País pode crescer 6,5% em 2010 com mais investimentos, diz Mantega

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, estima que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) pode chegar a 6,5% em 2010, mas, para impulsionar esse movimento, o país depende do seu mercado interno e de mais investimentos. Ontem, Mantega participou do 4º Encontro Nacional da Indústria e garantiu à plateia que o governo vai continuar apresentando medidas para aumentar a competitividade dos produtos nacionais. "Sabemos que o câmbio é fundamental. A indústria será protagonista do crescimento e não seremos atacados pela doença holandesa", sustentou.

 

O ministro foi aplaudido pelos empresários ao citar estudo do banco americano Goldman Sachs que apontou R$ 2,60 como a taxa de câmbio de equilíbrio para o Brasil. "Com um câmbio a R$ 2,60, nós venceríamos a todos, venceríamos os chineses e a indústria coreana", comentou. Ontem, a cotação da moeda americana ficou em R$ 1,71.

 

Pouco antes de Mantega falar, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), pediu medidas "extraordinárias" para conter a valorização do real que vem prejudicando as exportações e aumentando o custo relativo de produção no Brasil. "Não aceitaremos uma posição que não seja ativa e em nome do interesse nacional. Não podemos desmontar a indústria", disse Monteiro.

 

O ministro da Fazenda, pouco depois, afirmou que a redução dos custos financeiros e tributários para os investidores é fundamental para viabilizar o novo ciclo de crescimento. Segundo ele, o governo já vem fazendo isso e as desonerações alcançarão cerca de R$ 100 bilhões no período 2005-2009. Apenas neste ano, serão R$ 25 bilhões a menos na arrecadação federal. "Precisamos atrair poupança externa e tomar cuidado com o câmbio. É inevitável alguma valorização, mas sem exageros", avaliou.

 

Monteiro explicou que considera extraordinárias medidas que defendam a competitividade brasileira nesse período em que os juros nos Estados Unidos são negativos e na China, a taxa de câmbio está atrelada ao dólar. Isso, segundo ele, vem provocando perda de mercados onde os produtos brasileiros tinham conseguido espaço com muito esforço. "Temos de atuar. Do mesmo modo que é condenável qualquer artificialismo, o nosso câmbio valorizado também é artificial porque decorre de decisões que não controlamos", disse.

 

O debate promovido ontem pela CNI também contou com a presença dos senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), Aloizio Mercadante (PT-SP), um dos vice-presidentes do Banco Mundial, Otaviano Canuto, o economista Samuel Pessoa (FGV-Rio) e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. Jereissati chamou a atenção para crescentes gastos correntes que vão dificultar muito os investimentos públicos no futuro, além do que será praticamente impossível manter a política de queda dos juros. Disse ainda estar preocupado com o futuro da política industrial que, na sua opinião, está exageradamente condicionado à exploração do pré-sal.

 

Pessoa disse que um novo ciclo de crescimento de 5% do PIB é insustentável se o aumento do investimento não for acompanhado da elevação da poupança interna.
 


Veículo: Valor Econômico


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