3,93%. No ano que vem, o índice continua inalterado há uma semana em 4,40%. Com relação à inflação medida pelo IGP-M, o índice teve queda, com deflação de 1,17% deste relatório, ante recuo de 1,10% do último documento.

 

No próximo ano, as previsões indicam que o valor deve manter-se estável em 4,50%, o mesmo de 23 semanas. Já o IGPD-I permanece igual da última pesquisa (deflação de 0,84%). Em 2010, as expectativas, estão estáveis há 79 semanas (4,50%).

 

A meta da taxa Selic, tanto para este ano quanto para o próximo continuam estáveis. No primeiro caso, ao índice de 8,75% (há 23 semanas) e no segundo, de 10,50% (há seis semanas).

 

As projeções do mercado para a produção industrial continuam em queda, com declínio de 7,64% para recuo de 7,72%. No próximo ano, a projeção dos economistas é de crescimento, de 6,85% para 6,88%, seguindo a tendência de três relatórios atrás.

 

Segundo as previsões do mercado, a conta corrente apresentou queda de 1,57%, passando de deflação de US$ 17,25 bilhões, para baixa de US$ 17,52 bilhões. Para 2010, os decréscimos permanecem caindo há 7 semanas, de declínio US$ 35, 50 bilhões para recuo de US$ 36 bilhões.

 

Os economistas acreditam que o resultado da balança comercial caia tanto para 2009 quanto para 2010. Neste ano, a média das projeções é de que o superávit passe de US$ 25,20 bilhões para US$ 25 bilhões, de acordo com a última informação do BC. No ano que vem, espera-se queda de US$ 13,40 para US$ 13 bilhões.

 

Com relação o valor do Investimento Estrangeiro Direto (IED) continua estável para este ano e o próximo, mantendo seqüência de US$ 25 bilhões em duas semanas e de US$ 35 bilhões, há três semanas, respectivamente.

 


Veículo: DCI


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