Supermercados britânicos extinguem etiquetas de validade de FLV

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Com a entrada da Waitrose, praticamente toda rede varejista deixa para o cliente avaliar se o produto está bom ou não para o consumo

 

Está bom ou vencido? Mais um supermercado britânico decide acabar com as etiquetas que indicam até quando alimentos frescos devem ser “preferencialmente” consumidos.

 

A partir de setembro, o Waitrose deixará a critério da clientela avaliar se os produtos de uma lista de mais de 500 tipos de frutas e legumes estão em boas condições para serem levados à mesa.

 

A marca é uma das últimas entre os grandes que ainda não tinham dado esse passo. A medida tem por objetivo reduzir o desperdício e diminuir os preços dos produtos em um momento em que a inflação se mantêm no maior nível dos últimos 40 anos.

 

Isso não quer dizer que os consumidores vão ser obrigados a comer produtos velhos. Existem duas etiquetas distintas. A da data de validade propriamente dita, que está mantida por questão sanitária. Ela indica que um determinado produto não pode mais ser consumido depois daquela data, pois pode fazer mal à saúde.

 

Mas há também aquela que recomenda até quando o produto deve ser preferencialmente consumido. Não é de hoje que elas fazem confusão na cabeça do consumidor e, por isso, muita gente joga fora itens que poderiam perfeitamente ser consumidos, como frutas e legumes.

 

De acordo com a ONG Programa de Ação Dejetos & Recursos, WRAP, na sigla em inglês, 4,5 milhões de toneladas de alimentos que poderiam ser consumidos são jogados fora anualmente. A entidade afirma que o desperdício alimenta a mudança do clima e custa dinheiro ao consumidor.

 

Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), indicam que todos os anos um terço da produção alimentar é desperdiçada no mundo.

 

É aquela velha discussão que todo mundo já teve em casa um dia. Até quando comer um produto que está na geladeira? Se for uma fruta, legume ou iogurte, em princípio, todos são capazes de reconhecer pelo cheiro ou pelo gosto. Mas isso não causará doenças ou morte. Já há supermercados no Reino Unido que dizem que as pessoas devem cheirar o leite para saber se ainda está bom.

 

No início de 2019, houve uma grande polêmica sobre o tema no país. A ex-primeira-ministra Theresa May disse em público que retirava aquela camada de mofo que dá sobre as geleias de frutas e comia assim mesmo. Muita gente torceu o nariz. Todo mundo tinha uma opinião sobre o assunto. Muitos defenderam à época que ninguém morreu por ter comido geleia como a ex-premiê.

 

A INICIATIVA DO WAITROSE NÃO É A PRIMEIRA NO REINO UNIDO

 

O primeiro foi o Tesco, que, em 2018, retirou as etiquetas de “consumir preferencialmente até” de 100 produtos. O Marks & Spencer fez o mesmo mês passado com 300 tipos de frutas e legumes. O problema é que o movimento promete ser ainda mais amplo e, certamente, aos olhos de muitos, mais controverso.

 

A etiqueta “use by” ou o equivalente à data de validade segue valendo e serve para mostrar que determinado alimento não pode ser consumido depois da data marcada na embalagem. Tem que estar presente em produtos microbiologicamente perecíveis. Há itens que devem exibi-la de maneira inequívoca como, por exemplo carne, peixe, crustáceos ou queijo frescos. Mas cabe aos produtores decidir se e qual etiqueta pretendem usar.

 

Em janeiro deste ano, o supermercado Morrisons ousou e avisou que estava retirando a “data de validade” de 90% de suas marcas próprias de leite para estimular os consumidores a fazerem o que chamaram de teste do olfato. Assim, evitariam o desperdício do produto. Já o Co-Op disse que estava trocando as etiquetas de “validade” de seus iogurtes pelas de “consumir preferencialmente até”.

 

Tudo isso ainda pode causar muita polêmica. É preciso saber se esse movimento significa que os supermercados vão jogar menos itens fora e, por isso, oferecer descontos ao consumidor em tempos de inflação alta, a mais elevada em 40 anos. E mais: como garantir que, apesar dessa flexibilização, que pode ser até justa em muitos casos, o consumidor vai continuar consumindo alimentos seguros para a sua saúde? No Brasil, o uso da data de validade é ponto pacificado. Mas as expressões “consumir preferencialmente antes de”, ou “consumir antes de”, aos olhos do Código de Defesa do Consumidor não são claras, o que tem levado o Ministério Público a questionar o seu uso.

 

Fonte: RFI, FSP


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