Depois de décadas, videofone fica mais perto da realidade

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Desde que um engenheiro de nível intermediário da Apple esqueceu um protótipo do iPhone em um bar do Vale do Silício, em 18 de abril, o mundo da tecnologia vem sendo consumido pelo drama que se seguiu. A pessoa que vendeu o aparelho para o blog Gizmodo vai para a cadeia? A polícia agiu certo ao confiscar os computadores da casa do editor do blog? O que vem recebendo menos atenção é o pequeno ponto localizado logo acima da tela sensível ao toque do aparelho. Trata-se de uma câmera frontal, e é muito provável que ela esteja ali por um motivo: videochamadas telefônicas.

 

A Apple não quis fazer comentários sobre o assunto e não há como saber se o protótipo chegará ao mercado. Mesmo assim, o aparelho provocou agitação por causa das comunicações de vídeo móveis. "Com seu tamanho, participação de mercado e influência, a Apple poderá ajudar a levar as chamadas de vídeo ao grande mercado", diz Eric Kintz, gerente-geral da Logitech, fabricante de periféricos de computador.

 

Os sonhos do videofone existem desde que o detetive das histórias em quadrinhos Dick Tracy trocou seu rádio de pulso por uma TV de pulso, em 1964. Hoje em dia, a tecnologia é muito melhor. Esqueça as pequenas telas com qualidade de imagem borrada e a sincronização de voz típica dos filmes de Godzilla. Graças a processadores poderosos e telas luminosas, o smartphone vídeo pode ser tão bom quanto uma TV tradicional.

 

Muitos executivos do setor afirmam que as redes celulares de terceira geração (3G), hoje comuns no mundo, podem dar conta da tarefa. "Quando a rede não está sobrecarregada, vemos velocidades superiores à que a maioria de nós consegue com nossas linhas DSL (cabo telefônico) em casa", afirma Joel Brand, vice-presidente de gerenciamento de produtos da consultoria Bytemobile, especializada em telecomunicações. Ele acrescenta que embora muitos consumidores de redes 3G sofrerão com conexões ruins de vez em quando, a maioria das grandes cidades americanas terá sistemas 4G de alta capacidade até 2012.

 

Uma onda de novas tecnologias de videocomunicação é esperada até o Natal. O Skype pretende lançar uma versão de seu serviço on-line de bate-papo por vídeo para celulares. "Queremos estabelecer o padrão nas videochamadas móveis", diz Russ Shaw, gerente-geral da unidade de negócios móveis do Skype. Kintz, da Logitech, diz que sua companhia lançará uma versão em celular de seu serviço de videoconferências Vid até o fim do ano. "Não há dúvidas de que muitos de nossos clientes oferecerão capacidade móvel de vídeo no quarto trimestre", diz Joyce Kim, diretora de marketing da Global IP Solutions. A empresa produz tecnologias usadas pelo Google e o Yahoo, entre outros, para realização de chamadas telefônicas pela internet. Haverá também novos equipamentos para rodar serviços do Skype e outros fornecedores, incluindo smartphones, computadores tablet e aparelhos movidos pelo chip "Moorestown", da Intel, que será lançado em breve.

 

A mobilidade é parte de uma tendência maior voltada à videoconferência, seja ela em telefones, PCs ou televisores. A Cisco Systems começou a testar entre os consumidores comuns seus sistemas de telepresença usados por empresas. Trata-se de uma comunicação de videoconferência mais sofisticada, com som e imagem de alta qualidade e que dá aos usuários, mesmo em países diferentes, a impressão de que estão no mesmo ambiente. Marthin De Beer, vice-presidente da companhia, diz que o produto estará no mercado até o fim do ano. A Logitech diz que também lançará a videoconferência para o lar.

 

Um obstáculo à aceitação pelo consumidor das primeiras gerações de videofone foi o pensamento de ser pego de roupão de banho ou sem maquiagem por uma chamada fora de hora. (Executivos do setor também se preocupam em resolver o chamado "problema da narina". As pessoas tendem a afastar o telefone do rosto, o que posiciona a câmera de uma maneira que dá, a quem recebe a chamada, uma visão do nariz de quem a originou.) A atual geração, acostumada com o Twitter e o YouTube, tem menos problemas de privacidade.

 

Milhões de pessoas já realizam videochats em seus PCs e laptops. "Achamos que o vídeo móvel será adotado primeiro por adeptos de tecnologia, viajantes frequentes, profissionais e jovens engajados com a mídia social e acostumados a assistir vídeos na internet", afirma Shaw, do Skype. Pankaj Kedia, executivo do grupo de ultramobilidade da Intel, diz que a combinação entre os smartphones, as redes mais rápidas e a prontidão dos consumidores significa que a tecnologia está pronta para decolar. "A tempestade perfeita está aí", diz ele.

 

Depois, há o efeito Apple. Se o novo iPhone não é um videofone, é quase certo de que o será em algum momento. O mesmo vale para o iPad, cuja primeira versão não tem câmera. Não há dúvidas de que muitos vão classificar as videochamadas como um truque publicitário. "Não consigo nem fazer uma ligação telefônica em San Francisco", diz Brian Marshall, analista da serviços financeiros Broadpoint Amtech. Mesmo assim, a Apple tem o histórico de transformar os sonhos de ontem em peças de consumo obrigatórias. Frank Meehan, que comanda a INQ Mobile, fabricante de celulares apoiada pela operadora Hutchison Whampoa diz: "Se alguém pode fazer isso funcionar, é a Apple".

 

Veículo: Valor Econômico


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