JBS, Marfrig, Bertin e Sadia podem exportar para o Chile

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Os frigoríficos exportadores têm expectativa de que o mercado chileno reabra suas portas para a carne bovina brasileira ainda no primeiro trimestre de 2009.

 

A estimativa é de que aquele país, que desde 2005 só importa o produto do Rio Grande do Sul, absorva entre 50 mil e 100 mil toneladas de carne no ano que vem. A previsão de volume mais otimista equivaleria à receita adicional de US$ 365 milhões às exportações, levando em conta o preço médio da tonelada de carne no mercado internacional entre janeiro e novembro de 2008. Segundo informações de Gabriela Tonini, analista da Scot Consultoria, o preço médio da tonelada foi de US$ 3,65 mil no período indicado.

 

Os exportadores apostam que a retomada de negócios ocorra a partir do mês de março. Duas equipes de veterinários do Serviço Agrícola e Pecuário chileno (SAG, na sigla em espanhol) estiveram no Brasil visitando 18 plantas em São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais. Após a visita, as equipes apresentarão seus relatórios ao governo chileno. Segundo Roberto Gianetti da Fonseca, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), o setor privado no Chile está ansioso pela retomada do comércio de carne com os brasileiros. "Os representantes [importadores que já eram clientes do Brasil] se mantiveram no Chile. Assim que o governo chileno conceder a autorização, retomamos imediatamente as exportações", comentou o dirigente. "Há forte pressão política para que o Chile resolva o assunto", disse, ainda.

 

Unidades visitadas

 

Foram vistoriadas 18 unidades de abate. Entre elas, três plantas da JBS-Friboi, em Andradina (SP), Barra do Garças (MT) e Goiânia (GO); três unidades do Marfrig, em Promissão (SP), Tangará da Serra (MT) e Mineiros (GO). Do Grupo Bertin foram vistoriadas três unidades, em Lins (SP), Ituiutaba (MG) e Mozalândia (GO); duas do Independência, em Senador Canedo (GO) e Janaúba (MG); Sadia, em Várzea Grande (MT); Frialto, em Matupá (MT); Frisa e Mataboi, em Nanuque e Araguari (MG); uma do Arantes, em Pontes e Lacerda (MT); além de outras duas plantas do Minerva, em Palmas de Goiás (GO) e Barretos (SP).

 

Agora, os brasileiros aguardam a verificação dos pareceres técnicos e conseqüentes reabilitações para exportar.

 

Potencial

 

O Chile é um mercado significativo. Segundo consultores, é o melhor da América do Sul porque compra todos os tipos de cortes e paga bem pelo produto. O país importa vários tipos de cortes, mas é um bom comprador de dianteiro.

 

Segundo dados da Abiec, em 2005, o Brasil exportou 66,5 mil toneladas de carne in natura aos chilenos e a receita chegou a US$ 139,9 milhões. No ano seguinte, quando só os gaúchos exportaram, a receita despencou para US$ 18,6 milhões, com embarque de 5,3 mil toneladas. Até setembro deste ano, as exportações de carne in natura aos chilenos chegaram a 2,5 mil toneladas, o equivalente a uma receita de US$ 12,1 milhões. Anualmente, o país consome 140 mil toneladas e não tem produção para alcançar a demanda interna. Os principais fornecedores hoje são o Paraguai, Uruguai, Argentina e Austrália.

 

O Chile praticamente deixou de importar carne bovina brasileira a partir de 2005, quando houve foco de aftosa no Centro-Oeste do País.

 

Somadas as expectativas de fortalecer presença na Ásia e no Oriente Médio, além de recuperar grande parte do mercado europeu à reabertura do Chile, os exportadores acreditam que no próximo ano as vendas possam, pelo menos, repetir o resultado com exportações deste ano, projetado entre US$ 5,3 bilhões e US$ 5,4 bilhões. Esses destinos serão alternativas para as esperadas perdas no mercado russo.

 

Os frigoríficos estão preocupados com a situação de falta de crédito na Rússia e, por conta das incertezas em relação a esse mercado, alteraram sua expectativa de exportações para 2009. A estimativa anterior era de alcançar US$ 6,5 bilhões em vendas externas no ano que vem. "Conseguiremos no próximo ano pelo menos manter o volume e o valor obtidos em 2008. Revisamos a estimativa anterior porque a crise está mais danosa do que prevíamos inicialmente", disse Gianetti.

 

A expectativa em relação à União Européia é de conseguir ampliar as exportações para até 200 mil toneladas em in natura, frente a 33,6 mil toneladas importadas do Brasil por eles este ano, até novembro.

 

Entre janeiro e novembro, o setor exportou US$ 5 bilhões e 1,29 milhão de toneladas, 22% mais e 14% menos, respectivamente, do que em 2007.

 

O Chile deve abrir seu mercado para a carne bovina brasileira no primeiro trimestre de 2009. Entre as empresas que podem voltar a fazer embarques estão a Sadia e o JBS-Friboi.

 

Veículo: DCI


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