Bradesco lança ofensiva na disputa por lojistas

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Bancos começam a brigar para que os comerciantes centralizem na instituição o fluxo de recebíveis de cartões de crédito e débito; objetivo é fidelizar os clientes

 

As mudanças no mercado de cartões têm resultado no aumento de concorrência em todas as pontas da cadeia do mercado. Se por umlado as credenciadoras de estabelecimentos comerciais (Cielo e Redecard) brigam para que os lojistas centralizem suas vendas em suas máquinas, os bancos também brigam para que os comerciantes centralizem na instituição o fluxo de recebíveis de cartões de crédito e débito (chamado de domicílio bancário).

 

Com a proximidade da abertura efetiva domercado de cartões — em 1º de julho, quando terminou a exclusividade que existia entre Visa e Cielo —, os bancos começaram a  anunciar as vantagens que dariam para fidelizar os estabelecimentos. Mas não é que o Bradesco ficou em silêncio?

 

“Estávamos esperando para ver o que a concorrência iria fazer”, conta Marcelo Noronha, diretor-adjunto do banco. A instituição, porém, já tinha começado a montar sua estratégia há cerca de um ano, que é lançada comercialmente no final deste mês. Além do pacote de serviços financeiros e do domicílio bancário, o Bradesco queria oferecer um diferencial para convencer o lojista a concentrar todo o seu relacionamento bancário com ele.

 

Assim nasceu o Precompensa, uma plataforma de operacionalização e gestão de promoções para o lojista e, para o portador do cartão Bradesco, um programa de fidelidade instantâneo—emque os clientes ganham desconto, por exemplo, no momento da compra. “Os programas oferecem recompensa futuras, como o programa de milhagem, não no estabelecimento no ato da compra”, lembra Alexandre Rappaport, diretor financeiro da Bradesco Cartões. 

 

Sabe aquele cartãozinho que o restaurante que você freqüenta diariamente carimba para, ao final de dez refeições, você ganhar um almoço grátis? Essa plataforma tecnológica que o Bradesco oferece aos lojistas, desenvolvida pela Cielo, faz isso de forma automática, tendo como beneficiário os clientes que pagarem com o cartão Bradesco. “Com isso, levamos a nossa base de clientes de cartão, que hoje é composta por 85 milhões de cartões ativos, para o estabelecimento parceiro”, diz Noronha. “É uma relação de ganha-ganha.”

 

Segundo Noronha, como o banco tem os dados e o perfil de consumo de seus clientes, é possível fazer para os lojistas uma segmentação por renda, região geográfica, perfil de consumo, tipo do cartão e outras variáveis para fazer promoções e acompanhar os seus resultados. E como o desconto pode ser dado de imediato ou na segunda compra — o que estimula o cliente a fazer mais uma visita à loja —, as possibilidades são diversas. “É possível fazer 300 mil campanhas simultâneas”, diz Noronha.

 

Público-alvo

O programa foi pensado para pequenos emédios lojistas,mas o banco foi surpreendido pelo interesse de grandes redes de varejo. Sem citar nomes, Noronha conta que estão rodando um piloto em uma rede de lojas com cerca de 300 franquias pelo Brasil. O primeiro a usar o sistema, inclusive, foi a rede de cinemas Cinemark. O cliente que pagar a entrada e a pipoca com o cartão do banco ganha 50% de desconto. A comunicação sobre as promoções para o portador do cartão será feita por meio da fatura, mala direta, internet banking ou SMS (Short Message Service).

 

Polarização

O serviço estará disponível para os lojistas que tiverem conta e domicílio bancário na instituição financeira e que sejam filiados à Cielo. “Não cobramos nada por isso. É para ganharmos market share [participação de mercado]”, explica Noronha.

Tudo isso para centralizar o relacionamento do estabelecimento com o Bradesco e com a credenciadora em que o banco tem participação — o Bradesco divide o controle  acionário da Cielo com o Banco do Brasil. Na outra ponta, fica o isolado Itaú Unibanco, que tem o controle da Redecard.

 


Veículo: Brasil Econômico


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