Pão de Açúcar se prepara para virar tele

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Rede de supermercados aguarda regulamentação para montar serviço de telefonia celular para seus clientes

 

Aprovação desse tipo de negócio pela Anatel atrai outros lojistas, religiosos, times de futebol e até operadoras de telefonia fixa

 

O Pão de Açúcar, maior rede de supermercados do país, está se preparando para se tornar uma operadora de telefonia móvel. O projeto, que está sendo finalizado, só depende da regulamentação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para sair do papel.

 

Consultado, o Pão de Açúcar confirmou o interesse no negócio. Em nota, o grupo informa que, "no momento certo e condições adequadas, poderá iniciar o projeto".
A Folha apurou que a ideia da rede é atrair, em uma primeira fase, os clientes de seu cartão Mais a utilizarem seus serviços de telefonia. Depois, haverá um esforço na adesão de outros clientes. Atualmente, o grupo possui cerca de 680 mil clientes cadastrados pelo cartão Mais.

 

Para atingir seu objetivo, o Pão de Açúcar terá atrativos. Um deles será transformar em créditos parte do valor das compras realizadas por esses clientes nas suas lojas ou no site. Os créditos poderão ser usados em chamadas telefônicas.
A Folha apurou que o Carrefour está interessado e procurou fornecedores para avaliar o que pode ser feito no Brasil. No exterior, o grupo francês já atua como operadora móvel, oferecendo serviços parecidos com aqueles que o Pão de Açúcar pretende disponibilizar.

 

Recentemente, a Effortel, empresa contratada pelo Carrefour na Europa, divulgou que estaria implantando o modelo para o grupo no Brasil. A informação não foi confirmada pelo Carrefour no Brasil.

 

Outras redes varejistas, comunidades religiosas e até times de futebol também estão analisando esse negócio. A comunidade carismática Canção Nova já fechou uma parceria com a Claro para a venda de chips customizados.
"É o primeiro passo", diz João Paulo Kruschewsky, diretor administrativo do CNChama, um canal que conecta fiéis via celular. "Podemos informar horários de cultos só disparando um torpedo." Já foram vendidos cerca de 20 mil chips, de um total de 100 mil. "Chegaremos a 500 mil até 2010." Após a regulamentação, o CNChama pretende se tornar uma operadora de celular.

 

No mundo, esse negócio tomou só 3% dos clientes das operadoras tradicionais de celular. Embora elas tenham perdido assinantes, acabaram ganhando receita porque, para funcionarem como teles, os interessados no serviço foram obrigados, pelas autoridades de seus países, a alugar a infraestrutura das operadoras tradicionais. Como não possuem rede própria, esses empreendedores foram batizados de "operadores virtuais".

 

Perto da aprovação

 

No Brasil, não será diferente. O conselho diretor da Anatel já está com o texto final do regulamento das operadoras virtuais e deverá aprová-lo ainda neste ano para consulta pública.

 

Bruno Ramos, gerente de Regulamentação de Serviços Móveis da Anatel, afirma que serão oferecidas duas possibilidades de atuação. A primeira exigirá que o candidato a operador virtual obtenha uma permissão da Anatel estando já "atrelado" a uma operadora móvel tradicional, de quem alugará a rede.

 

Outra possibilidade será transformar o candidato a operador virtual em uma tele tradicional. Para isso, o interessado terá de obter um termo de autorização da agência, o mesmo exigido das teles móveis tradicionais. Contudo, não precisará investir em uma rede de telefonia própria. Também poderá alugá-la. Mas, nesse caso, a tele virtual passa a ter direito a números de telefone e responde direto à Anatel.

 

Fixas querem ser móveis

 

Essa oportunidade abre perspectivas até para as operadoras fixas. Pelas regras do setor, atualmente elas não podem vender serviços de celular. Com a regulamentação das operadoras virtuais, essa fronteira estará quebrada e as fixas alugarão rede das móveis para vender telefonia celular.

 

A GVT anunciou interesse. O presidente da CTBC, Divino Sebastião de Souza, confirmou que também será um operador virtual. Hoje a operadora vende telefonia fixa e banda larga no interior de São Paulo, no sul de Minas e em alguns municípios de Goiás e de Mato Grosso do Sul. "Queremos oferecer um pacote integrado, com telefonia fixa, banda larga e celular. Isso só será possível como operadora virtual", diz Souza.

 

Com essa possibilidade, a CTBC considera ainda que poderá atuar em cidades onde a Oi, sua concorrente, não teria interesse comercial.
"Araguari está a 30 km de Uberlândia [MG]. Pode ser que, para a Oi, o custo de operação lá seja alto. Minha rede chega muito perto do local. Eu poderia atendê-la como uma operadora virtual," diz Souza.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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