Varejo começa a sentir efeitos da maior competição nos cartões

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O mercado de cartões de crédito começa a sentir os efeitos das medidas para ampliar a competição, implementadas há dois meses. As taxas cobradas dos lojistas pelas credenciadoras já caíram cerca de 0,7 ponto percentual e novos competidores, como o Barisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul), resolveram entrar nesse mercado, o que deve acirrar a concorrência - o Santander já está atuando no setor, com a GetNet.

 

Dados preliminares da CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas) indicam que a taxa média cobrada dos lojistas por transação com cartões de crédito caiu da casa dos 3,2% para 2,5%. A queda ocorre por conta das negociações entre as credenciadoras e os comerciantes, sobretudo os de médio e menor porte, segundo o diretor da CNDL, Roberto Alfeo.

 

Desde o dia 1º de julho, os terminais da Cielo, que antes eram exclusivos da Visa, leem cartões da Mastercard e American Express. Os da Redecard passaram a capturar transações para a Visa. Mas, até agora, os comerciantes têm preferido ficar com os dois terminais, das duas principais credenciadoras. Não há dados oficiais sobre essa movimentação.

 

Segundo o diretor da CNDL, muitos comerciantes, especialmente os de pequeno porte, não sabem que podem ficar só com um terminal. Os especialistas das empresas de cartões dizem que boa parte dos lojistas vai ficar com os terminais das duas credenciadoras por conta de eventuais problemas tecnológicos. Assim, se a rede de uma cair, como ocorreu no Dia das Mães, por exemplo, as transações migram para a outra rede.

 

Há comerciantes que preferem manter as duas máquinas por conta da aceitação dos cartões. A Cielo ainda não aceita todos os vales-refeição e alimentação. Só começou a aceitar os cartões da Ticket, por exemplo, no mês passado - e ainda não aceita outros vales de benefícios, como o VR. A Redecard não aceita o Visa Vale ainda.

 

Mas os lojistas estão sentido maior competição entre as duas credenciadoras. Tanto a Cielo como a Redecard, que dominam 90% do mercado, têm feito ações para tentar mantê-los em sua rede de clientes.

 

A Redecard, por exemplo, dá cupons que sorteiam prêmios ao proprietário do estabelecimento toda vez que um determinado volume de transações passar por seus terminais. Além disso, o preço do aluguel do POS (como chama o terminal que faz a leitura dos cartões) tende a cair. O Santander não tem cobrado esse valor, que varia de R$ 80 a R$ 200.

 

Disputa acirrada entre operadoras

 

Contrato da Caixa Econômica Federal anunciado no começo do mês mostra que as duas credenciadoras estão disputando transação por transação. O banco vinha desde o começo do ano com processo para selecionar credenciador e surpreendeu o mercado ao manter a Cielo e a Redecard.

 

No modelo anunciado, a Cielo tem 30% dos clientes da Caixa e a Redecard, o restante. "A parceria é uma chance de aumentarmos esse percentual", considera o presidente da Cielo, Rômulo Mello Dias.

 

Segundo ele, o fato de a empresa ter credenciado lojistas em quase todos os municípios é um dos pontos que podem contribuir para aumentar as operações com a Caixa, banco também presente em regiões remotas do País e com muitos clientes da baixa renda.

 

A expectativa dos analistas para os próximos anos é que a Cielo e a Redecard tenham queda nas receitas com transações, por causa da redução das tarifas. Os analistas Rafael Ferraz e Sergio Goldman, do Safra Banco de Investimento, preveem queda de 20% nas taxas cobradas dos lojistas até 2012 e queda de 35% nas receitas com o POS, por conta da redução do aluguel.

 


Veículo: Diário do Grande ABC


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