Crise prolongada no país já derruba os preços do setor de serviços

Leia em 2min 30s

Valores de passagens aéreas, hotéis e cabeleireiros, entre outros, foram limitados com recessão. Resposta de empresas à diminuição da demanda foi demorada devido ao peso dos salários, que só se reduziram quando o desemprego apertou
 
Ainda que de maneira perversa, a crise está, aos poucos, fazendo sua parte para controlar os preços na economia. Com o aumento do desemprego, a renda disponível para consumo está desabando e levando muitas famílias a reduzirem os gastos com serviços. Diante disso, o índice de difusão, que mede a disseminação da alta de preços, cravou em 49,3% em junho entre os itens de serviços. É o nível mais baixo em pelo menos quatro anos.
 
A inflação desse grupo de despesas registrou alta de 7% no acumulado em 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O resultado é o menor desde setembro de 2010. Diante desse cenário, o economista sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, prevê alta de 6% para este ano. Se confirmada, será a menor em quase uma década, contribuindo para que o IPCA fique em 7,1%.
 
Tal recuo na demanda do setor, que inclui cabeleireiro e refeições fora do lar, resulta em alívio sobre o custo de vida. Como os serviços respondem por 30% do IPCA, analistas acreditam que o arrefecimento desses preços contribuirá para amenizar o arrocho que se tem sentido no orçamento familiar.
 
É uma boa notícia que demorou para chegar, porque essas atividades estão entre os itens de consumo que não podem ser favorecidos, por exemplo, pelo comércio exterior. Quando o dólar cai, vários produtos da prateleira dos supermercados ficam mais baixos. A redução na demanda também ajuda, porque os empresários querem se livrar dos estoques. Mas, no caso de preços que se devem basicamente a salários, é difícil ocorrerem mudanças imediatas.
 
Cada vez menos intensa, a inflação de serviços tem se concentrado em poucos itens. Gastos com refeição, empregado doméstico e aluguel residencial respondem por 1,06 ponto percentual da inflação média em 12 meses, de 8,84%, o que significa 12% do custo de vida. Para Bentes, o recado é simples: não há mais fôlego para manter os serviços pressionados. “Se tem alguma certeza na economia é de que falta demanda”, avalia.
 
Que o diga a comerciante Patrícia Rodrigues, 52 anos. Acostumada com o conforto de ter uma empregada doméstica, teve que arregaçar as mangas e se tornar responsável pelas tarefas de casa. “Lavo, passo e cozinho. Não tem ninguém para ajudar mais”, conta.
 
Quando o orçamento da família ficou apertado, ela trocou a empregada de carteira assinada por diaristas. Com dificuldades, não conseguiu sustentar a situação por muito tempo e foi diminuindo a frequência dos serviços. De três vezes por semana, passou a não contar mais com os serviços. “Uma diária hoje é cerca de R$ 140. Se pago isso, fico sem dinheiro. A prioridade é alimentação e contas de casa”, explica.
 
Veículo: Correio Braziliense


Veja também

Obama sanciona lei sobre rotulagem de alimentos transgênicos

Novas normas permitem que informações sobre ingredientes modificados sejam dada nos rótulos ou em c...

Veja mais
Setor rural terá arranjos produtivos

A Emater-MG assinou na última semana um Acordo de Cooperação Técnica com o Sebrae Minas para...

Veja mais
Reforma da Previdência vai afetar mais quem tem até 50 anos

As mudanças mais drásticas na Previdência valerão para quem tiver até 50 anos, tanto n...

Veja mais
Setor público registra déficit de R$ 10,1 bi e atinge 0,79% do PIB

São Paulo - O setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 10,1 bilhões...

Veja mais
Comércio eletrônico cresce e reclamações também

Enquanto o varejo sofre com o impacto da crise econômica e vem colecionando números negativos, no meio virt...

Veja mais
Emprego sem carteira aumenta no ano e revela avanço da informalidade

Além da depreciação do capital humano, avanço no índice de desemprego também i...

Veja mais
Ricardo Eletro lança a campanha “selfie de preços”

Iniciativa faz faz parte do posicionamento “Tudo pelo Preço” que foi lançado em abril deste an...

Veja mais
Empresas multinacionais já veem crise brasileira mais perto do fim

Apple, Philip Morris, Coca-Cola e Shell são algumas das que apostam na melhora brasileira ou já notam sina...

Veja mais
Governo quer estímulo para exportações

Entre as medidas, novos acordos e seguro para pequenas e médias empresas Para tentar aproveitar o atual patamar ...

Veja mais