Principal destino do 13º é pagar as dívidas

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Para quem está com as contas em dia, investir é uma boa opção

 
 
A primeira parcela do décimo terceiro salário deve aterrissar na conta dos brasileiros no dia 30 de novembro. Além das compras de Natal, o recebimento desse dinheiro extra é uma boa oportunidade para quitar dívidas e fazer uma reserva para as despesas de início de ano, como tributos e matrículas escolares. Mas há boas opções para os que querem investir.

 

"O cenário para a economia brasileira em 2010 é bastante promissor, e pode-se começar a investir agora, para colher os frutos ao longo do ano que vem", diz o consultor em finanças Marcos Crivelaro, professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap). As previsões dos economistas para 2010 apontam um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 5% e 6%, com geração de 1 milhão de postos de trabalho, investimentos em infraestrutura e uma pequena elevação da taxa básica de juros, a Selic, a partir do segundo semestre.

 

O pagamento do décimo terceiro salário deve injetar R$ 84,6 bilhões na economia brasileira este ano, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o equivalente a 2,8% do PIB brasileiro e superior aos R$ 78 milhões do ano passado. A predisposição para poupar é pequena: apenas 1% dos brasileiros devem usar esses recursos para investir, segundo estudo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). A maioria (64%) pretende pagar dívidas com o 13º salário - um resultado 4 pontos porcentuais acima do ano passado (60%).

 

"O dinheiro extra deve ser utilizado para pagar dívidas, em primeiro lugar; em segundo, deve ser colocado na poupança uma reserva para o pagamento das despesas que chegam em janeiro e fevereiro, como tributos e matrículas escolares. O que sobrar pode ser investido na própria poupança, que continua rendendo mais do que alguns fundos de investimentos, ou no Tesouro Direto, que aceita aplicações a partir de R$ 100", diz Alcides Leite, professor de economia e finanças da Trevisan Escola de Negócios.

 

Segundo ele, como o valor do 13° salário não é alto, as alternativas ficam mais restritas e tendem a ser menos arrojadas. "Mais importante que investir esse recurso extra é usá-lo para fazer uma reserva que poderá ser utilizada ao longo do ano, para emergências." Ele acrescenta que a poupança, que rende em torno de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR) é uma boa aplicação para este fim, pois também está livre de Imposto de Renda.

 

A poupança se mantém uma opção interessante, na avaliação de Leite, pois continua à frente de algumas aplicações de renda fixa, como os CDBs. Segundo ele, o governo parece ter abandonado a ideia de taxar a poupança para evitar a migração dos fundos de investimento para a velha caderneta.

 

No caso do Tesouro Direto, Leite recomenda títulos pós-fixados, em especial as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs), atreladas à Selic. "Há perspectiva de aumento da Selic em 2010, especialmente no segundo semestre. Esses títulos são interessantes para quem pretende resgate a médio prazo."

 

BOLSA

 

Quem não tem dívidas e tem um pouco a mais para investir pode ser ousado. O consultor Marcos Crivelaro recomenda a bolsa para quem tem acima de R$ 15 mil e não tem pressa de sacar os rendimentos. "Setores ligados à infraestrutura e construção civil devem crescer bastante em 2010 e também nos anos subsequentes, em razão de eventos como Copa do Mundo e Olimpíada", diz Crivelaro. Para Leite, o mercado de capitais deve ser recordista no ranking de retorno para o investidor, em 2010. "A bolsa vai trazer pelo menos 20% de ganho real. Mas tem de ter maturidade e aceitar a volatilidade, que é natural em investimentos dessa natureza."

 

Os fundos multimercado, que reúnem ativos como títulos públicos e renda variável , também são uma opção interessante, mesmo para pequenos investidores. "Já existem opções no mercado para investimentos a partir de R$ 5 mil", diz Crivelaro. No entanto, o investidor deve ficar atento à taxa de administração. "O ideal é não ultrapassar 1,5%. Acima disso, começa a corroer os ganhos."

 

Aumentam as dívidas acima de R$ 5 mil

 

Em meio a turbulência da crise, 3,59 milhões de brasileiros se endividaram acima desse valor

 

Em meio à crise financeira, 3,59 milhões de brasileiros contraíram dívidas superiores a R$ 5 mil no sistema financeiro. O dado consta de levantamento do Banco Central que mostra o comportamento do endividamento das famílias no auge da crise, entre agosto de 2008 e agosto deste ano. Entre as operações que mais cresceram estão o crédito consignado e o financiamento imobiliário.

 

Dados do Sistema de Informações de Crédito (SCR) mostram que no fim de agosto, 20,83 milhões de pessoas mantinham empréstimo superior a R$ 5 mil nas instituições financeiras. O universo é 20,8% maior que o registrado 12 meses antes, em agosto de 2008.

 

Esse aumento do número de famílias endividadas aconteceu, na avaliação do governo, "de maneira saudável" porque foram privilegiados empréstimos para o consumo e aquisição de bens e imóveis, operações que geram reflexos positivos na atividade econômica

 

Não houve explosão nos empréstimos mais caros; última alternativa em caso de dificuldade financeira, como o cheque especial e cartão de crédito.

 

O governo entende que essas 3,5 milhões de famílias que contraíram dívidas para consumir foram, junto com as medidas de desoneração, algumas das peças das mais importantes no motor que permitiu ao Brasil reagir rapidamente à crise financeira.

 

Nesses 12 meses, o volume do crédito consignado cresceu 33,1% e somou R$ 99,6 bilhões em agosto. A operação já responde por 17% de toda a dívida das pessoas físicas. Outro segmento em destaque foi o imobiliário, que avançou 42,6% e atingiu R$ 76 bilhões.

 

Esses financiamentos para a compra de imóveis já correspondem a 12,5% de todo o endividamento das famílias.

 

"O governo flexibilizou as regras do consignado, despejou muito crédito imobiliário e a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil cresceram em ritmo forte. Parte importante desse movimento foi efeito da política deliberada do governo de facilitar o crédito", diz o professor de finanças do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), antigo Ibmec, Ricardo José de Almeida.

 

Para o professor do Insper, a reação da economia mostra que o plano foi bem sucedido, com manutenção das vendas no varejo e reação rápida na construção civil.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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