Cartão de rede ganha espaço no varejo

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Forma de ampliar vendas e maneira concreta de manter a fidelidade do cliente, os cartões próprios das lojas (private label) tornaram-se uma maneira de explorar a entrada das classes C, D e E na carteira de clientes das redes varejistas do País, tanto que o segmento já tem uma taxa de crescimento médio de 20% ao ano. A previsão é de que as transações com cartão de loja subam 67% nos próximos cinco anos. Por outro lado, a inclusão de cartões de crédito será ainda maior, com crescimento a uma taxa média de 115% no período, já que os private são a porta de entrada da migração desses consumidores, depois dos cartões de crédito.

 

Hoje no Brasil das pessoas de classe emergente 36% têm cartão de lojas varejistas, e 33% têm conta bancária. "Hoje as redes varejistas são responsáveis pela bancarização desta classe", enfatizou o superintendente-geral da Associação Brasileira das empresas de cartões de crédito e serviços (Abecs), José Alípio dos Santos. Segundo o porta-voz da entidade, os consumidores adotam o cartão de uma rede varejista antes de abrirem uma conta bancária, o que acaba por fazer do varejo um canal para as instituições financeiras com quem fecham parcerias, como no caso o Grupo Pão de Açúcar (GPA) com os bancos Bradesco e Itaú nos últimos anos.

 

O crescimento da confecção de cartões próprios de lojas como Extra, Sendas, Carrefour e outros também tem modificado no varejo um cenário que foi perpetuado por anos: o da emissão de carnês. Segundo o economista da Abecs Juan Ferrés, daqui a três anos o carnê não deverá mais ser utilizado como forma de pagamento nas principais capitais do País. Regiões como o norte, o nordeste e o centro-oeste, porém, devem seguir essa tendência dentro de cinco anos.

 

No sul e no sudeste, o mercado já vê uma adaptação maior das vendas com menos carnês. Na Casas Bahia essa é uma realidade, tanto que a rede passou de 80% das vendas por meio de carnê para 20% nos últimos cinco anos. Houve, assim, redução de custos com papéis e com burocracia nas compras, além da facilidade de recebimento, pois os juros dos cartões costumam ser no varejo cobrados a taxas maiores e a inadimplência acaba sendo menor, segundo especialistas do setor.

 

Emissões

 

No mercado tem aumentado o número de emissões de private label. No caso do Carrefour, no Brasil, a empresa contratou a companhia americana Tsys, que fatura anualmente US$ 1,7 bilhão e já foi responsável por processar 720 milhões de cartões para 370 clientes, em 85 países. A empresa concluiu este semestre seu projeto de converter toda a base de private label dos cartões para cartões próprios bandeirados chamados de privates label híbridos.

 

Consolidação

 

No Grupo Pão de Açúcar, depois da união das redes, a Casas Bahia e o Ponto Frio hoje contabilizam cerca de 9,2 milhões de clientes ativos na base de cartões private label. Isso responde por um crédito de R$ 16 bilhões. De acordo com o presidente da Nova Casas Bahia, Raphael Klein, isso faz parte do novo conceito jovem da que a marca quer ter perante o mercado e acompanhar o ritmo do mesmo é fundamental. "Em 2011 enfocaremos em pouca expansão para conseguir rearranjar tudo o que diz respeito as lojas e aos clientes", diz o neto do senhor Samuel Klein, o fundador da rede.

 

No Ponto Frio, que faz parte do Grupo Pão de Açúcar, a modalidade ainda representa hoje menos de 2% dos pagamentos, enquanto o cartão de crédito é responsável por aproximadamente 73%. A empresa destaca que está havendo um reposicionamento da marca, com o qual espera-se que as operações que incluem carnê se aproximem de zero.

 

Vestuário

 

Nas lojas varejistas de vestuário, a Marisa, por exemplo, oferece o private label gratuito, sem cobrança de anuidade, e dá até 30 dias para o pagamento da primeira parcela. No total, a companhia encerrou o ano de 2009 com aproximadamente 13 milhões de cartões emitidos. A rede Lojas Renner, por exemplo, 100% de cujas ações são negociadas em bolsa, o resultado de serviços financeiros foi de R$ 31,5 milhões no segundo trimestre deste ano, incremento de 85,5% em relação a igual período do ano passado.

 

O superintendente da Abecs afirmou que esse crescimento dos cartões próprios vem desde 2005. "Lojas como Riachuelo já possuem oito milhões de cartões; a Renner tem cerca de quatro milhões de private espalhados pelo Brasil", disse.

 

Segundo o sócio da GS&MD Gouvêa de Souza, Luiz Góes, empresas listadas na Bolsa de Valores chegam a ter 30% de sua receita bruta ligados a produtos financeiros oferecidos ao consumidor final. "Os private label hoje se destacam na receita das empresas varejistas listadas na bolsa de valores", explicou o consultor.

 


O varejo está promovendo a fidelização de clientes desbancarizados cada vez mais por meio de cartões próprios de loja (private label). Eles capturam os clientes mais recentes das classes C, D e E para sua carteira. O resultado é um crescimento médio de 20% ao ano, com previsão de que as transações com cartões próprios de lojas subam 67% nos próximos cinco anos. A inclusão de cartões de crédito deverá ser ainda maior, a uma taxa média de 115%.

 

A porta de "captação" são os private, mas a migração desses consumidores a cartões de "bandeira" é o passo seguinte. O balcão das lojas já "vende" mais cartões que bancos e financeiras. "Hoje as redes varejistas são responsáveis pela bancarização desta classe", enfatizou o superintendente-geral da Associação Brasileira das empresas de cartões de crédito e serviços (Abecs), José Alípio dos Santos. Ele destaca que hoje no Brasil 36% da classe emergente têm cartão de lojas varejistas, e 33% têm conta bancária - o que reforça parcerias de redes varejistas e bancos, como a do Grupo Pão de Açúcar (GPA) com o Bradesco e com o Itaú, nos últimos anos.

 

O crescimento da confecção de cartões próprios por lojas como Extra, Sendas, Carrefour, Riachuelo, e Marisa, entre outros, também tem modificado um cenário que preponderou por anos: o da emissão de carnês. Segundo o economista da Abecs, em três anos o carnê não deve ser mais utilizado nas principais capitais do País. No interior, porém, ainda será explorado por um tempo, pelas classes emergentes.

 

No sul e no sudeste o mercado já vê uma adaptação maior a vendas com menos carnês. Na Casas Bahia esta é uma realidade, tanto que a rede passou de 80% das vendas por meio de carnê para 20% nos últimos cinco anos.

 

Veículo: DCI


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