Design pode alavancar exportações do setor vidreiro

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                                 Apex-Brasil aposta em programa de desenvolvimento para reverter perdas da indústria vidreira após importantes mercados cortarem compras, devido a produtos e embalagens inadequados



São Paulo - Para alavancar as exportações da indústria vidreira, a Apex-Brasil apostou em um programa de desenvolvimento do design, uma vez que o setor estava perdendo importantes mercados internacionais em razão de produtos e embalagens inadequados, que não correspondiam aos desejos dos consumidores. Em parceria com a Associação Brasileira de Empresas de Design (Abedesign), a agência de promoção de exportações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior apoiou ao longo de um ano, com um investimento de R$ 100 mil, oito empresas do segmento.

Foram contempladas pelo programa Design Export Grandes Empresas as fabricantes Nadir Figueiredo, Wheaton Brasil, Invicta, Oxford Porcelanas, Luvidarte, Decorglass, Cristais São Marcos e Cristaleira Ruvolo. Segundo Christiano Braga, gerente de exportação da Apex, a decisão de contemplar primeiramente a indústria vidreira levou em conta o fato de 85% das empresas já participarem de outro programa de promoção internacional, o Glass Brasil, de iniciativa do Sindicato da Indústria de Vidros e Cristais Planos e Ocos no Estado de São Paulo (Sindividro).

As empresas participantes já eram grandes exportadoras e atingiam mais de cem países, com boa aceitação, conta a coordenadora de Competitividade da Apex, Adriana Rodrigues. Mas, para ganhar mercado de concorrentes como os asiáticos, era necessário entender que as demandas de consumo no mercado externo são diferentes, diz. "Os canais de venda são diferentes, os pontos de venda, os consumidores, por isso era preciso criar uma diferenciação do produto brasileiro em relação ao que existe no mercado internacional. Precisava ser mais bonito, sustentável e incluir atributos brasileiros", afirma. 

O presidente da Abedesign, André Poppovic, relata alguns efeitos positivos obtidos pelas empresas ao aliar a inovação como estratégia competitiva. Para ele, a criação de uma arquitetura de marcas direcionadas a públicos distintos ajudou a diversificar os produtos. As empresas também conquistaram redução efetiva de custos com a mudança completa da linha de embalagens, aponta. E a reformatação de caixas de embarque resultou na criação de material de promoção de ponto de venda.

A Oxford Porcelanas, por exemplo, aliou o design a questões sustentáveis nas suas embalagens baú - os caixotes de madeira em que são acondicionados os produtos. O baú foi projetado para não ser apenas uma embalagem, mas também ser reutilizado como um objeto decorativo para a casa, seguindo as tendências contemporâneas de mobiliário, mais atraente e sofisticado. "O projeto de embalagem é um dos elementos que ajudam nos pontos de venda, e ajuda a levar um pouco da imagem e qualidade dos produtos Oxford ao consumidor", diz a gerente de Marketing, Zaira Silva.

O gerente de exportação da Oxford, Sami Oumari, disse que ainda não é possível mensurar o impacto do programa na receita e no volume das vendas externas, pois o projeto foi concluído há pouco mais de um mês e o embarque de peças com o novo conceito só começará em setembro. No ano passado, a empresa produziu 45 mil peças e exportou 14% desse total. A expectativa agora é que esses números cresçam.

Custos em alta

A alta recente nas tarifas de gás natural e energia elétrica pressiona os custos e prejudica a competitividade do setor. "Somos grandes usuários de gás natural e energia elétrica, e ambos estão com preços exorbitantes. Mesmo que o dólar tenha recuperado valor, não conseguimos exportar", diz Lucien Belmonte, superintendente da Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro).

Foi para enfrentar dificuldades como o alto custo dos insumos, que já prejudicou o setor em outras épocas, que o Sindividro criou há mais de dez anos, em 2004, o projeto setorial Glass Brasil. O programa de promoção comercial da indústria brasileira de vidro no exterior vem fazendo diferença nos resultados das empresas associadas. No ano passado, segundo a Apex, elas exportaram US$ 38,6 milhões, um aumento de 5% em relação a 2013. Embora o percentual não seja tão expressivo, houve de fato um avanço, ao contrário do que ocorreu com o desempenho das não associadas, cuja receita de exportações ficou em US$ 10,7 milhões, uma queda de 21,6% em relação ao ano anterior.

Concorrência no mercado interno

Outro ponto preocupante para a indústria vidreira é a importação de produtos asiáticos, devido ao preço baixo praticado por esses concorrentes.

Para o setor, a resolução antidumping da Camex sobre objetos de vidro para serviço de mesa (pratos, copos e travessas, entre outros) exportados para o Brasil pela China, Indonésia e Argentina ainda não é fiscalizada como deveria. "Além da implantação, o acompanhamento também é importante. A importação de cerâmica e porcelana diminuiu, mas no caso do vidro não conseguimos estancar a importação em geral", diz o gerente de projetos do Sindividro, Aristides Silva.

De acordo com o MDIC, as importações da China de objetos de cerâmica e porcelana para serviço de mesa, jogos de jantar e artigos de uso doméstico e de higiene tiveram, de fato, uma redução brusca, de US$ 21,5 milhões em 2013 para apenas US$ 2,5 milhões no ano passado.



Veículo: Jornal DCI


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