Maior cervejaria do mundo, ABInbev nasce com dívida de US$ 65 bilhões

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A ABInBev, resultado da compra da Anheuser-Busch pela InBev, se tornou ontem a maior cervejaria do mundo, com o fechamento do negócio acordado em julho. A empresa, entretanto, já surge com uma dívida de US$ 65 bilhões. 

 

Na tarde de ontem, a InBev, já assinando como ABInBev (sigla resultante da fusão dos nomes Anheuser-Busch e InBev), anunciou que havia sacado US$ 54,8 bilhões para pagar à família Busch pela aquisição da fabricante da Budweiser. O acordo fixou o valor de US$ 52 bilhões pela empresa (ou US$ 70 por ação). A diferença de US$ 2,8 bilhões se refere a tarifas bancárias e a US$ 1,3 bilhão proveniente da dívida da Anheuser-Busch que a InBev está adiantando o pagamento agora. 

 

Pelo negócio, a ABInBev assume não só a dívida com os bancos envolvidos no negócio, mas também os débitos restantes da companhia americana, que somam US$ 6,9 bilhões (já descontado o adiantamento de US$ 1,3 bilhão). Os bancos que participam da operação são: Banco Santander, Bank of Tokyo-Mitsubishi, Barclays Capital, BNP Paribas, Deutsche Bank, Fortis, ING Bank, JP Morgan, Mizuho Corporate Bank, Royal Bank of Scotland, Bank of America, BayernLB/Banque LBLux, Dresdner Bank, Intesa Sanpaolo, KBC Bank, Rabobank International, Scotia Capital, Société Générale e The Toronto-Dominion Bank. 

 

Os US$ 65 bilhões são o resultado do financiamento, dessa nova dívida e também dos US$ 3,3 bilhões em débitos que a InBev já carregava. 

 

Agora, o principal plano dos novos controladores da Anheuser-Busch é reduzir o endividamento da cervejaria resultante da fusão com a Inbev. "O foco é desalavancar", disse um dos controladores da cervejaria ao Valor. 

 

A dívida, segundo analistas da consultoria BernsteinResearch e a própria InBev, deverá ser paga em até cinco anos. A primeira parcela a vencer é o empréstimo ponte de US$ 9,8 bilhões, com prazo para pagamento de seis meses contando desde ontem. Para essa parcela, a InBev pretende emitir ações e vender ativos que considera "não fundamentais para sua atividade", como parques de diversões e fábricas de embalagens. "O mercado acredita que eles terão esse dinheiro dentro do prazo. Mas há quem duvide disso, já que a restrição de crédito mundial pode fazer diminuir o interesse de possíveis compradores para esses ativos", diz um analista do setor. 

 

Carlos Brito, presidente da InBev e que agora também será o número 1 da nova cervejaria, rejeita essa idéia. "Para pagar esses US$ 7 bilhões, precisaremos vender somente dois ou três desses negócios que não têm a ver com nosso ramo de atuação", disse ele em um vídeo divulgado ontem. "Já temos pessoas interessadas nesses negócios, apesar da atual onda de restrição de crédito", afirmou. 

 

Para sorte da ABInBev, outras parcelas do financiamento (confira tabela) têm um fator a favor da companhia: variação da taxa de juros Libor pré-fixadas em 3,875% ao ano. Isso garante segurança à boa parte da dívida, já que mesmo em casos extremos, a Libor variaria no máximo 10% para baixo ou para cima. 

 

Mas nada será fácil: um acordo com os bancos deve fazer a ABInBev controlar mais do que nunca suas contas na ponta do lápis. Isso porque a cada seis meses a empresa passará por uma espécie de sabatina com agências de ratings. Nessas ocasiões, as instituições deverão avaliar como está a relação dívida líquida da cervejaria em relação ao seu lajida (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização). 

 

No primeiro desses encontros, marcado para 30 de junho de 2009, a meta é que a dívida da companhia não ultrapasse 5,2 vezes o lajida. "Atualmente, calculamos que essa relação esteja em torno de 6 vezes. O pagamento do empréstimo-ponte deve facilitar o cumprimento desta primeira meta", diz um consultor da Bernstein. O acordo com os bancos, segundo divulgou a própria ABInBev, prevê que essa relação baixe para 3,5 vezes ao longo da maturidade da dívida e a 2 vezes no final dos cinco anos. Se essas metas não forem alcançadas, as instituições financeiras têm por direito exigir o pagamento de uma só vez de tudo o que a empresa deve, o que é conhecido no mercado como "deal break". "Nesse caso, a companhia quebraria", afirmou o especialista. Para evitar a situação extrema, a nova empresa vai seguir a cartilha de seu presidente, Carlos Brito: cortes de custos e rígida disciplina financeira. "Esses valores devem ser melhor assimilados pelos empregados americanos do que aconteceu nas operações européias", disse um acionista da InBev que preferiu não se identificar. 

 

VeículO: Valor Econômico


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