Dados Gerais

Logo Ranking ABRAS 2021

Varejo de autosserviço avança com apoio da conjuntura econômica

Cenário macroeconômico favorece avanço do setor supermercadista em 2024. Faturamento das empresas mais que dobrou em uma década

A conjuntura macroeconômica de 2024 voltou a favorecer o desempenho do varejo alimentar brasileiro. O consumo das famílias brasileiras avançou 4,8% no acumulado do ano, conforme dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do melhor resultado desde 2011, quando o crescimento também havia registrado expansão de mesma magnitude.

Esse aumento foi estimulado por uma combinação de fatores, com destaque para a melhora consistente do mercado de trabalho. A taxa de desemprego encerrou o ano em 6,2%, com média anual de 6,6% — o menor patamar da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012. Ao lado disso, o rendimento médio real habitual dos trabalhadores atingiu R$ 3.255,00, reforçando o poder de compra das famílias. A massa de rendimentos reais — que representa a soma dos salários pagos à população ocupada — teve expansão de 7,7% no ano, superando R$ 330 bilhões.

Esse cenário de recuperação do emprego e da renda foi complementado por estímulos oriundos dos programas de transferência de renda promovidos pelo governo federal — a exemplo do Bolsa Família, do Auxílio Gás e do Pé-de-Meia. Paralelamente, cerca de 8,7 milhões de brasileiros deixaram a condição de pobreza e passaram a integrar o mercado consumidor, segundo estimativas oficiais. O contingente é equivalente à população do Estado do Ceará, que somava 8,8 milhões de habitantes no último Censo Demográfico (2022).

Esses fatores tornaram-se ainda mais relevantes diante de uma inflação mais persistente — especialmente no grupo de alimentos e bebidas, que encerrou o ano em alta acumulada de 7,69%. A melhora das condições econômicas garantiu a manutenção da capacidade de consumo das famílias, elemento central para o bom desempenho do setor.

Esse conjunto de variáveis macroeconômicas teve efeito direto sobre o desempenho do setor supermercadista. De acordo com a 48ª edição do Ranking ABRAS, o consumo anual das famílias no varejo alimentar de autosserviços cresceu 6,5% em 2024 em relação ao ano anterior, elevando o faturamento bruto do setor para R$ 1,067 trilhão.

Em perspectiva histórica, o setor apresentou evolução expressiva. Em 2014, o faturamento registrado foi de R$ 295 bilhões. Já em 2024, apenas as empresas respondentes da pesquisa ABRAS movimentaram R$ 662,2 bilhões — mais que o dobro do montante registrado uma década antes. Esse crescimento reflete não apenas o avanço do consumo, mas também os ganhos de escala, de eficiência operacional e de expansão territorial do setor.

Como consequência, a participação do varejo de autosserviços no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro também aumentou. Pode-se dizer que, a cada R$ 100 gerados na economia nacional, aproximadamente R$ 9,12 tiveram origem no varejo alimentar de autosserviços. Em 2024, o setor respondeu por 9,12% do PIB, o que representa um avanço de 0,10 ponto percentual em relação aos 9,02% registrados em 2023 — uma variação relativa de aproximadamente 1,1%. Esse resultado indica que, embora a economia como um todo tenha crescido, o setor supermercadista avançou em ritmo superior. Para fins de contextualização, o PIB nacional teve expansão de 3,4% no ano, com crescimento de 3,3% da indústria, 3,7% dos serviços e a retração de 3,2% na agropecuária.

O impacto positivo não se limitou ao faturamento. Em termos de geração de emprego, o varejo de autosserviços manteve papel fundamental, sobretudo na formalização da mão de obra e no desenvolvimento regional. Atualmente, são mais de 9 milhões de empregos, distribuídos por cerca de 424 mil lojas em operação nos 26 estados e no Distrito Federal.

Segundo o vice-presidente de Relações Institucionais e Administrativo da ABRAS, Marcio Milan, os dados reforçam a relevância do setor na estrutura econômica do País. “Se voltarmos dez anos no tempo, veremos que o setor enfrentava uma fase de desaceleração do consumo, influenciada por fatores macroeconômicos e políticos. As empresas mantiveram seus investimentos, atravessaram períodos desafiadores e, agora, consolidam uma trajetória de crescimento mais robusta. O avanço de 6,5% em 2024 contrasta com o ritmo modesto de 1,8% registrado em 2014.”

Os dados apresentados têm como base as 1.017 empresas que responderam ao levantamento da ABRAS neste ano, além das companhias analisadas no estudo da NielsenIQ sobre a Estrutura do Varejo de Autosserviços e aquelas mapeadas pelo Sebrae no segmento do Simples Nacional.

R$ 1.067 trilhão de faturamento em 2024

9,12% do PIB

9 milhões de colaboradores diretos e indiretos

424.120 de lojas em todo o País

30 milhões de consumidores por dia passam pelas lojas do setor

Confira aqui a pesquisa na íntegra