Arteplas e Condor ampliam consumo de material reciclado

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A Arteplas, fabricante de cordas instalada em Itajaí (SC), vai transformar só neste ano 7 mil toneladas de garrafas plásticas PET, que embalam refrigerantes, para confeccionar seus produtos. O volume é 16,7% maior que o processado no ano passado, quando a empresa reciclou 6 mil toneladas de PET. O diretor administrativo da Arteplas, Marcos Vinícius Schatz, afirma que, até bem pouco tempo, o fato de a mercadoria ser reciclada gerava um impacto negativo no exterior. "Hoje, com a preservação ambiental em foco, principalmente na Europa, a situação está se revertendo e a empresa busca certificar as cordas com o Selo Verde com vistas a aumentar as exportações", diz.

 

A Arteplas fechará 2008 com investimentos de R$ 800 mil em máquinas para incremento de produção, atualização tecnológica e treinamento. Outro R$ 1 milhão está previsto para 2009 e para 2010, a previsão é de R$ 2 milhões. "Tudo isso pode ser considerado investimento em reciclagem, pois nossos produtos são fabricados 100% com PET", acrescenta Schatz.

 

Além das cordas, a Arteplas está desenvolvendo um fio técnico, utilizado por indústrias de mangueiras, móveis, tapetes, cintas, fitas etc., que é produzido também 100% a partir de PET reciclado. Além disso, há uma fibra chamada Fibrafix que pode ser adicionada ao concreto de pisos industriais e estradas, entre outras aplicações. Segundo Schatz, no Brasil existem 16 indústrias produzindo cordas a partir da reciclagem de PET e que o pólo cordoeiro do Brasil é em Itajaí, onde está mais de 40% da produção do País.

 

Outra empresa que vem aumentando a produção a partir da reciclagem de garrafas plásticas é a Condor, de São Bento do Sul (SC). A empresa aumentou as compras em 10% em 2008 em relação a 2007 e já utiliza 60 toneladas por mês de garrafas PET para a fabricação de cerdas de vassouras. A Condor compra PET moída e a utiliza em 70% das vassouras fabricadas. Somente as de cerdas de pêlo fino, para pisos lisos, não são feitas de material reciclado. Do total produzido, 14% são exportados. A maior parte vai para a América Latina e a empresa também vende para os EUA, Europa e Ásia.Há cerca de 20 anos no mercado a Fivebras, fabricante de embalagens especiais, bolsas, necessaires e fichários, entre outros produtos, também recicla PET para a produção de sacolas batizadas de Ecobags, informou o diretor da empresa Ricardo Zaguer. Segundo o executivo, a companhia buscou no PET uma alternativa para a limitação de outros materiais plásticos e a possibilidade de oferecer um material reciclável. A partir daí foi desenvolvido o fio e uma trama especial para o tecido que garantisse a resistência necessária.

 

O desenvolvimento durou aproximadamente 8 meses. "A empresa continua pesquisando para chegar a uma composição com outros produtos reciclados de forma a garantir um tecido mais grosso e avançar para outros produtos como mochilas, informou o executivo

 

O consumo de garrafas plásticas PET (polietileno tereftalato) como matéria-prima vem aumentando entre 18% e 20% ao ano. De acordo com levantamento da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), em 2007 foram recicladas 230 mil toneladas de embalagens de PET no Brasil, 18,6% a mais que em 2006. O responsável pela área de Relações com o Mercado da Abipet, Hermes Contesini, prevê crescimento similar em 2008. "Desde 1994 a expansão deste mercado fica em torno dos 20% ao ano, impulsionada pelo aumento da demanda da indústria", diz.

 

As garrafas são usadas para fabricação de material de limpeza (vassouras e escovas), tintas e vernizes, cordas, pelo setor têxtil e o desenvolvimento de novas aplicações é constante. Mais recentemente, a sucatas plásticas são utilizadas em adesivos e a resina de poliéster na laminação de fibra de vidro e na fabricação de piscinas. Segundo a Abipet, mais de 300 empresas no Brasil trabalham com a reciclagem do PET, desde a produção de flocos ou grãos a partir das garrafas e frascos, até a transformação.

 

A Arteplas foi fundada pelo empresário de Blumenau (SC) Mário Reis há 35 anos e sempre utilizou a reciclagem de plásticos. Hoje dispõe de um parque industrial de 46 mil metros quadrados, sendo 10 mil de área construída, de onde saem cordas, fibras e filamentos para os mercados brasileiro, latino-americano e europeu. Exporta 4% do faturamento que neste ano deverá atingir R$ 28 milhões, 15% mais do que em 2007.

 

Schatz diz que as cordas recicladas possuem 40% menos resistência do que as feitas com poliéster virgem. "Por isso, algumas aplicações de segurança não são atendidas por estes produtos." Em fevereiro deste ano, um grupo de empresários de São José dos Pinhais (PR) e de Curitiba adquiriu o controle acionário da empresa (75%), sendo que os 25% restantes ficaram com Mário Reis, que continua diretor presidente da Arteplas.

 

A Condor, que fatura R$ 210 milhões por mês, com a produção de vassouras, escovas de cabelo e de dentes, informa que "no caso das vassouras, a qualidade e a resistência é a mesma do material de primeira", diz o gerente de Engenharia, Ricardo Schwarz.

 

Contesini, da Abipet, conta que a reciclagem do PET começou no final da Segunda Guerra Mundial quando a fibra de poliéster já era transformada em fibra têxtil. "As garrafas foram produzidas na década de 70 e no Brasil só chegaram nos anos 90", diz. De acordo com Marcos Riboli, do Instituto Ecotece, na transformação do poliéster reciclado utiliza-se 30% da energia utilizada na produção da fibra virgem.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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